“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

23
Jan 13

 

Sim, já sei, já sei…

Tenho de cortar na acidez mas é mais forte do que eu.

Estou cansada de discussões, fisicamente cansada, tenho a garganta arranhada e o frio é tanto que me doem os dedos.

O resto, os destroços que andam por aì às voltas, meu, a sério... antigamente costumava franzir o sobrolho e dar-lhes uma fatia de broa barrada com a condescendência da idade, agora que se me acabou a paciência, só me apetece subir-lhes pelo esqueleto e cravar-lhes os dentes na carótida.

Mas o sangue deste não me interessa.

Já aturei uma parasita da mesma linhagem e como sou toda inteligência, estava quase a guardar outro no bolso.

A pontaria. Irra!

Faz-me lembrar daquela moça de cabelos claros que me detestava porque eu não era padecente, tapete, sorrisos, ena!

Ei ó, sabias que sou pobre?

Detestava-me sei lá porquê…

Não porque me vestisse de forma a ofender-lhe a vista de moça simples e simpática e responsável e mais umas lascas de virgem ofuscada.

Vista essa, que no escuro do quarto cor-de-rosinha, lhe mostra uma rapariga mais válida do que os palhaços, ah pois ouvi sim.

Vê lá se um desses velhos, carecas e de nariz vermelho não se senta na cadeira almofadada disposta do lado esquerdo da tua cama e fica a ver como se coadunam as suas pestanas com as tuas bochechas…


Buuuuuu!


Longe de mim querer comparar-me ao reverendo americano mas lembro-me de acharem que ele se ofendia muito quando o chamavam de palhaço em busca de atenção…

Recordo-me de um festival lá p´ra Mourolândia, em que correu o rumor de que ele teria entrado num café local, isto na altura da era doirada do grotesco.

Quase que o consigo vislumbrar vestido com aquele pungente fato de vermelho sangue e de cartola laçada a condizer pedindo uma bica… imagina o quanto se divertiu…

Percebeste o que quero dizer?

Estes fulanos ficam sempre à porta do que desdenham e não há problema nenhum porque não foram convidados a entrar mas, então porque vos comportais como se conhecêsseis o que está lá dentro?

Tudo lhe parecia exuberante porque ela me vestia com a infantilidade que, presumo, ainda agora lhe perdurar no polegar em que chucha à noite.

Mal lhe sabia o nome e ela fazia questão de faiscar os olhos sempre que lhe tapava o sol.

Esqueceram-se de lhe dizer, lá naquela família perfeita e cheia de amor que ela acha que tem, que nem tudo o que luz é oiro, ó fofinha.

É como o pântano que na sua exuberância uterina não despreza a singeleza da tona.

Ou seja:

Não é porque usas calças de ganga e camisola estampada, que o nariz vermelho não se esconde aí na tua mala de mulher moderna.

Se soubesses como é divertido usá-lo…

Vês Supremo, eu sou boa é a instilar repulsa.

É que eu até a achava harmoniosa.

Era mais numa de veneno-de-cobra-cura mas ah e tal foda-se, já escrevi demais sobre coisas de adolescentes mas isto vai dar naquilo e ah e tal quem manda aqui sou eu (voz do Drácula português do Edgar).

Não assinei contrato nesta coisa do negro mas sabia que haveria os das visões súbitas a fazerem de mim mais do que aquilo que alguma vez fui.

Ó pá pronto, até é giro, parece um filme do homem loiro.

Isto de falar de ninharias quando tudo o que me rodeia é a luxúria, a carnalidade e a vontade que são estes Deftones é um pouco enlameado.

Nem tão pouco dá para ir lá atrás buscar seriedade.

Não consigo pensar, senão de forma cíclica.

Era de espetar aqui as letras todas, não era?

É muito amor.

 


Complex
Priestess
Come down
Contact
Reach us
Go wild

I've chased your name
I've sailed
All through space
To watch this

Come down
Teach us
The rules
Your concept
It keeps us
Provoked

Remove your veil
Let me light you up
I'm on your team

Let's go

Face to face
Light stare
My custom made
Nightmares
Armed with teeth
In fashion
Now all we need
Is action

Complex
Priestess
Come down
Contact
Reach us
Go wild

Remove your veil
Let me light you up
I'm on your team
I'm the antidote
The rocket's taking off
Tonight
It's time

Take me
I'll light you up
Take me
Up

 

 

Royal by Deftones/Royal da autoria dos Deftones


publicado por Ligeia Noire às 23:40
etiquetas:

18
Jan 13


Don't want to take it slow
I want to take you home
And watch the world explode
From underneath your glow

I want to watch the way
You creep across my skull

You slowly enter
'Cause you know my room
And then you crawl your knees up
Before you shake my tomb

I want to watch you close
I need to see for sure
After the tape is through
Who do you think we can show?

I want to watch the way
You creep across my skull

You slowly enter
'Cause you know my room
And then you crawl your knees up
And then you shake my tomb

I want to watch the way
You creep across my skull

You slowly enter
'Cause you know my room
And then you crawl your knees up
Before you shake my tomb


You enter slowly
You know my room
You crawl your knees up
And then you shake my tomb


Lyrics by Deftones/Letra dos Deftones


publicado por Ligeia Noire às 16:09
etiquetas: ,

09
Jan 13


Não há nada de bom em envelhecer, exceptuando a proximidade da morte, isto se já não te tiveres matado primeiro.

 

Ya White Pony, é outra delícia, só conhecia o Around the Fur, que me foi dado a conhecer pelo resgatador de rapunzeis, ou então foi aquele disco que gravei do da rapariga que era Joana e não Maria mas compunha as duas na ordem inversa.

Não era dela, era do namorado, claro que era do namorado mas beijei-a na mesma.

Há quem entre no negro só pela pinta e pelo perigo mas tudo volta ao sítio, tarde ou cedo, não me compete a mim mas White Pony não era?

Sim bom, muito, é mais sexo, I feel like more, é nisso, é disso.

 Não sei se os conhecia até aí, não me recordo, há muitas zonas cinzentas por essa altura, álcool.

Eh pá conhecia sim, apetece-me rir agora, porque conhecia sim, a change, a tal da casa das moscas que é precisamente deste álbum e estava num disco que a minha menina, para quem não há nome que caiba, me gravou, afinal o álcool não encobre tudo.

E nas bebedeiras prosseguimos, nesta última vez corrigiu-se, ficámos por lá e bebi bastante, a ressaca foi… foi.

Acordei apenas com o pensamento de que se há algo que tenha em comum com o Bukowski é o ódio de estimação pelos bebedores de fim-de-semana, os da paisagem, quem diz bebedores diz os que se vestem de negro caro por fora.

Não jantei, comi azeitonas pretas e dancei muito, sim muito, já te contei que nunca tinha fumado?

Pois bem, nunca tinha sequer posto um cigarro -tabaco- aceso na boca em todos estes anos de (inserir aqui prefixo que invalide o substantivo seguinte) vida, desta vez estava tão lá que quebrei a virgindade patética.

Deixo sempre as coisas mais fáceis pro fim.

Foi engraçado, a rapariga-que-tem-nome trazia qualquer coisa de diferente, não estava tão serena desta vez, tão delicada, tão bela, quis não gostar dela, porque estava aborrecida com o que já disse nas páginas anteriores.

A dos cabelos de trigo foi brincando com o Rosé e comemos azeitonas pretas e ela contou-nos da poeira estelar e eu fiquei a gostar ainda mais dela, passou à frente, passou sim.

Achei que a rapariga-que-tem-nome fosse mais audaz do que ela e eu sei que no fundo é.

É que ela escolheu outro caminho.

Não questiono o sucesso do percurso, sei que sim mas fiquei desiludida e a gatinha de vestido continuava, e a outra admoestava-a da altitude a que estão as estrelas e eu ria, não sei se pela bebedeira, se pela periculosidade da minha vontade.

Continuámos esperando pela ceia, havia muita coisa à volta e falava-se que era mais fácil despires-te, foderes com alguém de quem gostasses, conhecesses bem, do que o oposto.

Bem, em suma com quem tivesses uma relação, eh pá juro que desta vez não queria estar na outra margem, juro que não queria mas nisto estou e sempre estive.

Já tive esta conversa com mais duas pessoas e chego sempre à mesma conclusão.

Então não é mais espontâneo o mistério, o desconhecido, alguém que, de preferência, não voltes a ver, esteja no mesmo plano espiritual ou com quem não precises criar qualquer tipo de ligação, alguém a quem não tenhas de agradar para além da vontade?

Vêem o que tu deliberas que eles vejam de ti, controlas o que mostras.

Sei lá, aqueles que estimas, que conheces… há sempre coisas a cumprir, a respeitar, rituais… estão sempre ali, as expectativas que tens de preencher, além do mais, a consciência só estorva, há o medo do desapontamento, há o life is short and love is always over in the morning o que valida o desconhecido e o meu pavor de manhãs que se liga ao pavor de relacionamentos porque abolem a individualidade, quer queiramos quer não e manhãs + nove às cinco + expectativas + caminhos sem inebriamentos a granel…

Parou.

Não é regra mas é a abundância.

Deu-me tanto gozo lapidá-la, se calhar ela não é tão parecida comigo como achei que fosse, está a voltar ao plano dos planos.

Cometi o erro de pensar que estava com ele por segurança, fui demasiado obstinada em pensar que ela não tinha vontade de se apaixonar.

E é uma mistura de irritação, de confusão, de saudade que me toma mas que passa porque no fundo ela continua a ser a Mulher Escarlate, tem é medo de a voltar a vestir.

 

Go get your knife and kiss me.

 

publicado por Ligeia Noire às 01:02

03
Jan 13

 

Sabes quando te sentes abafado, posicionado num formato que não podes alterar?

Se estás num quarto: sais, se estás no meio de muita gente: vais embora.

Isso do quarto e da gente, acontece-me muito e sei o que fazer.

Mas o raro e que dói até ao peito, não.

Vamos lá ver se consigo explicar... há momentos, em que me sinto sufocada pelo tempo, pelo aqui, pelo dentro.

Para mim, presentemente, o mundo é um quarto de pensão… no mundo e do mundo não posso simplesmente abrir a porta e sair ou esperar que a multidão se esvaia e isso deixa-me doida e exausta, também.

Ai hoje, agora, neste momento, sinto-me assim, ansiedade desmedida, desespero que se me descai em lágrimas…


Uma pipeta verte uma pequena gota do alto do que um braço consegue sustentar, para dentro de uma caixa de ferro.


Mais um ano, mais um ano e hoje acumula-se-me na zona média da garganta o quão tudo é penoso.

Eu estou ali e eles estão além, não quero ir, eu sei que falta muito, fiquei honrada mas ao mesmo tempo senti-me terrivelmente aberrante e abandonada.

Não quero continuar na zona do milagre, não quero que passem a fronteira, especialmente a rapariga-que-tem-nome… tive ciúmes dele, sim, ela costumava ser minha.

Não me interessa o que vos interessa e ao mesmo tempo queria saber como era, compreender porque quereis vínculos e sofás com almofadas, o que vedes quando me olhais?

Foi também aquela frase dele, deslocada para os que estavam alheios mas apunhalada para a que escreve agora.

Foi aquela tasca cheia de gente eufórica e perdida do horizonte e o "tens 19, tens 20, tem de ser!" e foi giro mas depois sou eu.

Foram todos os problemas de sangue dos quais nunca escrevo.

E também os das nove às cinco…

E a mentira grande que está quase na adolescência, não a esqueçamos Supremo.

E a rapariga bonita que dançava com o rapaz bonito.

O convite embrulhado numa rosa que fechava o passado.

Já não sei se dá para continuar a remar contra a maré, se posso continuar nesta de "sou eu e quero que tu te fodas".

Não quero ser específica, quero ser embalada, quero ficar sozinha.

Isto se estivesses calado, se fosses embora de manhã…


publicado por Ligeia Noire às 01:13
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