“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

10
Mar 13

 

Qual não foi a minha surpresa quando, ao esgazear os olhos, descubro que sonhei com o meu amigo, não vou descrever o lugar.

Populoso era e sentado estava.

E, eu, com pressa de ir não sei onde, beijei-lhe a bochecha, à Lolita, e fui pela chuva, ultrapassando o portão para o sítio que não sei, o sítio que me apressava ou que eu queria que me apressasse.

É estouvado da minha parte falar disto nesta altura, a tão pouco tempo de experimentar o vestido vermelho, de voltar a trazer felicidade ao cavaleiro e, talvez, depois, com elas, no tempo das uvas, matar umas outras honras e perder a realidade.

Sou uma vergonha.

Demorou algum tempo até que tivesse, não sei, o orgulho arrumado, a displicência, o arrojo de voltar ao assunto mal desinfectado.

Aliás, a maior parte das minhas purgações acontece anos depois de me distanciar do epicentro, quando já troquei de posição na cerimónia da Ligeia, represento?

Não.

Mas curto distâncias seguras.

Tenho de ser muito cautelosa e ao mesmo tempo induzir o pensamento incómodo, talvez, a outrem, porquê?

Porque sou assim, calculada, rabina e atiçadora.

Só dei por mim a pensar no denominador explícito da nossa, já cúmplice, mistura quando mo mostrou aos olhos com sol.

E olha que não foi tarde ou cedo, se até ali nunca me tinha passado pela cabeça, depois de confrontada, corei e não mais me consegui despir do fato de traça à roda do luzeiro ou de voltar ao momento anterior, se me fosse possível fazê-lo.

A maldição de quem sabe o que instila e onde instila.

Eu sei, eu sei sim, mas até os criminosos têm algumas normas, alguns recatos, pelo menos eu tenho, não vale tudo.

Ou será que vale?

A reacção seria adversa mas não foi por isso que deixei de enrolar o cabelo a pensar na falta de preceitos ou de remoer gestos esfumaçados, censurando as naturalidades que se insurgiam dos meus dedos.

Era exaustivo tudo o que tinha de perpendicular, de controlar.

Não se tratava de crença ou confiança porque não o cria, nem confiava, o que não me impediu de entrar, sabendo que tudo se empolava pelo cálculo de quem gosta de encarnar o principezinho com as docs à mostra.

Eu sabia, soube e continuei a saber que era assim e ignorei os danos aos outros porque não eram meus, porque não era de minha responsabilidade olhar por eles.

Difícil, foda-se, se foi... caminhar sob aquele olhar de milhafre e cordeiro agregados... mas eu também sei do tamanho do negro.

Gosto dele, nada calculado, nunca foi e sorrio e pisco o olho esquerdo, o do lado venial, porque sei que isso o desconcerta.

Ah e ambos temos segredos que não são nada bonitos.

Só que eu não lhe contei os meus e os dele, segredos ou não, afundar-se-ão comigo.

O tempo que demora o negrume até ao acender do fósforo.

 

publicado por Ligeia Noire às 23:01
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E escumo a pensar na possibilidade de algum dia estes gajos tocarem, cantarem, celebrarem esta linha de coca ao vivo, já nem concebo a possibilidade de ser por terras lusas, era só mesmo tirá-la do estúdio, do disco e celebrá-la ao vivo, o estar presente seria inestimável.

Foda-se, agora que falo nisso, estas duas bandas devem, devem não, foram as mais preciosas descobertas desde, desde sei lá pá, desde os Nefilins, sim, amor todo e sem trejeitos persecutórios, a cena pura do mesmo.

Foi ouvir, comprar e guardaram-se logo no altar onde estão os eleitos.

 

Siren of souls
Howling and piercing the night
These are the streets
Clinic fingertips
Sex and violence

A naked soul
Smashed apart
Yearning, searching, longing
These are the streets
I call my home

A light pressure
Reality dissolves
I am shattered
Light, streams, energy
My ground is shifting
A mosaic of senses

Matter is running through my fingers
Time is laughing at me
This is the world:
Pulse
Surreal

 

Lyrics by Lantlôs/Letra da autoria de Lantlôs


publicado por Ligeia Noire às 22:01
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