“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

28
Jul 10


É muito fácil criar uma vítima mademoiselle...

Muito fácil.

Tranca-se alguém num sítio escuro.

Começa a sofrer.

Alimenta-se esse sofrimento, metódica, sistemática e friamente.

Todo o dia.

As pessoas passam diferentes estágios.

(…)

As pessoas já não querem sofrer mademoiselle.

O mundo chegou a um ponto em que só existem vítimas.

Mártires são muito raros.

Um mártir é um algo mais... Mártires são seres singulares, mademoiselle.

Sobrevivem à dor, à privação de tudo.

Sobrecarregámo-los com todo o mal do mundo e eles transcendem-se a si próprios.

Compreende isso?

Transfiguram-se.

  

Excerto retirado do filme Martyrs. Argumento e realização de Pascal Laugier


publicado por Ligeia Noire às 00:50
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21
Jul 10

 

I

O espectáculo começou.

As cortinas deslizaram pelas mãos do títere.

Era uma legião derrotada, caída de cansaço.

De cabelos enovelados e de dedos partidos choravam o mundo.

 

 

II

 

Ela vinha lá ao fundo.

O caminho era exactamente o mesmo.

Ela vinha sozinha de si mesma.

Quem és tu?

Onde estiveste todo este tempo?

Os olhos eram água revolta.

As mãos eram regaços vazios.

O seu corpo baço e estreito.

O corpo dela em negro vestido.

Quão bela consegues ser minha querida...

Quão ímpar!

 

III

 

 

Eu chorava sentada na minha cadeira.

Chorava os olhos dela.

A beleza que sabia ser apenas de dor.

  

 

IV

 

 

Lembras-te da chuva de Inverno?

Quando o mar nos provou a pele e a alma?

Esse mesmo mar que rasgou o céu e te revolveu os olhos.

Eu vi-o todo dentro de ti.

Navegava como se tu fosses intransponível.

Deixa-me que te abrace, deixa que o mar entre também dentro de mim.

 

 

V

publicado por Ligeia Noire às 06:21

12
Jul 10


Aos raios de luz branca,

a noite tomou-te o medo.

Eras feita de muitas vidas.

Eras dia por amanhecer.


Serena quietude de quem tem olhos opacos.

Rosários de Laços que desprendeste do mundo.


Dama da noite eterna jamais vencida.

Dos passos de vidro e da segurança de diamante.

Vestias-te de ti e baloiçavas...

Vivias uma não-vida só tua.

 

Sabias coisas do outro lado.

Criavas raízes eternas nos cadáveres vazios.

publicado por Ligeia Noire às 14:04
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