Era agora um completo incêndio e, os olhos marejados de lágrimas, quase a faziam estatelar-se nos degraus.
Passavam de dez, as vezes que quase foi atropelada que quase caiu por estar demasiado destruída.
Demasiado suicida.
Aliás, seria difícil falar-lhe.
Mas nem tudo seria absolutamente horrível e penoso.
Havia duas ou três garrafas de substâncias inebriantes que a aguardavam há já uns meses.
Estava demasiado calor para conseguir respirar mas chegou rapidamente ao pequeno quarto inundado de flores.
Muitas flores.
Rendas e velas a adornar as paredes velhas e cansadas.
Foi, quase sem ver, ao armário e escolheu-as.
Uma de vinho, uma de vinho e três de vinho.
Deixou cair as sandálias e a camisola perto da gata que a olhava.
Deu-lhe leite e a música submergiu-a.
O copo enchia e esvaziava.
Enchia e esvaziava.
Até não se aperceber do dia que terminava lá fora.
As mãos e o pescoço estavam encharcados.
Os ébrios não têm força mas conseguem sempre arrastar-se.
O espelho do lavatório era demasiado acusador e a vontade de o partir nascia-lhe nos dedos.
Não o estilhaçou "não há dinheiro para outro. Os miseráveis não podem exalar a raiva" e soltou-se-lhe um riso
abrupto e cansado da mordacidade que a acalmava todos os dias.
Sentiu que aquilo era o ponto final.
O término da fuga.