Como se me tivesse superiorizado.
Acho que deixou de existir oxigénio.
Não estavas lá mas o vaso que te impunha, que te recebia, percebeu.
Senti o seu incómodo, a sua perturbação.
Ele mexia-se como se soubesse que algo estava errado.
Ele olhava para trás, de soslaio mas nada podia ligá-lo a uma estranha.
Eu desconhecia-o.
Foram momentos de cruzamento.
Momentos de limbo.
Momentos de inexistência que de tão fortes quase me permitiram voltar a sentir o perfume.
A fragrância que usavas quando me tomavas.
Desde aquela época que tentei volver ao sentido o cheiro mas não consegui.
Lembro-me da última vez que me invadiu.
Estavam muitas pessoas.
Eu estava a olhar a viagem pela transparência do vidro e o coração mudou o ritmo.
Era alguém que o usava ou então era a minha vontade que fazia com que alguém o usasse sem usar.
Era aquele mesmo cheiro.
A essência de um querer sufocado em maciez selvagem de animal cessante.
Desde esse dia, jamais o pude trasladar para as minhas veias.
Era-me impossível!
E hoje foi assustador.
Hoje, senti o perfume, ali, à minha espera mas não consegui chegar-lhe.
Foi bizarro.
Foi corpóreo.
Não havia nada e havia, no entanto, chamamentos, elevações, invisibilidades que me deixaram estática.
Será que o tempo, o espaço e a distância não se materializam para as almas?
Será que navegamos para lá dos receptáculos?
Mas como pode alguém preencher um vaso já preenchido?
Como pode alguém querer ausentar-se de si para o que distanciou?
Apenas para criar manifestações paranóicas?
Terei eu criado algo?
Terá "algo" tido a indiscrição de me perturbar?
Pensei que ia desfalecer ali.
Por entre os bancos, as janelas, a estrada deslocada, o calor venenoso e o teu vaso ou o meu encantamento.