“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

29
Fev 12


Don't ever empty the bucket of mystery.

Never let people define what you do.

It's not about zigging when you should zag.

It's not about doing something unprecedented and unpredictable.

It's just about never being a word, or something that is not in the process of transformation.

   

Marilyn Manson


publicado por Ligeia Noire às 20:22

28
Fev 12


Ora bem, pareceu-me ser responsabilidade minha deixar-te secar.

Pareceu-me ser da minha responsabilidade sair do tabuleiro.

Depois de tanto e de tudo descer, ir embora, assim, tão facilmente, pareceu-me absurdo.

Um dia, bem cedo, levantei-me, arranquei a raiz das minhas terras e, sobriamente, saltei para a outra margem, puxei o capuz, atei os cordões e abri caminho.

Bonito e simples.

Aprendi que da gaveta saías com facilidade.

Reparei que a superfície onde dançava era minha e que apenas tinha de a tornar mais estreita e escura.

Portanto, flor-selvagem, não faças isso, não.

Apesar de toda a facilidade com que cheguei a esta conclusão, foi preciso trilhar um caminho bastante esburacado para a conseguir agarrar com as duas mãos e sem unhas.

De todas as vezes que quis saltar, de todas as vezes que quis deixar de te regar, tu voltavas sempre e escacavas o vaso recém-colado.

Percebi que era eu quem devia jogar primeiro, percebi que o canteiro era meu.

É a última casa na floresta, talvez a encontres porque recordas o perfume ou talvez porque talhaste a madeira de que é feita mas, não batas à porta, não batas, tenho o sono tão leve... é tão pequenino e indomado este meu sono.

Demasiado leve, meu amor, demasiado leve, ao contrário do meu coração, esse é pesado e bolorento como um cogumelo dos sapos e não se coaduna com urze de meia-noite.

Vai embora, as noites ainda estão frias, leva uma vela para te alumiar os carreiros e espero que chegues a casa, um dia.

Com amor:  

Dama de paus 

publicado por Ligeia Noire às 22:55

21
Fev 12


Se há algo que me embala e me descansa, é o simples acto de escovar o cabelo quando está meio húmido e enrolá-lo com as pontas dos dedos.

Ontem, estava numa instituição bancária e sentei-me à beira duma senhora que me perguntou, se já estava na vez dela, disse-lhe que não e ela encetou conversa.

-Fica-lhe muito bem esse penteado, a senhora tem rosto para isso, eu já não posso usar.

-Envelhecemos todos, não é?

-É verdade… já estou quase nos oitenta.

-E deixe que lhe diga que está muito bem.

-Ah e esse vestido cai-lhe muito bem, é muito bonito. Sabe, sempre me disseram que, uma mulher que se arranja, ganha o respeito e admiração dos outros. Hoje em dia a juventude já não leva isso a sério.

-Outros tempos, não é?

-Mas não é viúva é? Gosta de cores escuras, pois.

-É isso. Olhe, chegou a minha vez.

-Adeus, tudo de bom para si, muita felicidade e sorte.

O receio de envelhecer... sempre lhe escapei pensando que morreria antes de lá chegar.

Achas que estive a desperdiçar a vida, o tempo, a pele, os lábios?

Estive a pensar na flor-selvagem, fui mais forte que a vontade e fico feliz por isso.

Apesar de me ter estendido as pétalas, as minhas mãos ficaram guardadas nos bolsos e fechei-o na gaveta.

Talvez noutros receptáculos possamos prosseguir a tingir copos de cristal.

E, mais uma vez, concluo que ninguém pode ser-se em conjunto.

A individualidade e a personalidade são sempre decepadas quando andamos a quatro pés.

O meu cabelo ainda traz o odor de cascas e mel.

Se calhar, Supremo, se calhar era esta a conclusão a que querias que chegasse.

Que posso brincar, abrir os laços, rodopiar em valsas continuadas, enregelar as costas contra paredes marmóreas em embates suculentos de violência mas, não a andar a quatro pés mas, não a ser-me frente a outro par de olhos mas, não a deixar-me desvelar por tempos indeterminados.

Tudo se torna imperfeito na continuidade, tudo se danifica na cadência de dias claros.

Os extremos não podem ser vividos, senão, em golfadas e, eu quero o derradeiro e, o derradeiro é momentâneo como o desabrochar de uma rosa, uma rosa de vida curta mas imensa porque da finitude nasce-lhe a perfeição.

Sou assim, demasiado minha.

Lembro-me de te ter desafiado a provar-me o oposto mas acho que desta vez quem ganha sou eu.

Esta vitória nasceu-me no berço.

publicado por Ligeia Noire às 22:38

19
Fev 12


Tenho a sensação de que as coisas boas se nublam demasiado depressa.

Às vezes quero revivê-las e elas escondem-se por detrás deste nevoeiro espesso.

Chego e sento-me na cama e olho pela janela e não sei por onde me tive e não sei por onde me tenho.

E a tristeza nasce e jorra-me dos olhos e cai-me nos dedos dos pés sem meias, nos pés pequenos que

seguram este corpo engrunhado donde nasce uma pesada vontade de dormir.

Acho que já escrevi neste caderno medicamentoso que há dias em que não suporto ser esta pessoa que sou.

Há dias em que queria ser diferente e dizer isto, é dizer muito.

Não será hoje que escreverei tudo, com certeza não será hoje.

Hoje só me apetece dizer que não quero voltar para o amanhã, nem para o depois, já não sei onde pertenço e

sinto-me triste como um cão à chuva.

Não me perguntes porquê, não me acuses, deixa-me apenas estar aqui… quietinha.

Existem momentos que se assemelham a ter entrado na toca dum coelho, sítios a que não sei regressar depois

de os desflorar, sítios onde os momentos felizes são tristes e, são-no, antes sequer de começarem.

Sítios onde sou uma muralha obsoleta.

Uma muralha que se tornou involuntária.

Esta muralha que uso para resguardar os laços brancos mas que, às vezes, não sei recolher e com a qual

magoo quem gostava de ver os sorrisos de olhos primaveris que abro em momentos escolhidos.

Sítios onde sou a inutilidade da felicidade fechada, a árvore que morre no meio da floresta.

De que me adianta colocá-los no cabelo, se não sei transpor esta cercania de pedras?

Tenho sentido uma tristeza imensa e indizível há muitos dias e nada me parece resgatar dela.

 

Far from the light to reach beneath a veil of mist

Countless stories were left to rest in peace

Darkened and calm

The grave uncared

Once a haven filled with hope

The archive of lost dreams

 

We send our inner fears for the ocean to score

Waiting it takes them all away from the shore

Deepest beliefs from billions of souls

Longing for our wishes to find a way back home


...Naiad

 

The last one in the unknown

The keeper of our written dreams


...Promises

 

None of them were left behind

She blessed them with her kiss


See.


Hear and feel

The miracle of life

Believe the signs and trust you'll stay alive

Descend to find the depth of your heart

 

Mysterious Naiad


Now the circle's closed forever


...Naiad

 

The archive is gone

We are on our own

 

The Archive of Lost Dreams by Tarja Turunen/The Archive of Lost Dreams da autoria de Tarja Turunen


publicado por Ligeia Noire às 22:55
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06
Fev 12


Eu que ia ver o Twin Peaks, eu que... enfim, dei por mim a pensar nisto.

Há alguns anos apaixonei-me por Evanescence e, depois, descobri que eles não eram tão originais e talentosos quanto pensava, desiludi-me e mais tarde tive vergonha de gostar deles.

Às vezes, as coisas valem pelo que nos fazem sentir e não por aquilo que realmente são.

Não tinha internet, ouvia rádio e, um dia, vi o videoclip da Bring me to Life na televisão pública e fiquei fascinada.

Ela era tão bonita, a pele tão branca os cabelos tão densos e compridos e criava música com o melhor amigo desde miúda, a amizade sempre me fez parar, não é?

A típica dupla de adolescentes menosprezados do liceu que não cabia na caixinha e que vive o conto de fadas uns anos depois.

Sabia e, ainda devo saber, as letras dos primeiros álbuns de cor.

Não havia grande coisa a que uma rapariga da aldeia se pudesse agarrar, não tinha amigos que gostassem das mesmas coisas, não andava na escola e aquilo conduziu-me a um mundo de almofadas em que me adorava recostar.

Os anos foram passando e como em todas as paixões, há sempre uma parte que trai a outra.

O amigo da menina de cabelos negros foi embora e, seguiram-se-lhe os seus comparsas, reparei que a voz dela ao vivo não era grande coisa e que não passavam do tal produto polido, bem masterizado e oleado por uma multinacional, que subiu dez caleiras de uma só vez e ficou lá em cima, recostadinho.

Mas, como a senhora de negro um dia disse: não importa de onde vens mas para onde vais.

Desde então ganhei asco a bandas com vocalista feminina e descobri que há senhoras que elevam a fasquia até ao paraíso, que há senhores de negro que fazem música negra para valer, sem maquinarias industriais a limarem-lhes as arestas até ao tutano, apenas porque é assim que o coração lhes canta, à janela em noite de lua cheia.

Senhores, que mesmo vestidos de amarelo continuam vestidos de negro e te levam ao inferno.

Descobri que as almofadas se haviam multiplicado e tornado mais escuras.

Os Evanescence não eram, nem são nada de transcendental mas abriram tantas portas, para mim e para todas as bandas que jogavam no mesmo relvado.

É certo que, levaram a um público habituado a comida de consumo rápido, a vontade de espreitar para coisas mais negras mas as modas, não passam disso, de modas.

A vergonha deu lugar a indiferença e deixei-os numa gaveta, perdi-lhes o rasto.

No entanto, aprendi uma grande lição, quando as pessoas falam entre si empoleiradas em caleiras consoante a imagem que o espelho lhes devolve, podemos envolvê-las em renda bem bonita e sorrir, enquanto lhes virámos as costas porque por mais que se envolvam nela, o coração há-de sempre cheirar a podre.

Voltando ao assunto, o novo álbum (que por acaso ouvi) a bem dizer é uma bela merda.

Todavia, continuo a gostar de muitas das músicas que fizeram, continuo a gostar do conceito e da estória da menina triste e do menino que compunha para ela... e que belo nome para uma banda, hã?

 

I still remember the world

From the eyes of a child
Slowly those feelings
Were clouded by what I know now

 

Excerto do tema Fields of Innocence dos Evanescence/Excerpt from Evanescence's song Fields of Innocence

publicado por Ligeia Noire às 02:16
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04
Fev 12


Mais um Sábado, não é?

Gosto muito de Sábados, são calmos e introspectivos.

Oiço um belo álbum, duma bela banda e a noite vai longa, quase a beijar a madrugada.

Magnífico céu, cheio de belas e castas estrelas, o frio espalha-se pelos dedos e torna tudo, ainda mais precioso.

Têm sido dias nebulosos, ou melhor, dias que não acontecem.

Dias que usam de demasiado tempo e que, provavelmente, um dia ressentirei mas, quanto a isso, nada posso fazer, sou assim, desatada.

A minha impulsividade, afinal, nem sempre é coisa má, perco o interesse pelas coisas, facilmente, e isso é eficaz.

No entanto, esqueço-me dos motivos pelos quais certas figuras, de um momento para o outro, me cruzaram os dias e as palavras.

Que nevoeiro me encontrou os olhos para que lhes abrisse a vedação de loureiros?

Há muito sal, muito sal nos seus actos, muita vontade de me verem, assim fraquita e de meias rotas.

Há uma coisa que estas figuras precisam de enfiar em todos os neurónios das suas lindas cabacitas cor-de-laranja:

Para que as minhas roupitas se rasguem, os meus olhos semeiem lágrimas e os meus joelhos provem o alcatrão, vossas mercês precisariam de ser limpas, precisariam de saber ultrapassar a sebe, aliás, quem vo-la abriu fui eu, quem vo-la fechou, adivinhem?

Ah pois é, que chatice também foi aqui a sarnenta.

Confesso, que me irritam mas apenas e só aquele leve desdém que causam as figuras que mentem.

Isso, mentir.

Vossas mercês não são limpas de alma e eu não gosto disso, para quê desdenhar os picos nos caules dos outros quando esses outros, pelo menos, andam sempre de mangas arregaçadas?

Quem se poderia enganar assim?

Só cegos de espírito não dariam pelos espinhos porque os de corpo, com certeza já os sentiram.

Prezo, de sobremaneira, os que demonstram toda a sua vileza tal e qual como os frascos de produtos tóxicos, as etiquetas são tão úteis, só se aproxima, por conta e risco, quem quer.

No entanto, há os dúbios, os que caem em espaços cinzentos, esses são os mais rudes.

Andam sempre de mangas descidas e lucram de espirituosidade e escassez de tempo.

Tempo, para lhes medir o pulso em abundâncias que se tornam ainda mais caudalosas quando mentem de cima de duas ou três caleiras, não há.

Eu sei que fico pequenita e insignificante vista daí mas não se preocupem meus amores, o brilho dos vossos dentes alumia-vos as crateras, mesmo para os mais vesgos.

E era só isto, irritais-me criaturas, irritais-me.

Nada mais.


publicado por Ligeia Noire às 01:57
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