I
As pessoas deveriam ter cuidado com os casebres em escombros.
Gostam de saborear o limite, gostam de se propor ao ousado e depois acham que basta abrir a porta.
Não, não e um não de negação cerrada.
Se entraste tens de ficar para jantar e eu… janto tarde.
II
A superfície não me satisfaz, não me sirvo de prostíbulos.
O único sangue do qual me sustento é o meu.
Se queres saber-me, não podes ficar-te pelas águas paradas e opacas, há que descer, descer ao lodo e emaranhares-te naquilo que não sabes.
Não podes aproximar-te, não podes olhar-me dentro dos olhos e depois tingires-te de medo.
Uma vez que os abri para ti, tens de ficar até ao fim.
III
O que é o fim minha doce bailarina?
Minha noite derramada de subtilezas.
O fim a que te esquivas não se te oferece de olhos fugidios.
Ou pensavas que eu era uma galeria na qual podias passear o teu vestido e ofertar-me as tuas palavras eloquentes sem haver respiração do meu lado?
Ah minha doce bailarina, a qual estima ser de aversão feita, aqui, na minha torre, os teus cabelos não tocam o chão e o cavaleiro...
...ah o cavaleiro não tem olhos.
IV
Pergunto-me o que tu te perguntas por deleite.
Respondo-me o que tu querias saber e não sabes.
Eu não gosto de ludíbrios.
Ou achavas que os meus olhos fechados e o meu corpo de recuo eram apenas horas de semana?
V
Vês-me a fechar-te a porta?
Vês-me a deixar-te do lado de fora?
Cerro novamente as pálpebras, como íntimas guardiãs, e sempre que me quiseres ver os olhos, abrir-me-ei em pântanos e podes tentar.
Tenta.
Folgo em ver-te do lado de fora reflectida no meu lodo.