Cansaço é tudo o que tenho no meu corpo.
Tenho as pernas rasgadas.
As mãos desfeitas.
E das costas jorram os ossos esmigalhados.
Todos os dias me pergunto, se não posso inventar uma desculpa e engolir-me.
Todo o santo dia entro em colisão e desabo toda, toda…
É como se a casca escondesse um castelo de cartas ameaçador.
Quão ameaçador poderá ele ser?
Se se escangalhar ninguém vê.
Alem de que, é tão automático, que se refaz contra a vontade.
Por baixo das pálpebras maceradas acordar por acordar, estar por estar, comer por comer, sentir os lábios colados e a voz soar sumida quando digo um "boa tarde" ou "não sei" e por aí me restar o dia todo.
Estou assim… danificada.
Como uma foucinha velha e entorpecida.
Sentir-se o mundo lá longe e não dar um caralho para o facto de fazer sol, neve, chuva, furacões ou tsunamis.
Perdermo-nos a nós é assustador.
Olhar o exterior com olhos de espelho.
Os dias de gritar e berrar também acontecem… inventados.
Não há local para estremecer sozinha.