“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

10
Fev 11


As veias estão demasiado vítreas e o zimbro está a dar-lhe.

E ria muito.

E apetecia-lhe o céu azul de veludo mas o sol rebenta na janela.

E os olhos caminhavam por outros caminhos, estavam longe, ela tentava puxá-los para ali, para o quarto anti-séptico mas ia tarde.

As saudades disto, aguavam-lhe na pele mortificada de dentes que abrasam.

E ela desce completamente incompleta e cheia de negro e apomorfias.

E eles olham-na e os olhos entram-lhe no vestido e nas tranças e nos pés pequenos e nas mãos de unhas prontas a rasgar carne mole.

E ela olha acompanhada de um sorriso prolífico e desdenhoso... sou só minha.

Deita-se em azul e adormece.

Resultou, dormiste minha pequena, toda tu dormiste.

Mas com todo o veneno no corpo delgado e a percepção sorrindo, ele volta, ele ali, todo inteiro.

E ela queria-o e ela queria-o muito mas ele não a encontra, ele não é dela, ele pertence ao mundo.

E ela estica o corpo crescido e desfaz as tranças de fresco e dispõe-nas no peito e espera e espera e espera de olhos fechados e sorriso envenenado.

E ele abre-se e chega e ele aparece e mostra-se.

E ela molha os lábios vermelhos de zimbro e é toda dele.

E ele ri do veneno dela e ela acende os olhos e ele abrasa-lhe o corpo de lírio.

Ela gosta muito dele, ele é verdadeiro e fá-la sorrir e abraça-a quando o mundo a tolhe.

O veneno prossegue a correr-lhe nas veias inchadas e ele beija-lhe as têmporas e abraça-lhe as pernas, ela mostra-lhe os caracóis desfeitos e ele abre o sol numa boca que a amansa.

Ela gosta dele e ele amansa-lhe o coração violento.

Ela tem palavras guardadas nas mãos, ela treme e ele prossegue, ela tem medo, ele tem cetim.

O tempo, o tempo que corre e o tempo que corre prossegue correndo.

E esse tempo descrito pára, congela, ali, quieto e frio, e ela abrasada de língua e mãos e abraços e corpo e lábios e tudo o que lhe ofereceu, sabe-o ali e quer que o tempo a leve com ele para que nunca mais o sinta longe, quer que o mundo os guarde para que ninguém mais o tenha e nada mais a abstenha dele e o abraço da morte é seguro e forte e ele sorri com olhos de açúcar e ela é toda dele e ela gosta muito dele e a alta senhora, cândida e negra, leva-os abraçados e pertencidos.

publicado por Ligeia Noire às 18:08

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