I
E, ela parou e com os olhos cobertos de neve perguntou:
«O que é mais nos dói?»
E ele respondeu:
«As recordações»
E a neve derreteu...
II
À espera.
Acho que todos estes dias ela esperou e esperou e nada do que quis chegou.
À noite, por entre paredes brancas que não são dela, o sono não chegava.
O sono não a abençoava com o silêncio, o descanso, a quebra de realidade.
As horas foram passando e, finalmente, os olhos fecharam e ela adormeceu.
A madrugada imperava e algo a interrompeu.
Abriu os olhos e viu.
E num relance decidiu que não valia a pena mostrar de novo a espera.
E desta vez o sono foi condescendente, e adormeceu-a até a manhã cair de sol...
III
A cabeça doía, o corpo não queria levantar.
O espírito encolhia mas tinha de ser.
Ela tinha de enfrentar a vida e vestir-se de robustez e fingimento.
Os dias têm-se sucedido depressa e, apesar disso ser bom,também é doloroso porque crescer dói... e o passado derrete a neve.
O passado é algo que só se pode recordar.
Só se pode chorar e chorar.