“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

24
Mai 13


Acontece que nós, seres humanos, felizmente ou infelizmente - não sei - somos da família dos primatas poligâmicos. Isto é, somos naturalmente, biologicamente, instintivamente poligâmicos. A ararinha do Brasil, o pombo, o joão-de-barro são naturalmente monogâmicos, mas nós não! Nós somos poligâmicos! Em outras palavras, o casamento monogâmico, construção da cultura judaico-cristã, é, para o homo sapiens, absolutamente antinatural!

Tanto é assim que quando nos casamos, seja no civil, seja no religioso, temos que prometer fidelidade, e diante de testemunhas. Prometemos porque ser fiel não é natural! Alguém precisa prometer que vai beber água todos os dias ou que vai comer quando sentir fome? Não. Ninguém duvida que o faremos!


In Vivamvs: Instituto Interdisciplinar para Saúde Mental, blog de Graça Oliveira

 

Hoje acordei com o coração a ouvir-se por fora dos cobertores mais um pesadelo, presumo.

Não consigo conceber, aliás até me assusta, o comprometer-me com alguém, soa-me sempre a estar presa de algum modo, limitada, circunscrita, sujeita a um determinado comportamento.

Sempre detestei responsabilidade, o meu emprego ideal seria aquele incógnito do staff de uma banda, exactamente, aquele tipo que anda no palco a ligar cabos e a arruma-los no final do concerto, de sonho diria.

O mais cómico disto tudo, é que sempre fui a menina responsável, a que tomava conta dos outros.

E porquê?

Por não falar muito? Por ter boas notas? Por me pôr a ler colunas de revistas cor-de-rosa aos sete anos, na rodoviária, para as velhotas?

Foda-se, as pessoas são tão facilmente ludibriáveis.

O que mais gosto nestes rituais, os de galanteio digo, é exactamente isso, a corte, sempre o estágio primeiro, a sedução, o jogo, o desejo, o nunca saberem o suficiente de mim e eu não querer saber o suficiente dele/as, o fantasiar com o que está para lá dos olhos, a passionalidade, o que não se controla, o enquanto jorra é porque jorra naturalmente, depois tudo o que está para lá disso não tem interesse, absolutamente nenhum, para mim.

Aliás, não é mais do que um repelente.

A individualidade não funciona a dois, claro que consigo esquecer-me disso tudo durante o período passional, enquanto dura o feitiço, no entanto, todo o socialismo que vem a seguir, é-me impossível.

O ser humano é enredado, já se sabe, se eu disser que sou quatro pessoas, como já o fiz, não me refiro apenas a mim mas sim ao facto de que, enquanto ser humano, assim o sou.

Não quer dizer que esteja a dissimular a minha imagem de acordo com a pessoa que está a olhar para mim, estou apenas a adaptá-la.

Usando a domino.

Há a escolhida para os amigos, para a família, para os amantes, et cetera e tal.

Todas estas meninas são fieis, são minhas e sou eu, mas não podem viver juntas aos olhos alheios, não as posso reunir à mesa, qual Santíssima Trindade.

E, às vezes, penso se quero mesmo que isso aconteça, que haja alguém a quem possa mostrar o negro e o carmesim, o sorriso escarninho e as lágrimas quentes e, sendo possível, só poderia ser um amigo, nunca um amante porque desses, não quero saber como lavam os dentes, ou vê-los a escolherem a roupa, ou ir às compras com eles, andar de mão dada, respeitar datas, usar alianças, apresentar a x e y ou ter de, o ter de mata-me!

Não e não e não.

Eu gosto do aparece porque quer, do apeteceu-me, ou o quero e quero agora, do não saber muito bem se comportamentos extremos ou romantismos de cavaleiro medieval se revolvem por detrás daqueles olhos.

A paixão e o amor ficam tão bem misturados com o por desvelar e a vontade e nós sabemos que tudo o que abandona a escuridão e o segredo da noite é feio, chato, obrigacional e vendido e, na verdade, não, não quero que exista.


publicado por Ligeia Noire às 14:50
música: "Physical" versão dos N.I.N. do original de Adam & Ants
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