“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

14
Jul 08

 

I


E, ela parou e com os olhos cobertos de neve perguntou:

«O que é mais nos dói?»

E ele respondeu:

«As recordações»

E a neve derreteu... 

 

 

II 

 

Ela continuava parada.

À espera.

Acho que todos estes dias ela esperou e esperou e nada do que quis chegou.

À noite, por entre paredes brancas que não são dela, o sono não chegava.

O sono não a abençoava com o silêncio, o descanso, a quebra de realidade.

As horas foram passando e, finalmente, os olhos fecharam e ela adormeceu.

A madrugada imperava e algo a interrompeu.

Abriu os olhos e viu.

E num relance decidiu que não valia a pena mostrar de novo a espera.

E desta vez o sono foi condescendente, e adormeceu-a até a manhã cair de sol...

 

 III


 A cabeça doía, o corpo não queria levantar.

O espírito encolhia mas tinha de ser.

Ela tinha de enfrentar a vida e vestir-se de robustez e fingimento.

Os dias têm-se sucedido depressa e, apesar disso ser bom,também é doloroso porque crescer dói... e o passado derrete a neve.

O passado é algo que só se pode recordar.

Só se pode chorar e chorar.

 

publicado por Ligeia Noire às 17:52
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