“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

28
Jun 13

 

Às vezes, tenho pensamentos megalómanos, como o de ser capaz () e tudo, e esse tudo ser um todo audacioso mas provocante ao cubo.

Já tenho mais dois gatos que nasceram da gata e, provavelmente, do gato preto que anda pra aí a rondar de quando em vez.

São uma mistura de preto e cinzento. Dizemos sempre que já temos muitos, que é preciso isto e aquilo mas depois ah e tal mais dois, menos dois deixa-os lá ficar, é para juntar ao resto da comandita composta pelo Tripoli, pelo A4 e pelo 3D.

Ontem esteve um calor dos diabos, e como sou uma filha-da-puta bem mandada, a minha prima arrastou-me, depois do trabalho, para comprar um vestido pro casamento da não sei quantos.

O outro, se soubesse português, se soubesse disto aqui, haveria de dizer que sou uma mentirosa e que tinha razão em achar que daria uma exemplar submissa, já lhe atestei ser um gato, não há cá condescendências, com certeza que se não estivesse nesta espécie de exiguidade, lhe mostraria o alcance dessa expressão.

Mas, falava das trivialidades ao cubo que andei a gramar com o bando de aves migratórias, sem falar no voluntariado…

Confesso que continuo a surpreender-me com a capacidade espectacular de obediência estratégica, vassalagem e dissimulação que inculco nos meus olhinhos e sorrisinho treinados, cresci bem e saudável, dei uma bela e casadoira moça, tornei-me num ser humano exemplar, capaz de ir para a guerra e oferecer a outra face no mesmo dia, vá bate-me lá palmas Supremo e toma lá um ósculo.

Hoje estou irrequieta, não tive de levantar cedo mas acordei cedo na mesma, sonhei que a bolsa medieval que mandei fazer era cor-de-rosa e fiquei zangada, trivialidades não é?

Estou com o Devotional dos Depeche Mode lá ao fundo e não consigo escrever em condições, tenho de parar porque dou por mim a menear a cintura e a escancarar os olhos quando o impossível Dave dança, há lá homem mais poderoso do que o que sabe o que faz e quando faz?

É que, sabes como é... é mais raro que diamantes, encontrar um homem a sério que saiba dançar e não pareça amaricado ou circense…

Que seja gay, hétero, bi ou o caralho, não é disso que se trata, falo daquele que sabe glorificar a essência da masculinidade, assim como, há uns séculos, os cavaleiros o faziam de espada em riste e cabelos presos em fitas.

O que já não é tão difícil de encontrar no mulherio,uma moça que saiba dançar... mas poucas o fazem elevando aos píncaros a essência da feminilidade, fazem-no sim para ritual de acasalamento, esvaziado de sangue, suor e lágrimas, é corriqueiro e lembro-me sempre de putas de berma, de olhos vazios e que fazem borlas por um risco.

Lembro-me de um amigo me ter dito que ficou estacado, estacado do tipo voyeur, a contemplar, não sei se uma, se duas, asiáticas a prenderem o cabelo meticulosa e gracilmente, é disso que falo, da colisão dos extremos, o metal e a música clássica, a morte vestida de branco, deve ser por isso que a Dita me deslumbra, desde os seus filmes soft porno de espartilho, saltos que tocavam o céu, cabelo de azeviche a consumir e a ser consumida por outras mulheres mas sempre como se estivesse a fazer a bainha de um vestido, até ao seu mais recente espectáculo opium de franja imaculada.

Mas estávamos a falar do Dave Gahan, pois é, não há ninguém que dance como ele, principalmente na fase Songs of Faith and Devotion…

Ok, ok lá vem a minha preferência por cabelos compridos e barba, os acordes da Personal Jesus ecoam e todo ele se corresponde em meneios urgentes à música que vai soando, sensualidade que lhe nasce de todo o lado, é assombroso.

Quando era adolescente, não os conhecia muito bem, sabia quem eram claro: Can’t get Enough, Enjoy the Silence, ah e pois a Personal Jesus versão do meu Marilyn Manson.

Ainda hoje não sei de qual gosto mais, até porque aquele teledisco do Manson é qualquer coisa de perfeito, muito sim.

E, a bateria e tom blasé que o Manson confere aos vocais, tornam a canção deles mas sabes como é isto da rebeldia, as papilas gustativas vão procurando os mesmos sabores mas em embrulhos mais ruins de abrir e vão-se tomando caminhos pouco comuns para pessoas que se arrastam e comem pó por negros atalhos conhecidos, mais e mais e mais... há os que precisam de ser descobertos com outro nível de maturidade, há os de amor à primeira vista, há os one night stand, ou fodas de uma noite, os blind dates e os que se desenlaçam com graça, assim como a Dita faz ao espartilho em noite de inspiração dobrada.

 

publicado por Ligeia Noire às 15:45
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