E ele olha-me com olhos quietos e apaziguados e acha que me vê.
E ela faz palavras com os pensamentos e investe na minha atenção.
E o outro ele confunde-se no meu limbo e espera alcançar entendimento
Eu sou a vossa boneca de neve, de longas vestes subidas para não me conspurcarem na imundície dos vossos caminhos.
Para onde vocês se dirigem, eu tenho morada fixa quando quiser.
Deveríamos usar véus rendados no rosto ou então eternos óculos escuros.
Tenho dentro de mim esta disparidade de controlo absoluto e decadência miserável.
E eles aproximam-se e brincam comigo, gostavam de entrançar-me os cabelos, seduzir-me, tocar-me a fronte, beijar-me os lábios.
Envenenarem-me com a sua impaciência e medo.
Confesso que isso me dá um certo gozo.
Ela ainda é pequena, mas deixa os outros no fundo das escadas e, da varanda, vê-se boneca crescida.
Não tenho vontade de lhe dar corda, não a quero ver dançar para mim, é aborrecido, já conheço o acto.
Ele tem consciência que está a crescer mas ainda não sabe que eu não trago laços para serem desatados, a minha podridão não lhe cabe nos olhos.
O outro ele já está crescido, já me testemunhou mas eu era outra eu, quis ser lírio desabrochado em orvalho para ele.
No entanto, fechei as pétalas e fui embora, não me apetece ser Eu para ele, é cansativo.
Ele teria de ser eterno e já não é, senão, um moribundo, e eu não gosto de golpes de misericórdia.
Os três prostrados, de olhos e ouvidos cerrados, os portões permanecem lacrados.
Ainda não é desta, estou à espera do próximo receptáculo, Supremo.