Mais um Sábado, não é?
Gosto muito de Sábados, são calmos e introspectivos.
Oiço um belo álbum, duma bela banda e a noite vai longa, quase a beijar a madrugada.
Magnífico céu, cheio de belas e castas estrelas, o frio espalha-se pelos dedos e torna tudo, ainda mais precioso.
Têm sido dias nebulosos, ou melhor, dias que não acontecem.
Dias que usam de demasiado tempo e que, provavelmente, um dia ressentirei mas, quanto a isso, nada posso fazer, sou assim, desatada.
A minha impulsividade, afinal, nem sempre é coisa má, perco o interesse pelas coisas, facilmente, e isso é eficaz.
No entanto, esqueço-me dos motivos pelos quais certas figuras, de um momento para o outro, me cruzaram os dias e as palavras.
Que nevoeiro me encontrou os olhos para que lhes abrisse a vedação de loureiros?
Há muito sal, muito sal nos seus actos, muita vontade de me verem, assim fraquita e de meias rotas.
Há uma coisa que estas figuras precisam de enfiar em todos os neurónios das suas lindas cabacitas cor-de-laranja:
Para que as minhas roupitas se rasguem, os meus olhos semeiem lágrimas e os meus joelhos provem o alcatrão, vossas mercês precisariam de ser limpas, precisariam de saber ultrapassar a sebe, aliás, quem vo-la abriu fui eu, quem vo-la fechou, adivinhem?
Ah pois é, que chatice também foi aqui a sarnenta.
Confesso, que me irritam mas apenas e só aquele leve desdém que causam as figuras que mentem.
Isso, mentir.
Vossas mercês não são limpas de alma e eu não gosto disso, para quê desdenhar os picos nos caules dos outros quando esses outros, pelo menos, andam sempre de mangas arregaçadas?
Quem se poderia enganar assim?
Só cegos de espírito não dariam pelos espinhos porque os de corpo, com certeza já os sentiram.
Prezo, de sobremaneira, os que demonstram toda a sua vileza tal e qual como os frascos de produtos tóxicos, as etiquetas são tão úteis, só se aproxima, por conta e risco, quem quer.
No entanto, há os dúbios, os que caem em espaços cinzentos, esses são os mais rudes.
Andam sempre de mangas descidas e lucram de espirituosidade e escassez de tempo.
Tempo, para lhes medir o pulso em abundâncias que se tornam ainda mais caudalosas quando mentem de cima de duas ou três caleiras, não há.
Eu sei que fico pequenita e insignificante vista daí mas não se preocupem meus amores, o brilho dos vossos dentes alumia-vos as crateras, mesmo para os mais vesgos.
E era só isto, irritais-me criaturas, irritais-me.
Nada mais.