Um dia destes, quando estava nas escadas à espera, vi uma pessoa dispersa.
Cabelos e barba ruiva, cheio de chuva. Foi a primeira vez que vi um olhar assim.
Ele olhava em frente para algo que não existia, ele fumava o cigarro lentamente. Ele sentou-se no autocarro e encostou a cabeça ao vidro.
A desvontade das suas mãos, os olhos dele estavam tão longe e tão irreparáveis que cheguei a casa e os meus agitaram-se.
Outubro de 2010
E hoje voltou a aparecer, mas desta feita, estava cheio de sol, reconheci-lhe o cabelo enquanto estava sentado nas escadas, como um lagarto a aquecer o sangue liso.
Como é belo, como é ruivamente belo.
Tem um rosto estranho de tão preclaro e brinca com as mãos.
Na calmaria do seu cigarro, na certeza dos seus passos, deixa deliberadamente transparecer o seu jeito áspero e distanciado.
É delicioso presenciá-lo.