Não há nada de bom em envelhecer, exceptuando a proximidade da morte, isto se já não te tiveres matado primeiro.
Ya White Pony, é outra delícia, só conhecia o Around the Fur, que me foi dado a conhecer pelo resgatador de rapunzeis, ou então foi aquele disco que gravei do da rapariga que era Joana e não Maria mas compunha as duas na ordem inversa.
Não era dela, era do namorado, claro que era do namorado mas beijei-a na mesma.
Há quem entre no negro só pela pinta e pelo perigo mas tudo volta ao sítio, tarde ou cedo, não me compete a mim mas White Pony não era?
Sim bom, muito, é mais sexo, I feel like more, é nisso, é disso.
Não sei se os conhecia até aí, não me recordo, há muitas zonas cinzentas por essa altura, álcool.
Eh pá conhecia sim, apetece-me rir agora, porque conhecia sim, a change, a tal da casa das moscas que é precisamente deste álbum e estava num disco que a minha menina, para quem não há nome que caiba, me gravou, afinal o álcool não encobre tudo.
E nas bebedeiras prosseguimos, nesta última vez corrigiu-se, ficámos por lá e bebi bastante, a ressaca foi… foi.
Acordei apenas com o pensamento de que se há algo que tenha em comum com o Bukowski é o ódio de estimação pelos bebedores de fim-de-semana, os da paisagem, quem diz bebedores diz os que se vestem de negro caro por fora.
Não jantei, comi azeitonas pretas e dancei muito, sim muito, já te contei que nunca tinha fumado?
Pois bem, nunca tinha sequer posto um cigarro -tabaco- aceso na boca em todos estes anos de (inserir aqui prefixo que invalide o substantivo seguinte) vida, desta vez estava tão lá que quebrei a virgindade patética.
Deixo sempre as coisas mais fáceis pro fim.
Foi engraçado, a rapariga-que-tem-nome trazia qualquer coisa de diferente, não estava tão serena desta vez, tão delicada, tão bela, quis não gostar dela, porque estava aborrecida com o que já disse nas páginas anteriores.
A dos cabelos de trigo foi brincando com o Rosé e comemos azeitonas pretas e ela contou-nos da poeira estelar e eu fiquei a gostar ainda mais dela, passou à frente, passou sim.
Achei que a rapariga-que-tem-nome fosse mais audaz do que ela e eu sei que no fundo é.
É que ela escolheu outro caminho.
Não questiono o sucesso do percurso, sei que sim mas fiquei desiludida e a gatinha de vestido continuava, e a outra admoestava-a da altitude a que estão as estrelas e eu ria, não sei se pela bebedeira, se pela periculosidade da minha vontade.
Continuámos esperando pela ceia, havia muita coisa à volta e falava-se que era mais fácil despires-te, foderes com alguém de quem gostasses, conhecesses bem, do que o oposto.
Bem, em suma com quem tivesses uma relação, eh pá juro que desta vez não queria estar na outra margem, juro que não queria mas nisto estou e sempre estive.
Já tive esta conversa com mais duas pessoas e chego sempre à mesma conclusão.
Então não é mais espontâneo o mistério, o desconhecido, alguém que, de preferência, não voltes a ver, esteja no mesmo plano espiritual ou com quem não precises criar qualquer tipo de ligação, alguém a quem não tenhas de agradar para além da vontade?
Vêem o que tu deliberas que eles vejam de ti, controlas o que mostras.
Sei lá, aqueles que estimas, que conheces… há sempre coisas a cumprir, a respeitar, rituais… estão sempre ali, as expectativas que tens de preencher, além do mais, a consciência só estorva, há o medo do desapontamento, há o life is short and love is always over in the morning o que valida o desconhecido e o meu pavor de manhãs que se liga ao pavor de relacionamentos porque abolem a individualidade, quer queiramos quer não e manhãs + nove às cinco + expectativas + caminhos sem inebriamentos a granel…
Parou.
Não é regra mas é a abundância.
Deu-me tanto gozo lapidá-la, se calhar ela não é tão parecida comigo como achei que fosse, está a voltar ao plano dos planos.
Cometi o erro de pensar que estava com ele por segurança, fui demasiado obstinada em pensar que ela não tinha vontade de se apaixonar.
E é uma mistura de irritação, de confusão, de saudade que me toma mas que passa porque no fundo ela continua a ser a Mulher Escarlate, tem é medo de a voltar a vestir.
Go get your knife and kiss me.