Bolachinha extra-saborosa hum… ah!
Isto é uma competição?
Descobri hoje, melhor, acreditei hoje.
Mas não precisais tirar as luvas para mostrardes as cicatrizes de noites e noites de incomensurável sofrimento e percepções lúcidas.
Eu nunca (lede!), nunca vos olhei nos olhos.
Nunca vos quis, nunca vos ambicionei.
Sabeis qual é o meu desejo?
Que chova demasiado no vale do desterro para que possa rebolar-me na lama e, que correndo, me esvaia em coisas de bicho.
Para vosso conhecimento, eu gosto de sal, muito.
Gosto de guardar namesinha-de-cabeceira uns cristais para ir deglutindo, gosto de vinagre vermelho, muito.
O meu êxtase jaz na delícia de os misturar com tomates frescos.
Nunca vos quis a coroa que infantilmente segurais na cabeça, fingi que ouvis, é tudo vosso.
Vós nunca chegastes a perder, vós sois a bolachinha das bolachinhas.
Eu não rivalizo com ninguém, apenas ergo o braço e digo que estou com sono e que a abundância e a lisonja não me interessam e sim, nem mesmo o reconhecimento.
Sou mulher de alma negra, quero flores, copos de vinho, Fields of the Nephilim e paz.
Todavia, vós pertenceis aqui, enquanto eu pertenço numa campa florida.
(Ah! Isto está a dar-me gozo!)
Cuidado! Não vos aproximeis.
Sou restos, sou suja, retalhada.
Se olhardes de perto a minha nuca, não vereis código de barras e do meu coração não saem coisas formosas.
Não sei ler nem escrever.
Não quero as vossas frases eloquentes, nem os vossos detalhes, nunca me apeteceu foder-vos.
E se vos pareço um pouco irritada, não sorrides, é apenas uma leve comichão nos meus pés de campónia analfabeta.
E se decidi escrever-vos, esse pobre facto advém da guerra declarada por entre curtos cruzamentos de espaço, as mulheres são exímias em guerras não declaradas.
Mas bolachinha, apenas vos escrevo para dizer que a vossa guerra é masturbação e não sexo, sabeis porquê?
Porque é vossa mercê que está assanhada.
E, portanto, como é referido na citação com que intitulei este devaneio, eu não quero ser salva, eu não me esforço por me agarrar à varanda, sou preguiçosa, a minha alcunha diz-me toda desde os dezassete anos.
Vós, bolachinha, fazeis demasiado, tentais demasiado, é como se estivésseis eternamente numa fotografia.
Aqui a indigente, é assim e o Inferno, só lhe exige a vida.