“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

22
Ago 11

 

Keep smiling for me


Enquanto te corto as unhas, mantém o sorriso meu amor.

Enquanto te estacas pelo meio do teu deserto a contemplar a forma como a beijo sofregamente, sorri com candura porque eu mando.

Nos dias em que estiveres à janela, a presenciar o meu trabalho de maestro, entreabre os lábios vermelhos e sorri porque somos de sempre, ao contrário de todas as outras, que premeiam o agora.

Tudo o que fazes com tudo o que consomes… sei que te é fácil continuar o sorriso e prosseguires na minha cercania.

Não preciso levantar as palavras do chão, sou o incerto e tua certeza.

Quando abrires muito os olhos para leres que estou enamorado de ti, que te desejo e te quero, sorri como uma donzela que crê em unicórnios.

Enquanto me perco e anestesio e contorno e devoro e destruo e me esgoto nelas… sorri muito porque és minha, sempre que me aprouver.

É só isso que tens de fazer minha querida, florir-me, deixar que eu te atinja.

Quando eu te pegar pelas mãos, nas duas, e te levar para junto de pessoas arriscadas, sorri para mim continuadamente.

Quando estiveres dentro da imensidão negra que eu te digo compreender, abre a caixa, vira o espelho e sorri.

Não me perguntaste nada, eu não te disse nada.

Continua a sorrir meu amor porque me és especial, mesmo que eu foda o mundo e navega os sete mares.

Sabes que se volto é porque tu queres.

Portanto, não resistas, o mundo condenar-te-á a receber-me, faças tu o que fizeres. 

 

I’m on my way down now, I’d like to take you with me

 

Sou impulso.

Será que agora respondo à tua questão, meu anjo?

Lê meu amor, lê-me com olhos quádruplos:

O crânio pode encher-se de pancada e lanhos mas findo sempre comigo.

Não preciso enganar-te, nem enganar-me.

Antes de te escrever destilei-me muito.

Foi por isso que a chuva caiu e eu prossegui a sorrir.

Talvez te tenha subestimado e, apetece-me dizer que te odeio, odeio-te porque somos de sempre e não de agora.

Odeio-te, odeio-me.

És o poço negro e eu vejo-me, balde sem fundo que vai caindo sem luz, sem amarras, pela parede rugosa, lodosa, recheada de larvas que concebem no musgo.

Vejo-te doce e acredito-te, detesto-te.

És o eterno retorno, o labirinto dos filmes do homem loiro, um livro que leio e que nunca termina.

És mais uma dúvida, mais uma questão, mais um assassino, mais um absurdo.

 

Kiss while your lips are still red

   

Está nevoeiro.

É manhã velada.

Lá longe, pelo meio das bétulas e da erva-molar, repousa a rapariga morta.

Quase que te imagino a debruçares-te sobre o seu corpo sem sopro e a colheres-lhe um beijo vermelho.

Não, não sorrio.

Sorri tu para mim agora.

 

The Minute of Decay

 

There’s not much left to love

Too tired today to hate

I feel the empty

I feel the minute of decay


I’m on my way down now, I’d like to take you with me.

I’m on my way down.

I’m on my way down now, I’d like to take you with me,

I’m on my way down. 

 

The minute that it’s born, it begins to die

I’d love to just give in, I’d love to live this lie.

 

I’ve been to black and back

I’ve whited out my name

 

A lack of pain, a lack of hope

A lack of anything to say.


I’m on my way down now, I’d like to take you with me

I’m on my way down


The minute that it’s born, it begins to die

I’d love to just give in, I’d love to live this lie

 

How do you see it?

How do you know?

How do you see it?

(I’ve looked a head and everything was dead)


How do you know?

(I guess that I am too)

How do you see it?

(I’ve looked a head and everything was dead)


How do you know?

(I guess that I am too)

 

The minute that it’s born, it begins to die

I’d love to just give in

Oh, I’d love to live this lie.

 

I’m on my way down now, I’d like to take you with me,

 

Lyrics by Marilyn Manson/Letra da autoria dos Marilyn Manson


publicado por Ligeia Noire às 15:04


Tudo o que tem término, tudo o que é feito de fim, é bonito.

A vida é feia, com os seus acordes órfãos de maestro conhecido, dançamos descalços e em valas.

Já outrora falei da continuidade e do fim, tudo o que se prolonga, tudo o que tem movimento, tudo o que muta está condenado ao fracasso, à destruição.

O que é.

O que acontece.

O que termina, o que não nasce, nem cresce, continuará inatingível e eterno, no auge do seu valor.

 

Ô Satan, prends pitié de ma longue misère!

 

Acordei aterrorizada e olhei para o mostrador, passava um pouco das cinco da madrugada.

A respiração estava profunda, as unhas enterravam-se-me nas conchas das mãos e os olhos apertavam-se-me como botões novos.

Sim, mais um pesadelo.

Mais um bicho que se sentou nas minhas costelas.

Não me recordo muito bem do início mas lembro-me perfeitamente do sítio.

A ponte por cima da auto-estrada, com a serra ao fundo.

Seríamos uns cinco e não sei quem éramos, nem sei se eu estava lá, ou se pairava… como sempre.

Subimos uns degraus cavados na terra de uma encosta e estávamos, agora, na estrada.

Um deles falou e reparei que era uma mulher que trajava um manto com capuz.

No entanto, não me questionei porque nunca lhe vislumbrara o rosto.

Era como se fosse natural vê-la assim…

"Não sou religiosa."

Acho que foi isto que a ouvi dizer.

E não sei se continuámos o caminho ou se aconteceu logo.

A figura baixou o capuz e fiquei aterrorizada porque percebi que era Deus.

Não me perguntes porquê, nem como o sei mas é aquele mundo próprio dos sonhos, onde sabemos quem somos por indução.

Cá fora precisamos de cores, cheiros e feições, do outro lado, são sensações apenas e só.

O que sucedeu a seguir foi tão rápido, progressivo e pesado que o sonho se fechou para que eu pudesse acordar.

Nas mãos da figura estava uma longa foice que empunhou bem alto e com a qual colheu todos os corpos que ali estavam.

Os meus sonhos raramente têm cor.

Posso quase lembrar-me de todos os sonhos a que a minha cabeça conferiu cor, quase sempre vermelho.

Flores, lábios…

Mas, neste, a cada corte o sangue abria-se em leque, tão vermelho como cerejas, tão vermelho como sangue ainda quente e ainda vivo.

Se eu estava ali ou se estava apenas como espectadora, não sei, o que leva a que desconheça se também eu fui morta.

Não posso dizer que os pesadelos voltaram porque acho que jamais se foram.

Ouvi um médico dizer que sonhamos, invariavelmente, todos os dias, mas que nem sempre nos lembrámos.

publicado por Ligeia Noire às 14:57
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06
Ago 11


As palavras têm vida própria, associam-se como a roupa.

São exteriorização.

Há sempre coisas que não se podem dizer, a menos que as vistamos primeiro.

Estou a dançar no fio da navalha, como diria o outro, não sei se goste, se odeie.

Estados antagónicos?

Afinal apercebo-me de que a fronteira entre as coisas não existe, é tudo dúbio, tudo se mescla.

É tudo um cocktail de coisas vivas.

As fronteiras não são naturais, o bem e o mal não existem.

Existem os nossos olhos.

Apenas e só.

Férias, Agosto, o meu mês, vêm todos e o tempo foge.

E depois tenho medo de voltar e espero sempre que o relógio de Deus encrave.

Os meses anteriores foram espinhosos e ainda hoje me pergunto o que aconteceu e como consegui encontrar a corda para subir.

Pensei que o melhor seria esconder-me debaixo de uma pedra mas não encontrei uma que abarcasse o tamanho do meu nada.

Visitas inesperadas que me interrompem a escrita.

Volto, ligo o aparelho e deixo a música correr:

  

I'm a little curious of you in crowded scenes

And how serene your friends and fiends

We flew and strolled as two eliminated gently

Why don't you close your eyes and reinvent me

 

You know you've got that heart made of stone

You should have let me know

You could have let me know

 

We'll go 'till morning comes

And traffic grows

And windows hum


Spending all week with your friends

Give me evenings and weekends

Evenings and weekends

 

I could be yours

We can unwind


All these have flaws

All these have flaws

 

You'd agree it's a typical high

You fly as you watch your name go by

And once the name goes by

Not thicker than water nor thicker than mud

And the eight k thuds it does


Sunset so thickly

Let's make it quiet and quickly

Don't frown

It tastes better on the way back down


I could be yours

We can unwind

 

All these have flaws

All these have flaws

All these have flaws


Will lead to mine


Mezzanine by Massive Attack/Mezzanine da autoria dos Massive Attack      

 

All these have flaws é isso, é.

Consegui apanhar o pensamento outra vez.

Tudo isto tem lacunas, rasgos, crateras.

Tudo é imperfeito e tudo se clareia na decadência.

Continuo a dançar intensamente no fio da navalha de outrem.

Rodopio e rodopio e vejo-o lá ao fundo.

É preclaro e meu, sorri e é noite velha como sempre.

Percorro o gume com os meus sapatos negros, volto-me outra vez e lá está a flor-selvagem Supremo, ele está ali.

… está mais perto, insinua que continue a voltear enquanto colhe flores.

Reparo que faz dia.

Quedo-me no cabo e choro porque sei que os seus dias não são as minhas noites e as suas noites não são os meus dias.

As lágrimas fazem com que a navalha se torne lúbrica e é agora número arrojado continuar a voltear.

Viro as costas à plateia e danço embriagada no meu círculo sem retorno.

A lâmina secou e conheço, agora, o gume como a mim mesma.

Colho o meu vestido e sento-me.

Um visitante chega, este é praia que abandonei sem provar o mar que a estende.

Olha-me e tenta culpar-me dos seus olhos pesados e semblante soturno.

Voltou, e a senda é a mesma: resgatar a Rapunzel.

Brinco e aceno-lhe com a minha distância, ele oferece-me a sua constância, lealdade e devoção abrindo o corpo como uma sacada ao sol.

Acha que sou eu e apenas eu a…

a que… percebes Supremo?

Mas eu falo palavras e abro olhares que ele não compreende nem nunca compreendeu e calço os sapatos negros para prosseguir a minha dança no fio da navalha afiada do Universo.

Espero que ele se afaste.

Sinto-lhe apenas carinho.

Espero que me perdoe.

É novo e era ainda mais novo, pensei que passasse, espero que ainda passe.

Rodopio e reparo que a flor-selvagem continua a colher... ele colhe as tuas flores Supremo.

Enquanto eu danço, ele colhe flores o dia inteiro.

Em mim faz noite.

Estou a dançar no fio da navalha, como diria o outro, não sei se goste, se odeie.

  

publicado por Ligeia Noire às 02:46

03
Ago 11


Shame, such a shame

I think I kind of lost myself again

Day, yesterday

Really should be leaving but I stay

 

Say, say my name

I need a little love to ease the pain

I need a little love to ease the pain

It's easy to remember when it came


'Cause it feels like I've been

I've been here before

 

You are not my savior

But I still don't go


Feels like something

That I've done before


I could fake it

But I still want more 

 

Fade, made to fade

Passion's overrated anyway

 

Say, say my name

I need a little love to ease the pain

 

I need a little love to ease the pain

It's easy to remember when it came

 

'Cause it feels like I've been

I've been here before

 

You are not my savior

But I still don't go,

 

I feel live something

That I've done before

 

I could fake it

But I still want more


Da autoria dos Massive Attack/By Massive Attack

publicado por Ligeia Noire às 02:18

01
Ago 11

 

Give me some kind of Heaven...

 

Quarto quieto de janelas não existentes.

Achas que consigo suster?

Começou por ser um suspiro na minha cabeça.

Um conjunto de frases de anseio para poder respirar melhor mas, às vezes, temos de ver para além do que o primeiro par de olhos alcança e, para lá dele, percebi que já o sabíamos antes de o sermos sequer.

Percebi que estou a chegar lá, estou quase.

Nesta intermitência de sendas, chega-me aos pés o ímpeto finalmente humanizado.

Prossigo através da escadaria industrial onde o comboio siberiano me esperou desde sempre.

Abrir o meu caminho, o meu caminho… abandonar os carreiros e seguir, seguir sabendo que não posso volver, não posso levar ninguém por protector, nem quero.

Sou a minha filha negra, minha e indomesticável.

Os carreiros fizeram-me calosa e, agora sei, agora posso abrir os portões do Inferno e sorrir-te.

Hoje percebi que tu não és o meu salvador, eu não preciso de ser salva por ninguém.

É a ti e és tu.

Eu sou a tua Redentora e é isso que te atrai.

É a ti que a salvação vestirá de púrpura, és tu que precisas de ser resgatado.

És tu que precisas da água que corre no rio que atravesso todas as noites.

Agora percebo a fascinação sem precedentes, a leveza, o conhecimento para além do tempo.

O encontro a horas da alma, o sangue que faltou brotar.

Diz-me Supremo, na forma que entenderes, se estou certa… diz-me se ele é filho da lua, fala-me na tua língua, fala-me ao coração e eu entender-te-ei.

And I feel some kind of Heaven... 

publicado por Ligeia Noire às 19:51

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