Vendam-se longe de mim!
Sinto nojo de tudo isto.
Sinto a cabeça a explodir.
Tudo à minha volta a impingir-me larvas, lixo, desespero.
Responsabilidades alheias a atormentarem-me a toda a hora com a realização e felicidade de filhos da puta que nem sequer conheço!
Sabem que mais?
Matem-se e vendam-se bem longe de mim... Deixem-me na minha mediocridade.
Deixem-me inerte e estanque a um canto... Quando morrer dar-vos-ei aviso.
Para que me possam, finalmente, desvendar e conspurcar à vossa mercê.
Facilmente se vai com a corrente mas, se olharem bem de perto, eu vou com a corrente para morrer mais cedo.
Já que ir contra ela é prolongar o que de vendável não há em mim...
Não consigo ver tudo isto sem fechar a percepção.
É demasiado.
É simplesmente demasiado...
Também estou cá dentro.
Também preciso sobreviver.
Foda-se!
Estou a dançar com um corpo de vidro no fio demasiado afiado da navalha do universo.