Já tenho o vestido e ele ama-me e elas já voltaram e o meu mês já aqui está e há céu azul e o sol vai espreitando pelo meio das videiras e tal como vamos à confissão, deveria existir uma saleta com uma figura de capuz para nos espancar sempre que disso necessitássemos.
Estou triste, não me apetece falar com ninguém, nem estar com ninguém, sinto-me inútil, danificada, destruidora, anulada e não prossigo porque me faz mal e porque é humilhante, repetitivo e foda-se.
É culpa, é insatisfação, mas de que raio preciso eu?
Tenho a sensação de que mesmo se tivesse isto e aquilo, esta merda haveria de voltar na mesma.
É Líam que toca e apetece-me chorar, já não sei o que fazer e dizer que me sinto revoltada por não sair desta merda de túnel, é um eufemismo.
Porra… é que isto, raios que ódio, sinto-me injustiçada porque é como se estivesse condenada ou uma merda do género, mesmo que tenha feito isto e aquilo, tenha isto ou aquilo, há sempre uma traça ali dentro, uma ratazana, um não sei quê, vindo não sei de onde.
Uma vez um amigo disse-me que eu necessitava disso, de cair, da melancolia, se o faço não é de propósito, se está tudo bem e sou eu que enegreço a paisagem, então não me culpes, culpa a outra de mim, a que viveu antes porque eu já não sei quem sou ou se há remédio para isto de que, aparentemente, sou feita.
E não, não vale a pena falar, só escrever para os mortos e para as almas vadias, não quero que venham com braços e mãos e sorrisos, só de formular a situação ainda mais me enterro e escondo e procuro adagas e arame farpado para manter tudo isso do outro lado da escarpa, odeio-me e quero morrer mas foda-se Supremo cala-te bem calado e ri-te apenas da minha invertebralidade e imperturbabilidade porque eu sou aqui há tanto tempo, eu sou aqui há tanto, tanto tempo, que abro sorrisos e vontades de ouvir e ajudar sempre que quero, mesmo que me sinta a mais reles das criaturas debaixo do sol, já agora que se foda o sol também, se ele não fosse tão novo já os meus problemas teriam acabado sem que eu movesse uma palha, sem que me pudessem culpar ou descobrir pela salvação.