“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

02
Nov 09

 

Cansaço é tudo o que tenho no meu corpo.

Tenho as pernas rasgadas.

As mãos desfeitas.

E das costas jorram os ossos esmigalhados.

Todos os dias me pergunto, se não posso inventar uma desculpa e engolir-me.

Todo o santo dia entro em colisão e desabo toda, toda…

É como se a casca escondesse um castelo de cartas ameaçador.

Quão ameaçador poderá ele ser?

Se se escangalhar ninguém vê.

Alem de que, é tão automático, que se refaz contra a vontade.

Por baixo das pálpebras maceradas acordar por acordar, estar por estar, comer por comer, sentir os lábios colados e a voz soar sumida quando digo um "boa tarde" ou "não sei" e por aí me restar o dia todo.

Estou assim… danificada.

Como uma foucinha velha e entorpecida.

Sentir-se o mundo lá longe e não dar um caralho para o facto de fazer sol, neve, chuva, furacões ou tsunamis.

Perdermo-nos a nós é assustador.

Olhar o exterior com olhos de espelho.

Os dias de gritar e berrar também acontecem… inventados.

Não há local para estremecer sozinha.

publicado por Ligeia Noire às 23:12
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