Na Sexta-feira, quando entrei no expresso que, para variar, vinha cheio, sentei-me na fila do fundo.
O rapaz do lado ouvia música, o do outro, com a guitarra guardada no saco em cima do banco, ia tentando decorar o que se desenrolava num maço de papeis que pela estrutura se revelava numa peça de um qualquer dramaturgo.
À frente dele uma rapariga dormia de corpo espraiado e, na fila ao lado, um rapaz memorizava conceitos que me pareciam de linguagem jurídica mas que pelos vistos eram do domínio da filosofia, a mesma coisa, portanto.
Não uso perfume, não gosto.
Já me basta o cheiro do champô, do sabão e do gel de banho, no entanto, adoro aromas acres: o das pinhas, o dos malmequeres bravos, o da resina, o do álcool etílico, o da aguardente e quejandos.
O rapaz que lia a peça, exalava um odor resinoso e bravio que memorizei para mais tarde coleccionar.
Não lhe quis colher os traços, não importavam, importava, isso sim, a sensação que ele me proporcionava.
Gosto destas viagens porque enquanto estou em andamento, não estou em lugar algum, nem pertenço a estória nenhuma, estou no por acontecer.
É verdade, na cidade anterior, enquanto esperava e lia a revista do costume, vi o outro.
Há uns bons tempos que não lhe encontrava os olhos.
Continua em cima do escadote, acho que lhe fariam bem duas ou três cordas nos pulsos mas voltando ao assunto, tudo isto tinha, obviamente, de ser regado com notas musicais e as que se seguem estão em ininterrupto estado de fruição desde esse dia.
Não sei porquê, gosto da letra, gosto da voz, gosto da simplicidade e gosto de gostar dela sem razão, só porque me faz sentir bem.
You are a cancer spreading its wings
So selfishly unaware to the things
Your existence is doing to my well being
I feel my heart leaking
(You!) Start as a fissure, a crack in the skin
(You!) Become an ulcer permeating
If I had known all that you’d do
Would it hasten what I’d do to you?
I don't want to hate you, but how could I not?
You killed off so much I held dear in my heart
Take away every single pain
That infects each and every day
I will bury you once and for all
You're a monster, you're built to fall.
It's getting harder and harder to breathe
Choking on the same air as a walking disease
You are the thing that's killing me
From the inside out, let me be
I don't want to hate you,
But you killed off everything in my heart
Take away every single pain
That infects each and every day
I will bury you once and for all
You're a monster, you're built to fall
You've got your war against my head
Push that button, make it end
You've got your war against my head
Push that button, make it end
Take away every single pain
That infects each and every day
I will bury you once and for all
You're a monster, you're built to fall
Lyrics by Trivium/Letra dos Trivium