“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

29
Mai 12


The Virus of Life

 

I can see you but you can't see me

I could touch you and you wouldn't even feel me

Wait a second and you'll settle down

I'm just waiting, 'til you really let your guard down

You're relaxed, you're sublime, you're amazing

You don't even know the danger you're facing

If I'm quiet, I'll slide up behind you

And if you hear me I'll enjoy trying to find you

 

I've been with you all day

I'm trying to stay calm


I'm impatient and it's really hard to breathe

I'm going to empty you and fill you in with me 

 

Just keep the violence down

Not yet - don't make a sound

Oh God I'm feeling it

It's reaching fever pitch

My skin is caving in

My heart is driving out

No mercy, no remorse

Let nature take its course


Watching - Bring me to my knees

waiting - I am your disease

Lover - set my symptom free

Covered - you won't feel a thing

You can't feel a thing

 

(shh, wait, shh, no, wait, wait, no, shh, wait, wait, not yet, no, wait, wait)

 

I'm sweating through my veins

I'm trying to hold on

It's unbearable, it's almost worse for me

I'm going to tear you apart and make you see


Watching - Bring me to my knees

Waiting - I am your disease

Lover - set my symptom free

Covered - you won't feel a thing


This is the virus

The virus of life

This is inside us

The crisis, the knife

This is the virus

The virus of life

This is inside us

The crisis, the knife


It's almost time to play

It's time to be afraid

I can't control the pain

I can't control in vain

Oh God I'm ready now

You're almost ready now

I'm going to love you now

I'm going to break put you down

 

I see you in the dark

I see you all the way

I see you in the light

I see you plain as day

I want to touch your face

I wan to touch your soul

I want to wear your face

I want to burn your soul 

 

Watching - Bring me to my knees

Waiting - I am your disease

Lover - set my symptom free

Covered - You can't love me


This is the virus, the virus of life

 

Lyrics by Slipknot/Letra dos Slipknot

 

 

Post Scriptum: é sempre o segundo momento, o forçado que me atrai, sempre. É linda, não é? Quase que sinto as unhas nas costas. 

 

 

publicado por Ligeia Noire às 21:31
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27
Mai 12

 

I


É preciso saber gerir a sede, pelo menos a percepção que os outros têm dela, é preciso parecer lilás aos olhos do dia para ser digna da mais negra bênção no desaguar da noite.

É por isso que jamais gostei de vampiros espalhafatosos.

Não quero que me saibam as vontades, os detalhes, as doses, a ruína das necessidades e dos desejos.

Se descobrir que é a dama de paus que seguras junto à boca, com essas unhas inumadas e, mesmo assim assumir que quero ser jogada em tabuleiro aberto, o que faz isso de mim?

Se eu me quiser talhar, dessubstanciar, recortar, terei direito ao anonimato nos teus dias?

A Maria vestida de vermelho, como não poderia deixar de ser, estava ajoelhada na erva do pastoreio com um cordeiro bem branquinho ao colo. 

II

 

"Vais sempre menina. Vais sempre e eu só tenho de esperar que voltes, eu uivo"

Aprazi-te assim?

Foi do teu gosto que me deixasse espalhada e confundida no meio de malmequeres bravos?

Não há perfume igualável.

É dali que se sobe e é dali que se começa.

Percebi a oferta não pronunciada e aceitei-a sem to dizer.

Já oiço o teu escárnio daqui, já oiço os teus olhos a derramarem risos absurdos para cima de unhas ao nível dos lábios…

"Não estavas absorta pelos vales e silvados do sujeito demorado? Não era ele a tua musa, o teu espaldar de racionamento?" 

Ah Sangue bravio... não foi, não foi, não poderá jamais coadunar-se comigo.

Sou suja demais para ele, continuo a mergulha-lo mas não o posso beber.

Somos substâncias imiscíveis.

Pranteio mas não posso refazer-me para que ele me consiga afagar o cabelo.

Continuo e prossigo no negro azeviche do meu ninho.

Reconheces-me e reconheço-te dentro da mais pura negritude porque somos bichos de beiradas de precipícios.

O meu arco também é vermelho. 

 

Drink up sweet decadence
I can't say no to you
And I've completely lost myself and I don't mind
I can't say no to you 


(...) So take care what you ask of me... 

 

Excerto de Good Enough dos Evanescence/Excerpt from Good Enough by Evanescence

publicado por Ligeia Noire às 18:32
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22
Mai 12


Are you in

Or are you out?

Words are stones

In my mouth

Hush little baby

Don't you cry

Truth comes down

Strikes me in the eye

Turning seasons within

Brand new nails across my skin

Who am I to imply

that I was found and I found you in the white?

To overcome this I become one with

quiet colder late November

If you don't see I remain unseen

Untill it's time to be rememebered

So I had a green light

I was lost in city lights

Not so far from a try

This is not our last good bye

Don't you cry...

So I found you

found the way all through

the quiet cold of inner darkness

now that you're here

it becomes so clear

I have waited for you always

 

In the White dos Katatonia/In the White by Katatonia

publicado por Ligeia Noire às 22:26
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20
Mai 12


Já aqui falei de ti ainda que brevemnte e, hoje, queria poder criar uma redoma para que um pouco de ti se estabelecesse perto mas não consigo encontrar palavras que sirvam.

Estou apaixonada pelo miolo dos teus olhos, pelo tamanho dos teus cabelos, pela gracilidade das tuas mãos, pela boca menina e rosada que se orla e sacia de enoquiano, pelo teu corpo doseado em cada passo.

Assaz arrebatada pelo que este encerra, é isso, nunca me senti tão sequiosa.

Não quero que amanheça, não quero que amanhã seja Segunda-feira, quero que me dês das tuas sementes, para que as cubra de terra negra e fresca e se faça sempre Primavera no meu cemitério.

És tão belo.

Tão doce, tão teu, tanto de ti é noite estrelada à beira-rio, tão lírio branco, tão coisa de cima.

Estou enamorada pela forma como as tuas longas pestanas te guardam os olhos, pelo gosto e pela beleza que me trazes.

És o meu estro aqui e agora.

De que arbusto brotaste?

De que mar nocturno emergiste?

Ah Deus! Que inútil escrever sobre ti... estou tão apaixonada por raios e esgares e gestos e assomos de graça, sinto-me branda e abençoada.

Tão elevada, como se estivesse envolvida pelo cabelo do Salvador e, num manto sem cor descritível, me achasse nua e interrompida, longe, longe daqui, longe de tudo.

Fazes-me lembrar todas as pedras de quartzo que encontrei ao longo da vida e que quis roubar do sol ao guardá-las na gruta de onde bebo água.

Não te quero para mim, quero que continues a crescer e te estendas, ó minha aradeira bravia, por tudo o que eu conseguir alcançar.

Amo-te inteiro e mais um pouco.

És todas as coisas calmas e demoradas.

Tão imersa neste estado de arroubamento que ainda não te consigo… não, não consigo.

Não pertences aqui, deixa que o escreva, tu sim, tu, Ser que comunga da Mãe-Terra e que tem o avesso de reflexo lunar revestido, tu, não és, pois, daqui.


publicado por Ligeia Noire às 23:06

16
Mai 12


E digo-me, não escrevas porque hoje não é remédio.

Já se sabe que é tudo sujo e podre.

E continuas a contornar o poço, assim não vale a pena, não podes construir uma casa em cima da que já existe.

Como se acordasses num quarto tomado pelo fogo e não fosses capaz de o apagar, assim como de chamar por auxílio.

Não podes mostrar o que está lá no fundo e como não o mostras pagas por isso, tens de te comportar como se tivesses um prato de porcelana inteiro, como se tivesses começado pela primeira caleira quando nem sequer havia por onde subir.

Habitua-te porque tudo fica sempre pior, se calhar até tu Supremo, até tu te irás.

É que teceste o meu carreiro com tantas malhas, tantas… às vezes acho que não gostas de mim duas vezes.

Há uns dias acordei sem saber onde estava nem que dia era, foi preciso correr um pouco a cortina para reconhecer o hospício.

E vou continuar a fazer ninho à volta do incêndio.

Não esperes mais de mim no que diz respeito a este eterno rosário porque nada dele posso desfiar aqui, oxalá fosse poetisa ou pintora para compor o ramalhete em tons cerrados, oxalá fosse feliz e a filha negra não existisse e não precisasse, constantemente, de escrever.

Oiço uma das novas canções dos Anathema. A dado momento a voz feminina entoa:

Why I should follow my heart?

Não, não há porque seguir o coração, aliás, a emotividade é um belo dum entrave.

Agora que penso nisso… tive um namorado que, a páginas tantas, me acusou de ser fria, não percebi um caralho do que ele quis dizer com aquilo, pois não me fazia sentido, mais um cravo no caixão branco, mais um que não fazia a mínima ideia de quem era aquela rapariga para quem estava a olhar.

Se queria dizer que os meus olhos só brilhavam quando ia para o campo, quando ouvia, tinha e entrava na minha música, quando tinha dinheiro, quando os arbustos floriam pelas ruas ou quando provei vodca finlandesa na tasca da rua... com as moças de... da cidade, de... Então entendo e assinto.

Nunca pedi desculpa porque tenho o símbolo dos quatro cantos bem visível.

Nunca fui feliz por andar de mão dada, mas já fui feliz quando me ofereceram a poesia do Mário de Sá-Carneiro completa, quando atei um cordel azul na sapatilha de uma rapariga de olho azul, quando comprei o meu primeiro disco da Diamanda Galás, num sítio que, ainda por cima, estava a passar um tema de Suas Majestades Infernais, ou em todas as vezes que ando à chuva, a sério.

Quando provei o mar de Inverno com a-rapariga-que-tem-nome ou, ainda, quando descobri que há flores que ao invés de se deixarem colher nos ceifam para si.

Meio caminho andado para a felicidade, se se souber que ela é fragmentada e de instantânea compleição, assim como o leite com chocolate em pó.

Por falar em chocolate, sinto-me feliz sempre que sei ter quatro ou cinco tabletes guardadas.

Sou feliz numa hora, sou feliz pelas coisas e pelos instantes, a felicidade não dura mais do que uma rosa em flor.

publicado por Ligeia Noire às 03:00

13
Mai 12


A brisa continua a transportar o som

Se calhar desaparecerei…

O rasto perder-se-á na neve

não me vais encontrar aqui


Gelo começa a formar-se

terminando o que começou.

Estou trancado na minha cabeça

com aquilo que fiz.

 

Eu sei que tentaste resgatar-me

não deixar que ninguém entrasse.

Deixado com um rasto do que foi

e do que poderia ter sido


Por favor

pega nisto

e foge para longe

longe de mim


eu estou…

manchado.

Nós os dois

nunca estivemos destinados a ser.


todos estes…

Bocados

e promessas e abandonos…


Se pelo menos eu pudesse ver

no meu

nada

tu eras tudo

tudo para mim


Ido, desvanecendo

tudo

e

tudo o que

poderia ter sido

e tudo o que poderia ter sido


Por favor

pega nisto

e foge para longe

tão longe quanto o que conseguires alcançar


eu estou

manchado

e felicidade e paz de espírito

nunca foram para mim


e todos estes

bocados

e promessas e abandonos…


se pelo menos eu pudesse ver

no meu

nada

tu eras tudo…

tudo para mim

 

Tradução livre do tema "And all that could have been" dos NIN/ Free translation of "And all that could have been" by NIN  

 

Post-Scriptum: Como tenho montes de coisas para fazer decidi não fazer nada.

Fui um pouco herética por traduzir uma das mais belas canções e letras que conheço, tentei ser fiel às palavras, (trigo limpo, farinha amparo) e também àquilo que a música é, sem tentar adicionar sentidos, sei que o senhor deixou versos ambíguos, sem sujeito definido, frases partidas e etc. e tal, propositadamente.

 Ontem, muito à noite, sentada numa cadeira de uma sala e com a janela escancarada, o calor era considerável e as pessoas continuavam a viver por debaixo da janela que abri.

Levantei-me e pousei a cabeça no parapeito e fiquei ali, um bocado, a vê-las viverem.

Crianças que corriam e gritavam constantemente, daqui para ali e depois para o antes, ciganas de cabelos impossíveis em grupos e riam e falavam enquanto os homens lavavam carros e estacionavam carrinhas.

Ele deixa uma frase propositadamente ambígua que eu acho reveladora:

Didn’t let anyone get in

Quem?

A pessoa que o tentou salvar, que tentou resguardá-lo da selva?

Ou será que foi ele mesmo que não deixou que ninguém entrasse, nem aqueles que o tentaram proteger?

Assim como:

Left with a trace of all that was and all that could have been

A vileza que é estar ali, frente a frente com o acabrunho de nós, com uma das folhas da árvore da vida, com um vislumbre do que podia, podia, podia, podia, podia mas não foi.

Lá longe, havia néones de coisas que vendiam coisas e cá perto, continuava o burburinho de pessoas que, para além de existirem, também eram.

Um gato magro, preto e branco ia atravessando tudo à procura de qualquer coisa, comida talvez, passeava-se devagar, por entre os agarrados que davam sinal codificado a brancuras ou transparências que tardavam em chegar para que pudessem ser conduzidos a uma qualquer masmorra que, outrora, se vestiu de castelo instalado nos píncaros.

Sentei-me outra vez e o barulho foi indo embora, restava apenas o gato, a terra sem erva, algumas janelas iluminadas e uma grande, uma melancolia sem tamanho que atravessava o mundo de um lado ao outro.

Era tarde mas não queria adormecer, não queria que o amanhã, que na verdade já o era, chegasse definitivamente, mas ele chegou e chega sempre e eu tenho de lhe abrir o corpo e ir com ele.

Dizer que gosto desta canção é dizer metade.

Dos meus olhos não a vejo como sendo sobre o amor, sobre o par, sobre o desgosto mas sobre o individuo, sobre a escada que erguemos e para onde subimos (não de onde mas para que), simplesmente, nos possamos avistar aos tropeções cá em baixo, sem fazermos porra nenhuma, é sobre irmos embora, irmos sempre embora.

É aquele momento em que admitimos saber que nos assemelhamos àquele puzzle velho que arrumámos há muitos anos, à pressa, num caixote qualquer.

Um dia lembrámo-nos dele e fomos, portanto, buscá-lo e reparámos que faltava uma peça: "é inútil", concluímos.

Marcado, estragado, corrompido, manchado, gosto da palavra estragado, ou melhor, gosto da sua acepção.

Estou estragada.

E acho que foi isso que vi ontem, o que poderia ter sido feito de mim, do meu carreiro, da minha vontade, do meu coração e do meu corpo.

A minha alma, como diz acima, não está guardada ou perdida cá dentro, está mesmo trancada, o som da palavra traz aloquetes, ferrolhos, correntes de aço e fundos do mar onde está o anjo fugido, sem migalhas de cinzas que nos levem até lá, para que nos salve.

Eu estou toda trancada, não no azul-escuro de águas silentes de juncais mas, como não poderia deixar de ser, numa qualquer caverna de uma particular floresta negra, os meus passos foram cobertos pela neve que eu quis que caísse porque cai sempre, cai continuamente, cai hoje porque caiu ontem e cai, cai, cai porque é de sua intenção cair.


publicado por Ligeia Noire às 14:50

11
Mai 12

 

Também é preciso deixar que aconteça, é preciso largarmos as cordas, é preciso deixarmo-nos cair.

Apaixono-me todos os dias por aquilo que amo.

É uma delícia sabermo-nos dentro do círculo mágico.

Vivo dentro de coisas feias mas tenho-as, de pérolas, revestidas.

Um dia, vi um caído e nunca escrevi sobre isso.

Se me perguntares como se afigurava, eu não te saberei esclarecer porque estando viva, morri, e depois de morta acordei sonhando.

Por poder vê-lo, dormi a noite numa cidade estranha, em cima de um banco prateado.

Eles, eles que já não escrevem e nem sei se vivem, eles que eram os últimos, abriram-me os portões para que o visse e para que, de lá, jamais saísse.

E como poderia eu querer sair do sítio onde os meus olhos desconhecem a domino?

Continuo a achar que o Homem de sorriso de sardão foi um órfão, criado por um monge lá longe e ela, a Senhora de Negro.

E, levei o meu tempo a bebê-los e, levei as minhas mãos a enlaçarem as deles e, devagarinho, enquanto não me sentia segura, fui-lhes piscando os olhos, depois…. Depois era eu e eu, fui eu e eu e descobri portas e portinholas em carreiros desconsertados, pelos portões de ferro cingidos.

E, num "era uma vez", houve uma vez cheia de sorte, cheia de acasos e, bafejada pelo Senhor da luz completa que me levou à cidade estranha, onde o caído nasceu do nevoeiro e onde fui a Laura pela primeira vez.

 

Come in from the cold

I'll owe you my heart

Be my shelter… be my refuge for the night

Love of my life

Pour your light

On the faith I can feel

Make it real

In her sleep

 

E sim, tu deste-me a tua espécie de céu.

 

publicado por Ligeia Noire às 01:43

08
Mai 12


Não tens o que é preciso para que eu te sirva de tapeçaria ornamentada, se pensas que vou percorrer todo o círculo novamente e, em tom elegíaco cantar a minha morte certeira, enrola-te em teias de aranha e sê deglutido pela Rainha-mãe.

De joelhos, a escavar por entre a lama e o musgo, enquanto pego pelo abdómen de vermes que guardo no bolso, podes bem morrer sentado.

Sabes, fiz uma descoberta achocolatada hoje e sinto-me contente.

É, industrialmente melhor, odiar do que amar, ambos necessitam de violência, ímpeto e intensidade mas o primeiro estado é bem mais estimulante.

Engraçado, estive a ver mais um episódio da série «Sobrenatural» onde a minha personagem favorita disse de levezinho, como se fosse facilmente reconhecível por todos, como vivemos num universo "triste" que foi desenhado para criar conflito.

Isto é, por que deveria eu progredir graças ao teu fracasso?

Mas estas são as regras.

As coisas simples, a verdade.

Desci para lá do subsolo, a eterna caída mas não vou descrever-te como resvalei pelas paredes musgosas.

Há quem se venha com descrições semelhantes e eu não procuro o grotesco, acontece-me gostar de alguns dos fios que o tecem, não por mero jogo de menina aborrecida mas porque daí nasci e dele partilho.

Há tanto que ninguém sabe, só o Supremo, porque vê sem falar.

Tenho vergonha que o tenha visto mas ninguém o manda ter olhos sem pálpebras.

Foi preciso degustar o pó para perceber que quem manda aqui sou eu, quis forçar-me ao enamoramento, estava tão deslumbrada pela adrenalina de saber como é, que não quis reconhecer a minha incompetência em atingir tal estado.

Tenho pena mas a caixinha em que vim era aguda.

Conheci o avesso das sensações de uma maneira sórdida.

Aproximo-me de ti sempre, não consigo, aí admito a minha culpa, a minha miséria, a minha humilhação, como disse noutra folha branca, eu vejo-me a fazê-lo e não consigo parar, maquiavelicamente não me quero parar.

Tens rebuçados de que eu também preciso, vício, vício, vício nauseoso.

Gosto muito de mim com os olhos raiados, gosto muito de mim cheia de seiva cáustica, gosto muito de mim assim porque, quando assim estou, o meu dorso torna-se impenetrável e rebentam-me espinhos primaveris.

E, hoje, não quero usar o teu nome, sinto-lhe asco.

Nunca te fui boneca sem o querer primeiro, a batalha nunca foi entre nós os dois, foi sempre entre mim e mim.

A única coisa que ressinto, deveras, é saber que pensas que te amo quanto apenas te careço, como de um ingrediente.

Sou sempre eu e a minha filha negra mas isso não to posso revelar porque deixarias de deixar que te atasse os cordéis.

E agradeço ao maldito por me ajudar a conspurcar-me e a saber usar as larvas para me suster neste mundo pútrido.

Afinal de contas somos os filhos de Caim.

publicado por Ligeia Noire às 13:43

05
Mai 12

 

I  

As coisas não têm estado fáceis, acho que se coadunam com o tempo.

No entanto, devo confessar que gosto deste Maio agreste.

Há bocado, preferi nem abrir o guarda-chuva e comecei a rir, já devo ter chegado à casa da insanidade.

Gosto mesmo muito quando está de noite e a chuva bate na janela e o vento sopra e sei que lá fora está muito escuro e que há reis e rainhas, cavalos, esquilos, gatos a espreitarem em cada esquina.

Ok, chega de tolices…   

II

 

Já muitas vezes o disse e se não fui explícita o suficiente, sê-lo-ei agora.

No outro dia, foi-me perguntado o que não gosto nas pessoas e o que não gosto nas pessoas é a pancada de bolacha-extra, detesto manias de essencialismo, detesto poleiros, aliás, sou incapaz de estar sentada numa esplanada, o que já de si é raro, se estiverem trolhas, carpinteiros ou demais obreiros nos seus postos, deve ser por toda a minha parte familiar masculina trabalhar nas obras ou, então, é porque não tenho qualidades de bolacha.

Bem, resumindo não tolero isso em ninguém, seja até em artistas que aprecie bastante, esses, que já em si mesmos vivem metidos.

Meus caros, achem-se superiores mas coloquem o manto e o ceptro longe, longe violeta.

Escumalha.

Odeio conspurcar com cisco alheio o meu caderno mas, às vezes, é necessário.

  

III


Descobri que tenho de me manter forte e amuralhada porque, às vezes, faço a diferença para os alguns que interessam, hoje fui a portadora de luz e fui feliz.

O que não torna as coisas mais simples, bem pelo contrário, as minhas costas dobram-se ainda mais mas se apenas as curvar no escuro do quarto, está tudo bem.

E tudo me corre como água de correr e não sei mais porque se mexem as minhas mãos, onde estou e porque estou, vou sem ir, vou sempre sem ir.

Nada me interessa?

 IV

 

E, por último, sim já sabia que ias dizer isso, agora já está.

É por seres feito de quitina, índole discreta, nocturna e fodida, é não é?

Mas escusas de descer a culpa porque quem começou foi ele, eu apenas lhe pedi que parasse.

Tenho todo o direito de me sentir estupefacta, então ele falou como se me tivesse visto ontem, como se a ponte nunca tivesse descido!

Foda-se e quando voltei a falar com ele, quando sabia que o ia fazer, foi quase como se me estivesse a ver de cima, assim à maneira da Camilla Gibb, como se me presenciasse a saltar a margem e a não fazer nada para o impedir.

Não sei se sou fraca, se abri precedentes, não posso dizer que não quero saber porque quero mas senti-me tabuleiro aberto em dia do Sétimo Selo.

V

 

E depois isto junta-se àquilo e fico assim, a dizer bons-dias quando o sol vai alto, acamado nalguma nuvem por onde perdi o sentido todo.

publicado por Ligeia Noire às 01:27

04
Mai 12

 

Come by, my father, look

Come and see my fall

For I collected all the light


Excerpt from "Eribo-I collect the stars" by Lantlôs/excerto da autoria de Lantlôs

publicado por Ligeia Noire às 00:16
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