“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

28
Fev 12


Ora bem, pareceu-me ser responsabilidade minha deixar-te secar.

Pareceu-me ser da minha responsabilidade sair do tabuleiro.

Depois de tanto e de tudo descer, ir embora, assim, tão facilmente, pareceu-me absurdo.

Um dia, bem cedo, levantei-me, arranquei a raiz das minhas terras e, sobriamente, saltei para a outra margem, puxei o capuz, atei os cordões e abri caminho.

Bonito e simples.

Aprendi que da gaveta saías com facilidade.

Reparei que a superfície onde dançava era minha e que apenas tinha de a tornar mais estreita e escura.

Portanto, flor-selvagem, não faças isso, não.

Apesar de toda a facilidade com que cheguei a esta conclusão, foi preciso trilhar um caminho bastante esburacado para a conseguir agarrar com as duas mãos e sem unhas.

De todas as vezes que quis saltar, de todas as vezes que quis deixar de te regar, tu voltavas sempre e escacavas o vaso recém-colado.

Percebi que era eu quem devia jogar primeiro, percebi que o canteiro era meu.

É a última casa na floresta, talvez a encontres porque recordas o perfume ou talvez porque talhaste a madeira de que é feita mas, não batas à porta, não batas, tenho o sono tão leve... é tão pequenino e indomado este meu sono.

Demasiado leve, meu amor, demasiado leve, ao contrário do meu coração, esse é pesado e bolorento como um cogumelo dos sapos e não se coaduna com urze de meia-noite.

Vai embora, as noites ainda estão frias, leva uma vela para te alumiar os carreiros e espero que chegues a casa, um dia.

Com amor:  

Dama de paus 

publicado por Ligeia Noire às 22:55

mais sobre mim
Fevereiro 2012
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4

5
6
7
8
9
10
11

12
13
14
15
16
17
18

20
22
23
24
25

26
27


Fotos
pesquisar
 
arquivos
subscrever feeds