“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

29
Abr 13

 

Ante Scriptum: Oiço a Venus in our blood do Dark Light, não gostei daquele álbum a princípio, queria lentidão, peso, dor pesarosa, queria a atmosfera da For you, a lascívia da Our diabolical rapture, no entanto, fomos fazendo as pazes.

Não é de longe o meu preferido e, sendo melhor que o Screamworks e o Tears on Tape, partilha-lhes duma característica que tenho vindo a notar desde essa altura, as letras.

É curioso reparar que, à medida que a composição musical foi ficando mais up-tempo, sing-along e directa, as letras vão em sentido oposto, complexas, cheias de metáforas, simbologia religiosa, mitologia grega, referências a Poe e Baudelaire, fundura e requinte, se os álbuns inicias eram banquetes de um perfeito amor e morte enlaçados mas com letras relativamente simples e monocórdicas, estes últimos que, musicalmente não me agradam, liricamente são pérolas.

Como se fosse tudo uma piada, como se se estivesse a vê-los sentados em tronos barrocos de uma qualquer torre de pontas aguçadas, onde provam que a voz cavernosa não morreu, nem o baixo lascivo ou a guitarra arrastada, acompanhada de um piano funéreo mas não nos dão a bênção porque não querem, porque não e pronto e eu aceito, se o livre arbítrio foi o único causador, eu aceito.


Intro


Sonhei que o vestido era verde lima e amarelo limão que os sapatos eram sandálias que não serviam e que, por não querer ninguém a pôr as patas no meu cabelo, não tive tempo para o arranjar. A noiva ia descalça e de cabelo aguado, estava sol e o sono nunca mais terminava

Um pesadelo fora do meu comum.

Parvoíces de meia-noite, diga-se em abono da verdade.

O vestido será vermelho e será um fecho de ciclo.


O imbróglio de fitas e atilhos e feixes de vime onde me delibero.


Sexta-Feira:


Doía-me a cabeça mas tive de ir, só conhecia uma ou duas pessoas mas ela ia embora e eu não podia dizer que não. Quando lá chegámos, apercebemo-nos de que não era só um jantar mas uma festa de despedida, até lhes vendaram os olhos, andando com elas às voltas para que não descobrissem o sítio.

Deslocada, ya como sempre mas lá me fui acomodando.

O álcool foi fazendo as honras da casa e consegui viajar para Venus não a que decompõe mas a que está no sangue e, depois, havia aquele gajo, pois claro, já o tinha visto umas duas vezes e já ouvira falar dele trezentas.

Não era o ilustre desconhecido mas os danos e as raparigas que não deveriam ter ficado danosas com ele já compunham uma boa maquia.

Confesso que a culpa também foi minha, vem-me sempre à memória a sacada nocturna de um baile onde a dama de vestido longo abre o leque para esconder o sorriso e realçar os olhos, e fi-lo várias vezes, é o meu desporto favorito, se me desafiam e prevejo algum mérito no opositor/a, não falto ao duelo.

Era numa casa e havia o carrossel da doninha a tocar na aparelhagem:

o bilhete é só de ida -

não há regresso no carrossel

e a starlight dos ingleses, depois um house repetitivo, mais um Bob Marley a preceito e ainda um Michael Jackson caído não sei de onde, ele roubou-me do meio e dançámos, as minhas mãos no rosto dele, contornavam-lhe a boca, as mãos dele na minha cintura, subiam e subiam porque o vestido abria nas costas em lágrima e era preto, pois claro.

Os olhos, foram sempre os olhos que não deixavam o mesmo nível e, pareceram muitos minutos, quando possivelmente terão sido apenas uns segundos.

Havia gente que espreitava como as hungry black eels do Gundersen porque ele não é propriamente livre.

E eu, estou presa?

Não estou presa mas deveria estar porque já prendi o cavaleiro há muito, inconscientemente sim, mas prendi.

Eu gosto dele, eu gosto dele sim, mas sou um gato.

Fomos daquela casa de escadaria de pedra com música mais ou menos audível para uma discoteca mais ou menos odiosa, mais ou menos escorregadia.

Dançar liberta a alma, mesmo que a música não seja a ideal, se fecharmos os olhos podemos imaginar que passa a Head like a hole, ou a Bind, torture and kill e, dentro de mim passava.

Ia ajudando um rapaz doce, amigo da minha amiga a libertar a alma, dançando como uma menina de vestido cor-de-rosa e via-o lá longe por entre os outros e as outras, sentei-me para procurar, como de costume, o elástico do cabelo que me tinha caído, estavam todos bastante alterados, a minha rapariga de cabelos de trigo tinha o cabelo molhado, não me lembro porquê... pouco depois estava no carro com elas, ele conduzia, ia levar-nos a casa.

Durante a viagem ia sentindo a mão dele nos meus tornozelos, ali no meio delas, quando chegámos ele saiu do carro não sei para quê, já não me recordo sei que fui embora e eles foram embora.

Já no quarto ouvi o carro deles a regressar, tive de voltar a descer porque me esqueci do telemóvel, não sei como, a minha mala estava fechada…

Ele saiu do carro, outra vez, e, por entre frases atropeladas e rápidas e o corpo a pressionar o meu, beijou-me as bochechas, comigo fixando os olhos que lhe retribuíam a passividade, beijou-me o lábio superior, meio beijo, meia mordida.

Pareceram muitos minutos mas foram segundos, ou então era o álcool a nublar-me a rapidez do tempo.

Sabia que elas estavam lá dentro, por detrás daqueles vidros do carro e, enquanto o cabelo se desprendia pela milésima vez do único gancho que tinha, desenrolando-se pelas costas, dizia para irem com cuidado e virei costas, fazendo o resto do caminho a correr até chegar à porta de minha casa.

Todo o meu cabelo tresandava a tabaco, tirei a roupa, pus o aparelho no modo aleatório com a minha música, finalmente, e, pela altura em que ela disse que tinha chegado bem, já o sono me roubava altura às pálpebras.


Sábado:


O sol abriu a porta mas esteve fraquito a cama e eu e as missivas de um cavalheiro que me encontrou nem sei como, foram o meu entretimento. Que sentido de humor delicioso, corrosivo, sarcástico, no Domingo foi pela mesma linha, como é doce conversar a sério, com pontos e linhas entendidos na medida inteira.


Domingo:


E, esta madrugada, a flor-selvagem despertou também, levantei-me, encostei a cabeça à almofada.

Algo aqui é mais do que acaso.

É uma informação para ti rapariga do vale fundo, isto tudo mostra-te que estás a usar mais do que um espartilho, estás a enovelar-te toda.

Isto aqui veio dizer-te pelo caminho do capuchinho vermelho que, se calhar, não consegues fazer o que prometeste, se calhar gostar não chega, o Cavaleiro-das-Terras-Brancas vem aí e tu perdeste-te de sentido. Dizias ao das missivas, o do sentido de humor de banquete que, às vezes, precisas de te castigar, não sei o que ele terá entendido, mas os meus castigos são sempre duros e limpos.

Esta continuo a ser eu, livre e só eu, livre e selvagem, livre animal de montes e, só assim, deixo que me tenham.

Não precisas de espinhos e reconsiderações, digo-me, está tudo na mesma, o vestido vermelho com preciosidades negras.


Her heaven's a lie to those who threw away the key
Her god is alive and well in the heart of her beliefs
Will you condamn the river of her dreams,
Or understand the divine word she speaks?

Venus denies your seven towers above dark waters
You can't quench her thirst with the fear hiding away from the day
Venus denies you in your dark waters
The moon kissed the sun and now we hold her in our blood

Her saviour was never on a 
cross pierced with nails
Thirty pieces of silver never retraced her mistake
She'll always be free from the arms of your sins
That made you weak as your world started crumbling

Venus denies your seven towers above dark waters
You can't quench her thirst with the fear hiding away from the day
Venus denies you in your dark waters
The moon kissed the sun and now we hold her in our blood

(She's in our blood)
Venus denies your seven towers above dark waters
You can't quench her thirst with the fear hiding away from the day
Venus denies you in your dark waters
The moon kissed the sun and now we hold her in our blood
In our blood
In our blood
In our blood
(She's in our blood)

 

Lyrics by H.I.M./Letra dos H.I.M.


publicado por Ligeia Noire às 12:22

24
Abr 13

 

Ciclo Primeiro

Herbst e Neige em palco, não presenciei mas vi por esses ciberespaços fora e, apesar de não terem incluído a Pulse/Surreal, houve a Eribo, Eribo poderia significar-me, se falling não me tivesse procurado aos dezassete anos.

Anteontem, sem querer, encontrei um trevo de quatro folhas largo, cortei-o e coloquei-o na bíblia verde.


Ciclo Segundo

Já me havia esquecido o quão detesto a urbe, o cheiro da urbe, se calhar são as pessoas, o sol desenfreado e o dia mal nascido que ma fizeram sentir dessa maneira. Se calhar foi o lado para que acordei ontem que me predispôs a odiá-la por umas horas, aquela cidade só se suporta com nevoeiro ou com o cair da noite.

O Teixeira de Pascoaes teria gostado de mim.

Apesar de todos os senãos, gostei do desabafo, do desconhecido de cabelo pelos ombros e das quantidades muitas de nata no meu gelado e da proposta dela, se calhar vou embora daqui Supremo, se calhar tomo coragem e vou para onde o poeta do menino do baloiço pendente numa corda esgarçada escolheu desertar da vida, se calhar vou, não sei, perco-me toda...


Ciclo Terceiro

Ele é o caído eu sou a que cai.

Numa destas noites, que vão amenas, tive uma epifania, não vou dizer o que estava a fazer mas ajudou-me a clarear o que se conjugava na cabeça há muito tempo.

Estás a ver o que acontece ao mercúrio em estado líquido: uma assembleia de esferas que se unificam.

Tocava a Mourning Sun, (olha a novidade), we are fallen, dizem eles, canta ele.

O meu pseudónimo foi arranjado para propósitos musicais e de devaneio quando era uma catraia ainda mais abatida do que sou hoje, tentei uns quatro, primeiro, mas por isto ou aquilo não resultaram, vindo este a conjugar-se-me na língua perfeitamente, soando a eterno.

  • move from a higher to a lower level, typically rapidly and without control
  • [no objectarchaic yield to temptation:
  • OriginOld English fallanfeallan, of Germanic origin; related to Dutch vallen and German fallen; the noun is partly from the verb, partly from Old Norse fall 'downfall, sin.
Cortesia de um qualquer dicionário Oxford.

Três

Santíssima Trindade

Eles são a palavra original, a maior, a larga, eu sou a pequena, a acção, o qualificador pequeno, a continuidade.

Não posso falar da mitologia Hebraica, de Hermetismo ou das religiões pré-cristãs ou da Suméria porque não sei que chegue mas sei do significado para os mundos em que me movo.

Na altura, fez sentido e quando comecei a transpor para aqui o meu caderno medicamentoso, nos inícios dos inícios, quando o nosso professor nos ensinou a criar esta ferramenta e disse que teríamos de lhe dar um nome e um nome é uma coisa muito importante, é para sempre e diz-nos todos, só poderia ser o meu nome.

Eu era a falling, bem que o meu caderno de papel que agora passava a uns e zeros só se poderia apelidar de falling também.

Era eu e sou eu.

No início, se calhar, um pouco inconscientemente, se calhar um pouco literal, se calhar muito emotivo e, depois, à medida que fui descobrindo o mundo de dentro, nada mais poderia ter sido.

Desde a Lost Control dos Anathema, num sentido mais humano mais dor da carne: Yes, I am falling... how much longer 'till I hit the ground?

À Mourning Sun dos Fields, num sentido escapista, mágico e de sonhos: We didn’t fall from HeavenWe didn’t fall for you.

Tudo ia fazendo sentido e eu fui apontando e mesclando as acepções e as apreensões nestas páginas.

Só sabia que estava bem na queda, com a queda, no por acontecer, na iminência, no vácuo, no interlúdio que une o antes e o depois, os olhos antes do beijo, os mamilos antes da língua, o meio que une o que vai acontecer ao que já aconteceu, a paz, a sanidade, o silêncio e a segurança do por acontecer, o resguardo da viagem à janela, onde as terras vão passando e onde não se pertence.

Eu sou a filha.

Tudo faz sentido, o que tem de ser será, não existem coincidências, antes de descermos a este Mundo já o sabemos, estamos apenas dormentes, no momento zero.

DMT.

E que o/as sentinelas olhem por mim.

 

Innocence is hurting, a world speaks out of tune
Promise calls, promise falls, what are we to do?
With a clouded view, you follow me through

Sadly the tides are changing, my world slips out of queue
Your body falls, my body calls, what are we to do
With a clouded view, you follow me through

My lifes turning pages, I see a promised day
Watchmen never age here, they just sleep in vain
Drowning people stare here, they don't care to call
So I rebury the pages, Kthulhu calls...

You'll see, you'll see her when she starts to form
You'll see, you'll see her when she starts to call

In the name of Jesus Christ won't you fear my name
I've been around since Moses, your preacher never came

You'll see, you'll see her when she starts to form
You'll see, you'll see her when she starts to call
Follow me...

You sleep, you sleep, follow me

It's just another day, remember I am calling for you
Just another day, remember she's calling for you
Just another day, Kthulhu I am calling for you
Just another day, An empire has fallen from view

You sleep, you sleep
Follow me
You sleep, you sleep
You cannot follow me

 

The Watchman by Fields of the Nephilim/Letra dos Fields of the Nephilim


publicado por Ligeia Noire às 08:30

21
Abr 13

 

Sigillum Diaboli


I can't see your sad face in your pitiful lies
Don't have the strength to carry your heavy load of life
I'm your christ to die on you
This world's not for us and you know it as well as I do

 

And I can see through your lies, spill your tears on me
I will lift the burden from your shoulders, you just have to believe
I'm your christ to die on you
This world's not for us and you know it as well as I do
Oh, as well as I do
Just as well as I do
Oh, as well as I do
So, I'm your christ to die on you
This world's not for us and you know it as well as I do

 

Oh, so you've come for more
and you say you want it all
and I cute myself for your love
I'm killing myself for you, yes you

 

And I can't see your sad face, your pitiful lies
Don't have the strength to carry your heavy load of life
I'm your christ and I want you
This world's not for us and you know it as well as I do

 

Yes you do
Yes you do, my Darling
Oh yes you do..
Yes you do, oh my Love.

 

One of the many lyrics' version of Sigillum Diaboli by H.I.M./Uma das muitas variações da letra da Sigillum Diaboli dos H.I.M.

 

Ainda me lembro quando descobri esta canção no computador da Marijuana mas sabia bem que não era dela, era do garoto que conheci por lá, era mais novo do que eu e tinha os mais belos olhos verdes que já havia contemplado num ser humano, de cabelos negros e pele leitosa, infortúnio o meu ao saber que ele tinha um fraquinho pela loira que chegou uns tempos depois e, nem eu nem a rapariga acima fomos contempladas, apesar dela o assediar constantemente com o seu corpo voluptuoso ao saber da minha paixoneta.

Acabei por me ir afastado, cada vez mais, do lago pardacento e, em verdade te digo, ele era apenas mais uma das minhas deambulações.

Mais tarde vim a aperceber-me de que éramos imiscíveis, que o intimidava e que, afinal, ele era o meu perfeito oposto e, pronto, lá se foi o meu capricho.

Tenho de juntar a Marijuana à lista de coisas de que tenho de falar no futuro, essa rapariga foi responsável pela minha cedência que deu em namoro com o resgatador de rapúnzeis… aliás, aqui há uns tempos ele veio perguntar-me se eu gostava de mulheres e se isso era a causa de a nossa relação ter acabado.


Arlequim chocalha os guizos e salta para o meio da sala.


Nunca percebi muito bem a razão pela qual ela lhe foi contar que se sentia arrependida de não ter ido mais além e que ainda hoje se pudesse não pensaria duas vezes.

Gostava de me desafiar, a pequena, mas dessa sabia eu que não reinava perigo, confesso que se não tivesse ido embora teria provado vienetta comigo e com elas, mas foi e partiu-se ali qualquer coisa.

Ela era diferente da rapariga-que-tem-nome e da de cabelos de trigo, era a popular, toda a gente gostava dela, tinha feições atraentes, mamas pesadas, cabelos lisos e escuros, olhos igualmente escuros.

Não era misteriosa e inesperada como a rapariga-que-tem-nome, nem doce e aventureira como a de olho azul.

Queria imiscuir-se, queria atenção, não era má, era uma menina.

Engraçado ele ter-me querido sondar com isso depois de ter falado com ela, claro, era mais uma esperança, uma decisão mais fácil de aceitar do que o "nunca senti mais do que carinho por ti", ora Supremo... há pessoas que preferem bater com a cabeça só porque sim, é claro que ele nunca conseguiu entender o motivo, é claro que para ele seria mais fácil conceber que eu fosse um carreiro unidireccional, do que carreiro sequer e, por isso, o ter deixado de espada desembainhada e cavalo arfando.

Tive de rir e rindo lhe dei a minha resposta.

Mas ia eu dizendo que, na altura, achava que possuía e conhecia tudo o que os garçons dos mil lagos haviam gravado... ao descobrir esta pérola: brancas e insufladas flores se verteram de mim, mais não me seria pedido, pois claro.

E, não seria de todo insensato da minha parte atestar que, talvez, tenha sido por causa desta música que achei os olhos de lago musgoso e a pele leitosa uma praticável parelha.

Olha que não é assim tão disparatado, são os detalhes, os adornos, as personalidades bordadas que dão forma a pelos enriçados e desejo a lábios molhados.

Houve um jantar lá, acho que não havia pratos que chegassem, tínhamos de fazer pouco barulho porque os senhorios deles moravam por cima e não era permitido meninas por ali.

Juntámos todas as bebidas que eles tinham e com dois copos de shots e palitos fomos trabalhando a roda do destino.

Lembro-me de nos termos escondido debaixo das camas e lembro-me de eles nos acompanharem a casa, estavam pontilhadas estrelas no céu e o de olhos verdes insistia no facto de não estar bêbado, embora lhe fosse bem difícil manter a caminhada alinhada, o rapaz alto parou e sentou-se no banco de uma paragem de autocarro e vomitou, uns querem ser diferentes, bizarros, o nosso amigo era o solitário desde sempre, apesar de o pessoal se meter com ele, acho que só quando veio parar ali se sentiu verdadeiramente acompanhado.

Não me recordo de mais nada dessa noite.

A maior parte das vezes íamos para o monte, um sítio demasiado belo, nocturno e perigoso, o carro era periclitante, nós não tínhamos medo, foi nesse grupo que conheci um rapaz que tem o mesmo nome da flor selvagem, foi ele que me disse que os Audioslave tinham acabado e que me emprestou o Out of Exile.


Andar, andar, rir e andar e beber.


A última vez que saímos, lembro-me de pouco, era aquele bar de véus decorado e jogávamos ao nosso jogo acriançado preferido, foi divertido, éramos nós e a noite e a liberdade.

Haveria muito para dizer mas estou aqui pela música.


You're under pressure baby 
Christ has returned, he's returning...

publicado por Ligeia Noire às 23:26
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18
Abr 13

 

Ante-Scriptum: Estou a rever o Lost e, como a Senhora de Negro disse, esta série está para os anos dois mil como o Twin Peaks para os oitenta e os Ficheiros Secretos para os noventa, olhando ali para baixo vejo os raios de brilhantismo e ao mesmo tempo sinto o sufoco, a miséria e o desespero da condição humana, especialmente adensada desde o início do capitalismo, um punhado deles a espalhar o pó de cima do trono.


Sawyer: So we're stuck in the middle of damn nowhere. What about we talk about that other thing?

You know, the transmission Abdul picked up on his little radio.

The French chick that said "they're all dead."

The transmission's been on a loop for... how long was it, freckles?

Kate: 16 years

Sawyer: Right.

Let's talk about that.

Boone: Well, we have to tell the others when we get back.

Shannon: Tell them what exactly?

Boone: What we heard.

Shannon: You didn't hear anything. I'm not a stupid translator.

Sayid: No one's going to tell them anything.

To relay what we heard without fully understanding it will cause a panic.

If we tell them what we know, we take away their hope.

And hope is a very dangerous thing to lose.

Kate: So we lie.

 

publicado por Ligeia Noire às 22:47
música: "Dream House" dos Deafheaven

17
Abr 13


São a minha preciosidade, ouvi-los, presenciá-los é como ir à missa, é sagrado, profana-me o corpo salvando-me a alma, sim, é isso.

Esta fez-me chorar, todo o meu corpo se eriçou quando aquela guitarra invadiu a negritude, foi pura felicidade, pura e inigualável.

A primeira vez que os ouvi foi amor à primeira vista, coisa que nunca aconteceu com nada, nem ninguém.

É uma devoção apaixonada, é chegar a casa.

Não há igual, é mágico.

E a magia neles, é magia a sério.


Wake up, we’re here

Shekinah


Then I saw a new Heaven.
(Light, Rise)

You evolve in my time.
For the first Heaven and the first Earth have passed away
From this moment on you are born


Then I saw a new Heaven

We are Fallen
Like the mourning sun
We are waking up


We are Fallen
Like the mourning sun
It's just begun

This old world will pass away
This is the dawn of our new day
We didn’t fall from Heaven
We didn’t fall for you

Rise!

We are Fallen
Like the mourning sun
We're waking up


We are Fallen
Like the mourning sun
The mourning sun

Like the mourning sun
Like the mourning sun
I am alive

Shekinah

Don't you see?

(I'm never away
I'll be watching over you now)

Why won't she move?

I think of you 

Why? 

Wake up, Melt, 
Melt!

Wake up

We are fallen
Like the mourning sun

We've fallen like rain
I've been waiting for the day
And the light has made
I will rise again

And our wings will unfold
And be painted like gold
And I saved my soul
I'm alive again

Mourning sun
I will rise again
Like the mourning sun


We will rise again
Like the mourning sun

Then I saw a new heaven and a new Earth
The first Heaven and the first Earth have passed away


(I've been sent to pray over you)

 

Mourning Sun by Fields of the Nephilim/Letra da autoria dos Fields of the Nephilim

publicado por Ligeia Noire às 15:32

15
Abr 13


In the hallowed halls of… national security agencies and the pentagon, the top military, top security people… the top people knows essentially this reality but the masses of people don’t.

And the people in authority, the elite as it were, the power brokers had desperately tried to keep the lid on this thing because… it is not simply visitors from another planet or from another star or another galaxy, or even another dimension, it’s not simply that.

It isn’t that simple.

We’ve learned over the years… that several of these intelligences have been involved with us from the beginning of human History and the evidence has been collected that the human race, literally, is a hybrid race and that some of these advanced intelligences from whoever they are from have been involved in genetically manipulating us, as a species, from the beginning of our History.

Man is a hybrid from a lower order; we’ve been genetically manipulated by advanced intelligences into what we are.

Now that in itself is dynamite, for God’s sake!


Robert Dean, rtd. Command sergeant major from the US army


publicado por Ligeia Noire às 14:34

10
Abr 13


What we’re dealing with here is a total lack of respect for the law 
I’m the law and you can’t beat the law 
I’m the law and you can’t beat the law 
I’m the law and you can’t beat the law 
Fuck ’em and their law 

Crack down at sundown 
Fuck ’em and their law


The Prodigy

publicado por Ligeia Noire às 13:54
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09
Abr 13


I know it hurts too much

I know that you're scared

I know you're running out of trust

Wishing you were dead


In your misery
You're not alone
So come share your tears with me
And witness it all go wrong

I know it and I feel it
Just as well as you do, Honey
It's not our fault if death's in love with us
It's not our fault if the reaper holds our hearts

41+66.6 = our loss
We're breathing only to fade away
We're running just to get caught

What love's lies blessed
What love's light cursed
Just fear for the best
And hope for our worst

I know it and I feel it
Just as well as you do, Honey
It's not our fault if death's in love with us
It's not our fault if the reaper holds our hearts

Death's in love with us
The Reaper holds our hearts
Death's in love with us
And the Reaper holds our hearts

I know it and I feel it
Just as well as you do, Honey
It's not our fault if death's in love with us
It's not our fault if the reaper holds our hearts


Lyrics by H.I.M./Letra dos H.I.M.

 

Post Scriptum: às vezes, isto tudo não é mais do que uma private joke.

publicado por Ligeia Noire às 13:53
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08
Abr 13

 

Foda-se é tarde, estou com o rádio mal centrado na antena 3, isto deve ser a Nação Hip-hop do Abreu. Ora aí está um género que me é antagónico, por falar em rap, acabei de ver um filme sobre um tal de Notorious Big, só me lembro do nome do tipo por causa dele, ya da flor-selvagem.

Foi também por ele que ouvi, pela primeira vez, o nome Tupac, o gajo que fazia rimas e curtia Shakespeare. O senhor da lei que me veio oferecer um bouquet, há uns tempos, também era da mesma onda mas vivia do outro lado do rio e, ao contrário do cliente do Caronte, lecciona o catecismo e gosta do David Mourão-Ferreira.

A flor-selvagem, esse incógnito que tanto pó por aqui agitou...

Ah... foi preciso passarem anos para me dar conta do resto, só vejo o minucioso, lembras-te?

Ele permitiu que eu me desse conta de que foi sempre entre mim e mim, o meu carreiro esburacado, ajudou-me a ser ainda mais minha, lutei sempre comigo, era para mim que os degraus se estendiam, não para cima como ele queria, o nirvana, mas para baixo, o escondido.

Sempre foi desejo, entre nós, sempre foi tentação prolongada, camisas rasgadas e conversas sempre de madrugada: ele pedrado e eu bêbada.

O lírio, eu o lírio, o cabelo, as mamas pressionadas no corpo estendido e ya pára aí, cabeça minha de pensar.

Antes de todos estes detalhes se alinharem como um mapa astral, comecei a pensar que lhe tinha perdido o respeito, eram ideias de ah e tal um ilícito, lunático, narcisista, já fui nesse barco, já estou por cima mas o passado é o passado e a selva vai sempre albergar uma flor que cresceu no e do cimento.

Mas não foi por isto que tive de vir aqui, foi pelo Cavaleiro, quero oferecer-lhe raios de luz, quero fazer-lhe tranças, como as dos bravos da Escandinávia, foda-se eu faço-o sorrir, eu faço-o sorrir.

Porra, se não me apaixonar por este, ganho uma viagem na barca, só de ida e sentada numa almofada de veludo carmesim, topas?

Nunca liguei a estas merdas quadradas do amor e dos duos, tu sabes, eu escrevo de coisas pentagonais mas isto da vida humana, da verdade dos olhos, da humanidade, da relação entre almas fita-me as orelhas como a um felino.

Eu gosto dele.

Talvez ele te consiga curar, digo-me.

Sabes Supremo, isto é importante, ter o condão de fazer o dia abrilhantar-se só porque sim, mostrei-lhe que o Mundo não é assim tão miserável, que a vida não é totalmente uma merda dolorosa, fico contente.

Da minha negritude, adormeci todo o meu abismo, o paradoxo!

Não escondi Supremo, nada, mas quis que ele fosse feliz e foi, nessa coisa de felicidade compartilhada que me vi de sorrisos tolos quando se lhe abria o sol no rosto coroado pelos olhos azuis.

Não o permitiria a mais ninguém, sabes, de me ver assim... docinha e amenizada, também nunca quis ser o lobo, ou o predador, sou das que sabe baixinho, sem estrilho, das que quer um berço mas que não embala mas isso não invalida que faça a ventura de quem a merece, girl behind the wheel, driving anywhere, é... se calhar não há volta a dar, tenho de assumir que, se calhar, não vai ser assim, não nesta vida, não nesta volta.

publicado por Ligeia Noire às 02:20

05
Abr 13


Ante Scriptum: A letra é genial, assim que ouvi a canção na série dos irmãos e do anjo caído, não cessei enquanto não a descobri, diz tudo.


It's cold outside
And I'm not quite
Ready for the morning light
My hands are tied

'Cause if I tried
To leave this place I'd surely die
I'd surely die
Hey, hey, hey, I'd surely die

There's stories of
Way back when
A guy got out and made it there
I think I'm gonna give it a try
Even though I'll surely die
I'll surely die


Hey, hey, hey, I'd surely die


lyrics by The Rubens/letra da autoria dos The Rubens

 

Olá tell-tale heart.

Foi há um ano, talvez?

Escuta a estória com as palavras sonorizadas da minha boca:

-Não consigo respirar, estas paredes, esta altura toda, já não são as pessoas, é o imbróglio todo, não sei o que fazer.

-Sai, se te sentes presa sai para onde não haja barreiras visíveis.

Saí do quarto, fechei a porta, desci a escadaria até à rua, abandonei a estrada, saí da cidade e mesmo se saísse do país o sufoco continuaria, como se a força da gravidade tivesse triplicado e me empurrasse, não para baixo, mas para dentro de uma caixa onde só podia estar corcovada.

Aninhada como uma cadela espancada.

Como podia parar de sentir aquilo se o mundo é redondo?

Se não há uma aresta por onde resvalar?

-Como abrir a porta daqui para fora?

-Espera.

E as mãos suavam e o peito contraía-se e não conseguia inspirar, doía-me o estômago, tremiam-me as pernas e o choro era convulsivo e aleijava que chegasse.

O medo de algo iminente era industrial e sangue caía-me do nariz para a boca.

Fechei os olhos e sentei-me no chão, com as palmas das mãos bem abertas no azulejo frio.

Rezei para que parasse.

Ainda houve uma noite em que acordei com uma hemorragia nasal e noites se seguiram em que queria chorar mas privei-me de o fazer.

Aprendi a distinguir o choro sufocado e agressivo, do natural e quando o primeiro me espremia a garganta, desabotoava o que quer que tivesse vestido e punha a música mais alto, sabia no que ia dar se me deixasse levar, tinha medo de morrer.

Era como se estivesse nua e o adamastor tivesse as patas a abarcarem-me as costelas todas.

Ainda tenho pesadelos de que acordo lavada em suor, estertores, dores no peito mas há também este caderno medicamentoso, violências, pingentes de gelo e visitas a Baco em dias de solenidade.

publicado por Ligeia Noire às 00:02
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