“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

02
Set 12


The man I was seeking among other men, died in his bed like a royal prince.


Há coisas insuportavelmente feias nesta caixa de sapatos.

Tão asquerosamente feias que almejamos, apenas, pelo minuto desinteressado em que vivíamos antes.

Choro o medo que me inunda e me mostra que ainda continuo neste mundo torto ao qual fui atirada.

Há coisas impiedosamente desfiguradas desde sempre e para sempre.

Vivem e respiram enquanto comes de faca e garfo, vivem e respiram no mesmo espaço-tempo do lírio branco, da trança loira e cheia, do espreguiçar dos olhos do gato ao sol e do céu estrelado no veludo azul.

Eu sei que não há homem ou mulher com engenho suficiente para me volver ao estado primeiro porque, eu sei, eu sei que a felicidade é um êngodo.

O mundo negro que jamais deveria ter deixado o seu estado de esterilidade.

O medo aterrorizado que me nauseia é tao putrefacto que já não conheço mais o raiar da vida.

Tudo em mim são formigas de importância e ratos de possibilidade.

O mundo dentro de mundos, a ordem de coisas:

porca, desumana, podre, abominável, ah sai!

Hoje a alma coloriu-se de um rubor de verdura negra, hoje sou dois retratos finais de Dorian Gray.

Que a música, as flores e o amor vermelho me guardem a sanidade e mantenham fechada e inteira a carpideira que me tenta subir, aos bocados, pelas orbitas côncavas.

Houve um filme, uma vez, que depois de visto foi escondido, tão bem escondido que o seu esconderijo foi esquecido, já sabes o que poderia ter escrito nesta linha que vês agora…

Mário de Sá-Carneiro dizia algo como: uma dor tão insuportável que não há mais necessidade de morrer por já estarmos mortos.

Imagina uma dor tão... dura que faz regressar o individuo ao seu estado primeiro.

Jamais suportaria a dor e a tristeza de trazer um filho a este mundo.

Sou demasiado pequena, quebrável e pobre para o conseguir manter bom.

Não existe vidro suficiente para lhe construir uma campânula e ainda assim seria impossível turvá-lo sem lhe roubar os esgares de beleza da Gaia.

São coisas estilhaçadas, estas que não escrevo por temor de profecia realizável.

São dores que tremem, estas de me saber rato de bigodes encarquilhados perante os tesouros vivos sem asas que os alberguem.

Já é dor farta, acordar e isto e isto e é tudo isto…

Chega, pára de me insuflar os lóbulos, não quero.

Não.

Isto não é negro, é verde apodrecido e doseado.

Ah Divino... e quando as vejo, os vejo, concernidos com isto e aquilo e as coisas de armar em bolbos, só me apetece subir-lhes pelas pernas e braços e espancá-los até ser só eu.

Se fosse só eu, iria embora.

publicado por Ligeia Noire às 16:01
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