Give me some kind of Heaven...
Quarto quieto de janelas não existentes.
Achas que consigo suster?
Começou por ser um suspiro na minha cabeça.
Um conjunto de frases de anseio para poder respirar melhor mas, às vezes, temos de ver para além do que o primeiro par de olhos alcança e, para lá dele, percebi que já o sabíamos antes de o sermos sequer.
Percebi que estou a chegar lá, estou quase.
Nesta intermitência de sendas, chega-me aos pés o ímpeto finalmente humanizado.
Prossigo através da escadaria industrial onde o comboio siberiano me esperou desde sempre.
Abrir o meu caminho, o meu caminho… abandonar os carreiros e seguir, seguir sabendo que não posso volver, não posso levar ninguém por protector, nem quero.
Sou a minha filha negra, minha e indomesticável.
Os carreiros fizeram-me calosa e, agora sei, agora posso abrir os portões do Inferno e sorrir-te.
Hoje percebi que tu não és o meu salvador, eu não preciso de ser salva por ninguém.
É a ti e és tu.
Eu sou a tua Redentora e é isso que te atrai.
É a ti que a salvação vestirá de púrpura, és tu que precisas de ser resgatado.
És tu que precisas da água que corre no rio que atravesso todas as noites.
Agora percebo a fascinação sem precedentes, a leveza, o conhecimento para além do tempo.
O encontro a horas da alma, o sangue que faltou brotar.
Diz-me Supremo, na forma que entenderes, se estou certa… diz-me se ele é filho da lua, fala-me na tua língua, fala-me ao coração e eu entender-te-ei.
And I feel some kind of Heaven...