Eu imagino-me por entre os teus braços.
Eu imagino-me a soluçar de prazer, de dor, de sortilégio.
Eu vejo os meus cabelos por entre os teus dedos.
Eu suo.
Estás.
És meu.
A tua língua perdida nas minhas unhas.
A força dos teus braços, o som da minha resistência ao embater na parede gélida.
A prisão deliberada.
A violência…
As minhas lágrimas caem-te nos olhos.
Os gritos inaudíveis de tão mudos.
E eu ali.
O meu uivo continuado e sôfrego.
A tua exalação no meu pescoço condenado.
Esqueço-me de como se fala.
Arroubada.
És absinto escarlate, sinto-te os dentes.
Doem-me as mãos mas não cesso porque já não sei processar a dor.
Beijas-me, tu beijas-me e deitas-te no meu peito desabrochado.
Não quero acordar, adormeceste a minha existência.