“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

19
Jun 09


Não há fronteira que me divida os dias.

São de sangue as únicas pessoas que amam.

Nunca tive afecto fora das veias.

Procurei e não procurei.

E de forma nenhuma o obtive.

Sempre se revelou fugidio, decrescente e pouco presente.

Como uma espécie de coma gelado visitado por ligeiras percepções.

Assim têm sido os últimos anos.

O vento cortante das Terras do Norte fustiga-me nos sonhos.

Demasiado pequena para revelar audácia.

Sou um leão sem coragem.

Um leão de papel.

Pego-me na mão e digo com muito carinho, estás delicadamente sozinha, sofregamente acordada.

E pouso a mão no peito.

O meu peito tenro.

Os olhos ficaram pequeninos.

A água deles brilha nas velas.

Eu preciso.

Eu peço. 

Eu suplico. 

Eu mendigo cessação. 

Cessação.

Apenas e somente a Cessação.

Socorrei-me.

Vinde em meu auxílio anjo do desterro.

Levai-me nas vossas plumas e embebei-me no final.

No acabamento.

No sentido absoluto.

Fazei de mim coisa acabada.

Corpo satisfeito.

Por entre a folhagem do nada e as raízes do depois, deixai-me jazida sem olhos de lágrimas e peito de vidro.

Cessai-me.

 

publicado por Ligeia Noire às 00:04
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