Não sei, foi tão estranho, aliás, está a ser tão estranho…
Ainda não sei explicar o que é.
A expressão, o rosto… é como se já nos tivéssemos conhecido, é como se ao olhar para ele se me extinguisse a raiva.
Como se já o conhecesse?
Não, não é isso… não sei, sei que reconheci alguma coisa.
Sei que algo em mim se coadunou com algo dele.
Se eu fosse um leucócito, mesmo nunca me tendo cruzado com ele por vasos ou capilares, jamais o trataria como um antigénio.
É como se nele, a presença do divino fosse menos distorcida.
A primeira vez não foi assim, estava escuro e eu estava com fomes vorazes de violência, o agora, o instante... era apenas para isso que me conduzia.
Não o vi bem, não me demorei no mundo dele, precipitada e erradamente, achei que se tratavam de coisas verdes e paz e harmonia e outras tolices.
Como fui infantil e cheia de mim.
Ele é tão sereno, tão demorado, mais subtil e delicado que a mais bela das mulheres.
Os olhos de longas pestanas, a forma e a expressão nele e dele são indissociáveis.
É como se ao olhá-lo, de repente, tudo fosse calma e mar à chuva.
Que bonito.
Que bonito, sim.