Apanho-me, ocasionalmente, com aquele sorriso idiótico no rosto desde que ele me disse (e o quê fica aqui no bolso).
Ando a congeminar uma relação nas arestas e furúnculos da do Lord Henry - Dorian Gray ou melhor, a que ficou por acontecer entre o outro Lorde, o real, o de terra nenhuma e a empregada do restaurante, sim essa é mais plausível, afinal de contas sou uma mansita e só vou abrir cortinas.
A diferença é que sou mulher, mas Eva também era e Lilith e a Babalon, e tenho o sortilégio involuntário do meu lado.
Então, que me dizes a transformá-lo?
E se eu tentasse?
E se eu fizesse como os punks e os batcavers e adaptasse o que tenho, àquilo que quero?
Seria assim tão ofensivo, imoral, infame?
Eram só uns pozinhos…
E não há nada como experimentar.
Conduzir.
Podia construir-lhe um casulo bonito (nunca para aprisionar mas para condicionar), adicionar-lhe violência, capacidade predatória, ficaria perfeito e podia ser que resultasse e eu finalmente falasse enoquiano sem ter de me aproximar do pó estelar.
Fico toda emborboletada só de pensar no que posso atingir, no perigo do abismo.
Claro que depois ele conceberia uma realidade ainda mais nefasta mas, também, no jardim do início, a serpente só falou, foi a Eva quem comeu e deu a comer…
Quando um não quer, dois não dançam.