“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

28
Set 11


Eu minto e tu mentes também, portanto, qual é o problema na tragédia?

É sempre assim, quando o pó das coisas me ofusca o caminho, eu subo e deito-me no teu colo branco.

Desencantada, talvez seja isso, vi da janela o rapaz que andei a usar para construir o meu Frankenstein, lembra-me o Tim Commerford, lembra-me coisas bonitas que se gostam de conservar à distância.

Fico triste comigo quando me envolvo na selva, deveria saber comedir-me.

As mãos voltaram a tremer, preciso de sair daqui.

Perca da noção de realidade.

Tenho um gato que se chama 3D, tenho outro que se chama Tripoli, tenho outro que não tem nome e mais duas que também não têm nome, tenho um cão que se chama Roberto e outro que se chama Ruca.

Eles gostam de mim.

Tenho saudades deles.

Quando estou a lavar roupa o 3D sobe pelas pernas do tanque e fica no lavadouro entre os meus braços a esfregar a cabeça nas minhas mãos.

O Roberto é o mais velho e vai esperar-me à estrada.

Já diziam os SoundgardenBlow up the outside world... mas acho que de tanto fazer isso, a domino entranhou-se-me nas órbitas.

Eu não sei se sou esta, não sei se estou dentro deste corpo, não sei onde me fui.

Eles mentem e tu mentes, não sou metade verdade, nem inteira mentira.

Tenho medo.

Não há o encontro nos olhos de ninguém, ainda não senti que tivesse chegado a casa.


publicado por Ligeia Noire às 23:51
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27
Set 11


6 a.m. Christmas morning 

 

No shadows, 
No reflections here 
Lying cheek to cheek 
In your cold embrace 

So soft and so tragic 
As a slaughterhouse 
You press the knife against your heart 
And say that: 


"I love you, so much you must kill me now." 


I love you 
...so much 
You must kill me now

If I was your vampire 
Certain as the moon 
Instead of killing time 
We'll have each other 
Until the sun

 

If I was your vampire, 
Death waits for no one 
Hold my hands 
Across your face, 
Because I think 
Our time has come 

Digging your smile apart 
With my spade tongue 
The hole is where the heart is 
We built this tomb together, 
And I won't fill it alone. 

 

Beyond the pale 
Everything is black 
No turning back. 

If I was your vampire 
Certain as the moon 
Instead of killing time
We'll have each other 
Until the sun. 

 

If I was your vampire, 
Death waits for no one. 
Hold my hands 
Across your face, 
Because I think 
Our time has come. 

Blood-stained sheets 
In the shape of your heart 

 

This is where it starts... 

 

Blood-stained sheets 
In the shape of your heart

 

This is where it starts 
This is where it will end 

 

Here comes the moon again 

6:19 and I know I'm ready 
Drive me off the mountain

 

You'll burn, 
I'll eat your ashes 


The impossible wheels seducing our corpse. 


If I was your vampire 
Certain as the moon 
Instead of killing time 
We'll have each other

until the sun

 

If I was your vampire, 
Death waits for no one. 
Hold my hands 
Across your face, 
Because I think 
Our time has come... 

Beyond the pale 
Everything is black 
No turning back 

This is where it starts
This is where it will end 

 

Here comes the moon again. 

 

Lyrics by Marilyn Manson/Letra da autoria dos Marilyn Manson

  

Post Scriptum: Este álbum é líndissimo e, esta letra, é uma rosa que dorme quietinha num sepulcro demasiado amado.

publicado por Ligeia Noire às 19:41

23
Set 11


Acho que o filme não consegue ser filme... continua a ser livro e por isso vou continuá-lo noutro dia, noutra hora, noutro tempo.


publicado por Ligeia Noire às 00:27
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22
Set 11


Se pudesse escolher entre ser rica e poder dormir todos os dias, oito horas seguidas, escolheria a segunda opção sem soluços.

E, com as manhãs que são coisas que não compreendo, nem gosto, chegam outras verdades amargas… não consigo ler, deixei de gostar de ler.

Sei que sou demasiado impulsiva e emotiva para uma nativa de sol e lua num signo de terra mas é verdade.

O último ano revelou-se uma verdadeira tortura para manter um nível de concentração mínimo.

Não consigo concentrar-me, não consigo ler dez páginas seguidas, não consigo dedicar-me a nada, a cabeça está sempre lá.

O mesmo se está a passar com o cinema,(em menor escala, devo dizer) no entanto, são cada vez menos os filmes que, mesmo sendo do meu agrado e de realizadores que aprecio, não me deixam ansiosa ou que ficam para ver num outro dia, dia esse que nunca chega.

Sobra-me a música, sempre a música… essa acontece todos os dias, quase o dia inteiro.

E até sei porquê, porque com ela posso fechar os olhos.

publicado por Ligeia Noire às 10:19
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21
Set 11


É tantas coisas, purificador, vida, quente, denso.

Laço.

É-nos familiar, reconhecemo-lo.

De certa forma acalma-nos, reduzimo-nos à nossa fragilidade viva na sua presença.

A mão fria, matutina que encosta os seus dedos compridos ao pescoço.

Ele está ali, por debaixo da fina camada de pele.

Se te debruçares na claridade, podes segui-lo nas veias e capilares rendilhados do corpo.

O sangue quente que volteia em grandes e pequenas viagens.

O sangue sagrado que encheu o cálice do Filho feito Homem.

Nascemos do sangue e quando o seu reduto se estanca, morremos.

Mas e quando não há sangue?

Como naqueles filmes raros em que não há torturas medievais, nem esquartejamentos de matadouro… há o medo sem rosto, apenas… o medo que levámos para a cama, no escuro.

De que rir?

De que sentir agonia?

A ferida que não brota.

Não há porque colocar curativos, torniquetes, ataduras… e agora?

Não entendemos, assustamo-nos, não há nada e se não podes curar, estancar, cortar, coser… é porque é grave, está podre, está a inundá-la por dentro, sufocá-la-á.

A pele está pisada, os olhos estão fundos, as mãos tremem, a pele enrijece mas não há fonte.

O sangue líquido é um alívio, significa que a vida ainda reside.

Mas quanto silêncio, quanto temor, não nos habita na presença de uma ferida que não jorra?

Que não pode ser estancada por falta de entrada...

A capa do disco Halo dos Celan só se pode equiparar à Écailles de Lune dos Alcest e mesmo assim… prefiro a primeira, o que é dizer muito.

Deve ser porque tem vermelho e vermelho sempre foi a minha cor, principalmente se morto.

É, acho que seria um bom cenário para este devaneio ou melhor seria se pudesse trocar todas estas palavras pela imagem daquele álbum.

Diria tudo o que aqui quis dizer mas que não consigo por falta de tudo... engenho, paciência, existência real.

Tudo o que importa é simples, a beleza é simples, a simplicidade é intrincada.


publicado por Ligeia Noire às 21:21

20
Set 11


You can't kill me, cause I'm already deep inside you.


publicado por Ligeia Noire às 22:10
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19
Set 11


Pratos e copos: Dia 1


Ao entrar no quarto anti-séptico, foi como se tudo o que se passou fosse parte daquilo que faço para adormecer.

Como se nunca daqui tivesse saído e isso deixa-me claustrofóbica e irritada.

Já sinto falta de poder beber e lavar os cabelos na fontana fria.

Mais um ano nesta vida desvalida, mais um em que procuro respostas de noite e uso a domino de dia.

Ainda sinto as costas pesadas da noite perigosa de Sexta-feira, o cabelo ainda cheira a tabaco e o rosto ainda não acordou.

Trabalhámos juntas e por momentos virei as costas e desci para esfregar os olhos… dispersar lágrimas de fragilidade excessiva.

A realidade estava à porta e eu sorri-lhe de desdém e mandei-a p'ro caralho.

Quando me apercebi, os meus lábios cobriam-se de vermelho e negro e os corpos delas floresciam ao espelho.

Descemos, como outrora o fazíamos na escadaria da casa de outrem, e deixámo-nos embriagar pela noite.

Pessoas que não conhecia, pessoas que não me faziam diferença.

Foram tantos e tão diferentes os copos, que poderia ter prolongado o exercício mas para minha surpresa os olhos continuavam acordados.

Esperava encontrar o rapaz que me lembrou de que poderia brincar mas foi o que me interpelará primeiro,

quem acabou por abrir o lenço e escondê-lo atrás das costas.

Chamara-me de agressiva e acabou por cortar-se na vontade.

Ooopsss!

Eu confesso que encetei o jogo e abri o leque, ele não entendeu e eu, que estava ali, estava ao lado também.

Foi mais uma daquelas ricas valsas em que sou perita.

Sorri-lhe e dançámos, envenenei-o e, quando rogava nas minhas mãos pelo antídoto, disse-lhe que fingisse que tinha sonhado e que o álcool iria ajudá-lo a que o amanhã parecesse cortina de ferro para o ontem.

Não gostava dele, não lhe sentia desejo, só me apeteceu brincar e desatar os laços do meu cabelo à sua frente, como prova de que regressei há muitos anos, do sítio para onde o senhor se dirigia.


Flor-selvagem: dia 2

 

Odeio quando o mar se vai chegando ao pescoço, talvez tenha sido por isso que, mesmo sem pinga de sono, continuei a forçá-lo aos olhos e te interpelei.

Não era segura e com a cabeça cheia de reticências e bocados de rochas que costumava ouvir-te e falar-te.

Mas, ontem, foi e percebi que tinha terminado.

Foi-se o corpo que tremia, foi-se o encantamento, talvez.

Agora que estás mais aqui e mais em mim eu estou mais além e mais fugidia.

Acho que forcei demasiado, acho que quis muito e, tudo o que se quer muito, termina quando se consegue.

Acho que não sei quem és, conheço aquilo que imaginei e queria que fosses.

Espero que tudo isto se dissipe, espero estar enganada.

Se calhar és apenas mortal, afinal.

publicado por Ligeia Noire às 21:12


When she walks down the street,

She knows there's people watching.
The building fronts are just fronts
To hide the people watching her

But she once fell through the street
Down a manhole in that bad way
The underground drip
Was just like her scuba days

Days
Daze
Days
Daze

She was all right because the sea was so airtight, she broke away
She is all right but she can't come out tonight, she broke away
She was all right, yeah the sea was so tight, air tight
She broke away, broke away

At the bottom of the ocean she dwells
At the bottom of the ocean she dwells
From crevices caressed by fingers
And fat blue serpent swells


Stella,

Stella,

Stella,

Stella

Oh Stella

Stella, I love you


Well, she was my catatonic sex toy, love-joy diver
She went down, down, down there into the sea,
Yeah she went down, down, down there, down there for me, right on

So good, oh yeah, right on


(There's something that's invisible,
There's some things you can't hide,
Try detect you when I'm sleeping,
In a wave you say goodbye...)

   

Lyrics by Interpol/Letra dos Interpol

publicado por Ligeia Noire às 20:01
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15
Set 11


Pára, tira o casaco e abre a janela para que a noite compareça.

Olha para o armário, lembras-te?

Pois então abre-o, pega na coberta e estende-a frente ao fogo controlado.

Sabes que isso não basta meu amor, pois, enche o copo e pára os olhos na cor da embriaguez.

Eu sei que continuas aí dentro, pois amansa-te rapariga porque é o silêncio que te perturba.

Precisas ensurdecê-lo, arrumá-lo.

Frente ao espelho grande, atrás da jarra que alberga uma flor, trá-lo contigo, àquele, põe-no no aparelho e deixa que a música se escoe pelos buracos.

Agora sim, deixa-me aquietar-te, fertiliza a garganta, deita-te no soalho que a coberta aquece.

Como ardem as chamas… adivinha a madeira bravia que elas devoram e devoram e devoram.

Como te sentes?

Acabou-se o silêncio meu amor, só assim te posso falar.

Toma nas tuas mãos os cabelos e vê como a razão me pertencia, são abrasados e repletos.

Essas pequenas coisas, mesquinhas qualificaria eu, esses carvões que te descascam, que te derrubam a sanidade, são nada.

Não são a água que te entra pela sacada, ou o lume que te dança na lareira, são nada, meu amor, são nada.

Olvidadas devem permanecer.

A flor solitária de que se ocupa a tua jarra, cresceu em terra fecunda, terra de que essas coisas jamais ouviram falar.

Terra que te conhece as vísceras e te viu a pele vezes sem conta.

Nunca a sentiram, essas coisas, nunca.

Portanto, de nada sabem, nada são.

Sei que te perguntas pelos carreiros que aqui te trouxeram, sei que gostavas que eles estivessem num qualquer registo para aconchegares a tua ansiedade de certezas mas tal a mim não pertence.

És tu quem decide se aqui estás ou não, és tu quem abre o cerco neste caminho de lava.

E o ar foi-lhe insuflado pelas narinas e o pó animado.

Este ar que doa almas a corpos feitos pela Grande Mãe é do tamanho do universo, perto de tão insignificantes coisas.

Abre os olhos de dentro meu amor, minha querida, como podes tu deixar que esses carvões se te esmaguem na pele?

Como podes, depois de todos estes silvados, deixar que estas coisas sem água, que desconhecem a terra, que não dançam com o fogo e não precisam de ser animadas, te roubem assim?

Onde param as tuas maçãs rosadas?

O teu cabelo de brasas?

Os teus lábios de sangue?

É sacrilégio que assim te deixes violar por menoridades que não foram tocadas pela paixão do divino.

Pecado que brada aos céus, golpe de foice merecido.

Deixa que te coalhe o rosto nas minhas mãos e te descerre.

Brilhas por entre esta luz de rubis porque de paixão foste tecida, pois aprecia como esta te reconhece sua obra.

publicado por Ligeia Noire às 13:01
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10
Set 11


Poderia iniciar o devaneio dizendo que detesto Setembro mas, na realidade, detesto é ter de acordar.

Hoje apercebi-me de que poderia brincar se quisesse.

Hoje apercebi-me de que talvez tenha cometido o erro de não aprender a nadar, de não querer nadar, de preferir o firme ao movediço.

Ainda tenho a garganta com o sabor do rosé e o cabelo com o perfume violento do tabaco.

O coração ficou aconchegado naquela mesa com aquelas pessoas que desconhecia e que não faziam perguntas, o coração tinha sabor a noite desmaiada.

Foi bom saber que poderia brincar.

Eu, que me julgo a maior das cativas, sempre tive o mundo escancarado.

Acho que é uma derrota saber disso agora, acho que é uma derrota saber que sabia.

Saber, sabia, sei, saberei, acordei, vou, estou… foda-se!

Porque o que sempre importou foi escapar, dormir.

Manter tudo a uma distância segura ou então criar à minha feição, tornar intangível e incerto… fazer-me boneca e brincar e abrir o leque e fechar os olhos e dançar e sorrir e depois cansar-me.

O mundo escancarado que a filha negra me esconde.

Mas teve de se estagnar por ali, não eram os olhos daquele que me davam prazer mas a dança do que não se pode tocar, a liberdade, o mundo escancarado ali, à minha mercê, como sempre esteve.

E, nesta noite pequena, bonita, com cheiro a lenha cortada à lâmina, a cortina funérea caiu-me de súbito no coração…

serei engolida por mim.

É isso.

E dentro daqueles risos e ambiente pesado e olhares fortuitos estava tudo contido: o que desconhecia, aqueles com quem nunca me apaziguei, aqueles que me apertavam laços que eu desatava quando chegava a casa.

Nunca conseguirei andar a quatro pés.

Estavam todos nos olhos dele.

Foi tudo tão simples, como se tempo nenhum se tivesse passado, como se voltasse a ser imponderada.

Eu sei que é o medo que me ronda as pálpebras e não as deixa fechar.

Não quero, sabes, não quero mesmo.

Sei, somente, que estou bem com a queda.

publicado por Ligeia Noire às 03:04
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