Olho para ambos os lados e sinto que já não vale a pena.
Como se tivesse andado e andado e continuasse a não vislumbrar o final do caminho.
Pior do que morrer é viver.
Viver já sabemos o que é.
Sinto-me desapontada.
Desapontada, tão desapontada.
Quando penso na minha mãe… sinto-me desapontada comigo.
Quando penso no meu pai… sinto que nunca irei conseguir cumprir.
Quando penso nos meus irmãos… desejo que o tempo volte.
Será que naquele dia… quando andávamos à procura de santieiros sabíamos que iríamos crescer?
Fico a ver as pessoas andarem, falarem, manifestarem-se e percebo o que tenho: cansaço de viver, cansaço de andar, de comer, de falar, de estudar, de trabalhar, de ter de, de fazer.
Cansaço de me sentir desapontada, indiferente.
Cada vez me enrolo mais e não consigo parar.
Como se tudo fosse nada.
Na semana passada ocasionou-se beber um cálice de aguardente, já não bebia há tanto tempo (e não por falta de vontade) adormeci como um pântano.