“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

21
Set 11


É tantas coisas, purificador, vida, quente, denso.

Laço.

É-nos familiar, reconhecemo-lo.

De certa forma acalma-nos, reduzimo-nos à nossa fragilidade viva na sua presença.

A mão fria, matutina que encosta os seus dedos compridos ao pescoço.

Ele está ali, por debaixo da fina camada de pele.

Se te debruçares na claridade, podes segui-lo nas veias e capilares rendilhados do corpo.

O sangue quente que volteia em grandes e pequenas viagens.

O sangue sagrado que encheu o cálice do Filho feito Homem.

Nascemos do sangue e quando o seu reduto se estanca, morremos.

Mas e quando não há sangue?

Como naqueles filmes raros em que não há torturas medievais, nem esquartejamentos de matadouro… há o medo sem rosto, apenas… o medo que levámos para a cama, no escuro.

De que rir?

De que sentir agonia?

A ferida que não brota.

Não há porque colocar curativos, torniquetes, ataduras… e agora?

Não entendemos, assustamo-nos, não há nada e se não podes curar, estancar, cortar, coser… é porque é grave, está podre, está a inundá-la por dentro, sufocá-la-á.

A pele está pisada, os olhos estão fundos, as mãos tremem, a pele enrijece mas não há fonte.

O sangue líquido é um alívio, significa que a vida ainda reside.

Mas quanto silêncio, quanto temor, não nos habita na presença de uma ferida que não jorra?

Que não pode ser estancada por falta de entrada...

A capa do disco Halo dos Celan só se pode equiparar à Écailles de Lune dos Alcest e mesmo assim… prefiro a primeira, o que é dizer muito.

Deve ser porque tem vermelho e vermelho sempre foi a minha cor, principalmente se morto.

É, acho que seria um bom cenário para este devaneio ou melhor seria se pudesse trocar todas estas palavras pela imagem daquele álbum.

Diria tudo o que aqui quis dizer mas que não consigo por falta de tudo... engenho, paciência, existência real.

Tudo o que importa é simples, a beleza é simples, a simplicidade é intrincada.


publicado por Ligeia Noire às 21:21

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