“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

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Jul 11


Depois de falarmos fiquei com a sensação de que te estavas a despedir.

Não me perguntes porquê mas o meu peito pesou-me sem medida e estreitou-se como se o enlaçasses.

Já não consigo deixar de parte as saudades, as saudades que me rebentam nos ossos e que me abarrotam a carne.

E é assim.

Tem sido assim, falta-me o sono porque sinto que vais embora, de mansinho, outra vez.

Se soubesses, se eu pudesse, se…

Lembras-te de quando disseste que…

Apeteceu-me descer de mim e esbofetear-te pela dor que aqui ficou plantada.

Eu sabia e eu sei de tudo isto, sei de tudo o que nós não dizemos e sei que ficarei no cimo das rochas, a acenar à caravela, como viúva antecipada a salgar as águas selvagens de mares que te navegam.

Fiquei zangada porque sei que não me mentes e porque sei que há palavras que não são para dizer.

Não são para dizer quando tu te manifestas e eu te sei fugidio como todas as coisas harmoniosas e naturais com as quais te poderia emparelhar.

Há coisas que se devem fingir inexistentes por conhecimento da sua impossibilidade.

Sabê-las, é por demais intolerável… é como presenciar o anjo da salvação do outro lado da escarpa.

Entendes?

Do outro lado da escarpa… ele de braços que me poderiam ter abraçada.

Consentir-me a contempla-lo, a sabê-lo ali, não mais seria do que dor deliberada.

É assim que sempre fomos:

uma utopia,

um desassossego de consubstanciação.

E, baixinho, peço sempre que te vás.

Peço-o para mim.

E tu vais e eu rogo que não voltes e tu voltas e tens em mim o efeito de rio bravo e caudaloso que rasga o abismo.

Hoje é assim, tive de transbordar um bocadinho para respirar.

publicado por Ligeia Noire às 01:46

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