Eu minto e tu mentes também, portanto, qual é o problema na tragédia?
É sempre assim, quando o pó das coisas me ofusca o caminho, eu subo e deito-me no teu colo branco.
Desencantada, talvez seja isso, vi da janela o rapaz que andei a usar para construir o meu Frankenstein, lembra-me o Tim Commerford, lembra-me coisas bonitas que se gostam de conservar à distância.
Fico triste comigo quando me envolvo na selva, deveria saber comedir-me.
As mãos voltaram a tremer, preciso de sair daqui.
Perca da noção de realidade.
Tenho um gato que se chama 3D, tenho outro que se chama Tripoli, tenho outro que não tem nome e mais duas que também não têm nome, tenho um cão que se chama Roberto e outro que se chama Ruca.
Eles gostam de mim.
Tenho saudades deles.
Quando estou a lavar roupa o 3D sobe pelas pernas do tanque e fica no lavadouro entre os meus braços a esfregar a cabeça nas minhas mãos.
O Roberto é o mais velho e vai esperar-me à estrada.
Já diziam os Soundgarden: Blow up the outside world... mas acho que de tanto fazer isso, a domino entranhou-se-me nas órbitas.
Eu não sei se sou esta, não sei se estou dentro deste corpo, não sei onde me fui.
Eles mentem e tu mentes, não sou metade verdade, nem inteira mentira.
Tenho medo.
Não há o encontro nos olhos de ninguém, ainda não senti que tivesse chegado a casa.