Não tens o que é preciso para que eu te sirva de tapeçaria ornamentada, se pensas que vou percorrer todo o círculo novamente e, em tom elegíaco cantar a minha morte certeira, enrola-te em teias de aranha e sê deglutido pela Rainha-mãe.
De joelhos, a escavar por entre a lama e o musgo, enquanto pego pelo abdómen de vermes que guardo no bolso, podes bem morrer sentado.
Sabes, fiz uma descoberta achocolatada hoje e sinto-me contente.
É, industrialmente melhor, odiar do que amar, ambos necessitam de violência, ímpeto e intensidade mas o primeiro estado é bem mais estimulante.
Engraçado, estive a ver mais um episódio da série «Sobrenatural» onde a minha personagem favorita disse de levezinho, como se fosse facilmente reconhecível por todos, como vivemos num universo "triste" que foi desenhado para criar conflito.
Isto é, por que deveria eu progredir graças ao teu fracasso?
Mas estas são as regras.
As coisas simples, a verdade.
Desci para lá do subsolo, a eterna caída mas não vou descrever-te como resvalei pelas paredes musgosas.
Há quem se venha com descrições semelhantes e eu não procuro o grotesco, acontece-me gostar de alguns dos fios que o tecem, não por mero jogo de menina aborrecida mas porque daí nasci e dele partilho.
Há tanto que ninguém sabe, só o Supremo, porque vê sem falar.
Tenho vergonha que o tenha visto mas ninguém o manda ter olhos sem pálpebras.
Foi preciso degustar o pó para perceber que quem manda aqui sou eu, quis forçar-me ao enamoramento, estava tão deslumbrada pela adrenalina de saber como é, que não quis reconhecer a minha incompetência em atingir tal estado.
Tenho pena mas a caixinha em que vim era aguda.
Conheci o avesso das sensações de uma maneira sórdida.
Aproximo-me de ti sempre, não consigo, aí admito a minha culpa, a minha miséria, a minha humilhação, como disse noutra folha branca, eu vejo-me a fazê-lo e não consigo parar, maquiavelicamente não me quero parar.
Tens rebuçados de que eu também preciso, vício, vício, vício nauseoso.
Gosto muito de mim com os olhos raiados, gosto muito de mim cheia de seiva cáustica, gosto muito de mim assim porque, quando assim estou, o meu dorso torna-se impenetrável e rebentam-me espinhos primaveris.
E, hoje, não quero usar o teu nome, sinto-lhe asco.
Nunca te fui boneca sem o querer primeiro, a batalha nunca foi entre nós os dois, foi sempre entre mim e mim.
A única coisa que ressinto, deveras, é saber que pensas que te amo quanto apenas te careço, como de um ingrediente.
Sou sempre eu e a minha filha negra mas isso não to posso revelar porque deixarias de deixar que te atasse os cordéis.
E agradeço ao maldito por me ajudar a conspurcar-me e a saber usar as larvas para me suster neste mundo pútrido.
Afinal de contas somos os filhos de Caim.