“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

29
Mai 13

 

Bow down in position against the polished steel


Não, não retornarei ao bondage e quejandos, se bem que é tudo farinha do mesmo saco.

A historia do Year Zero dos Nine Inch Nails é a História do rumo que a humanidade leva.

Estás a ver o Metrópolis, Matrix, The Island, George Orwell, Blade Runner, enfim a porcaria do totalitarismo et cetera e tal?

Ora.

Faz-me lembrar um pouco do livro A Trança de Inês também... quem podia ou não procriar e mais uma dúzia de filmes em que se controla o que comes, em que se elimina o sexo, em que nos vestimos com fardas e em que se paga multa por dizer palavrões, o que seria de mim.

Rio a preceito.

Estaremos muito longe dessa realidade ou nunca saimos dela?

 

I pushed a button and elected him to office and a...

He pushed a button and it dropped a bomb

You pushed a button and could watch it on the television

Those motherfuckers didn't last too long ha ha

I'm sick of hearing about the haves and the have nots

Have some personal accountability

The biggest problem with the way that we've been doing things is

The more we let you have the less that I'll be keeping for me

 

Well I used to stand for something

Now I'm on my hands and knees

Traded in my God for this one

He signs his name with a Capital G

 

Don't give a shit about the temperature in Guatemala

Don't really see what all the fuss is about

Ain't going to worry about no future generations and

I'm sure somebody's going to figure it out

Don't try to tell how some power can corrupt a person

You haven't had enough to know what it's like

You're only angry 'cause you wish you were in my position

Now nod your head because you know that I'm right—all right!

 

Well I used to stand for something

But forgot what that could be

There's a lot of me inside you

Maybe you're afraid to see

 

Well I used to stand for something

Now I'm on my hands and knees

Traded in my God for this one

He signs his name with a Capital G


Capital G escrita pelos N.I.N.


Álbum conceptual sobre o esclavagismo moderno, sobre as mentiras em que vivemos, a hipocrisia e a periculosidade das religiões, as guerras entre facções, no mesmo pais e que são financiadas por nações ocidentais, de supostos tementes a deus e morais cidadãos.

O dinheiro, o dinheiro, a corrupção, os ismos, a lavagem cerebral constante, sob o signo do medo que permite o controlo, cada vez maior, da individualidade.

A tristeza desmedida daqueles que percebem a inutilidade de esbracejar, a inutilidade de viver.

O inimigo que muda todos os dias, ao ritmo das prioridades monetárias e estratégicas.

 

I should have listened to her

So hard to keep control

We kept on eating but our

Bloated bellies still not full

She gave us all she had but

We went and took some more

Can't seem to shut her legs our

Mother Nature is a whore

 

I got my propaganda, I got revisionism

I got my violence in high def ultra-realism

All a part of this great nation

I got my fist, I got my plan, I got survivalism

 

Hypnotic sound of sirens

Echoing through the street

The cocking of the rifles

The marching of the feet

You see your world on fire

Don't try to act surprised

We did just what you told us

Lost our faith along the way and found ourselves believing your lies

 

I got my propaganda, I got revisionism

I got my violence in high def ultra-realism

All a part of this great nation

I got my fist, I got my plan, I got survivalism

 

All bruised and broken, bleeding

She asks to take my hand

I turn just keep on walking

What, you'd do the same thing in the circumstance, I'm sure you'll understand

 

I got my propaganda, I got revisionism

I got my violence in high-def ultra-realism

All a part of this great nation

I got my fist, I got my plan, I got survivalism


Survivalism escrita pelos N.I.N.


A HBO queria fazer uma mini-série baseada no álbum, não sei como isso anda... curiosamente, depois deste hiato, que ninguém acreditou que fosse mais do que isso, um hiato, foi anunciado já existir um álbum pronto a sair ainda este ano e com a participação do grande Atticus Ross.

É estranho ver os NIN numa editora discográfica, especialmente aquela mas acho que, no final de contas, todos nos rendemos às evidências, não podemos fugir à máquina.

Já andam por aí as habituais acusações de vendido e hipócrita.

O que se entende, se pensarmos naquele Trent banhado em lama, extremamente sexual, que partia instrumentos, se espolinhava e se comportava hereticamente perante quem quer que fosse.

O gajo que tinha a liberdade de escolher entre ter ou não as veias cheias de álcool, heroína ou coca e que berrava: pigs get, what pigs deserve.

Claro que sinto saudades, principalmente porque nos rouba a esperança de fugir à máquina, porque nos diz que, pelo menos por fora, todos acabamos por conformar-nos e curvar-nos perante o aço polido .

Há três coisas inimigas do que se foda tudo: casamentos, filhos e idade.

Não há excepção, o pessoal do rock se está confortável e tem a vida organizada, não pode continuar por aí a compor cenas como Head like a hole/ Black as your soul/ I'd rather die/ than give you control porque soa deslocado ou pior, falso.

Há sempre alguma verdade no: Foda-se quando estava no esgoto e a sentir-se uma nulidade é que lhe dava a sério.


(...) but I guess it’s the story of being an artist in the way that you have to...or you’re born that way that you want to lose yourself entire in what you’re doing, you’re willing for one single successful note... you know you’re willing to give up everything for that particular moment in time. Just to be able to be reborn through a note or through a line of words .
And the search for that can be extremely haunting for a lot of people and I guess that’s one of the reasons that a lot of people end up being ...you know... mentally ill or end up committing suicide or doing too many drugs or alcohol just to...
Numb the sensitivity that comes with being an artist..
You have to keep your ears and your eyes open, all your senses open to all the possible stuff that goes on around you, you’re like a sponge sucking in all the possible information and when you’re filled with that it just bleeds out of you.

And it hopefully bleeds out in a way that you can be... it can be a cathartic process for the artist and then it can be hopefully very cathartic for the person who sees or hears the piece of art. It’s not something you’re trying to do it’s something you have to do to be able to exist I guess. That’s the reason why I do music it’s... that’s how I started; I didn’t know how to cope with the world... and then I found an instrument and through that I realized that I’m able to cope with the world and its evils a bit better through writing songs. 


Ville Valo na entrevista do Digital Versatile Doom


Estes gajos não são mais do que ninguém, é por isso que detesto dizer que sou fã de alguém, odeio idolatria, sou apreciadora daquilo que fazem, admiradora, mas são tão humanos como nós, tão filhos da puta como nós, tão doces como a vizinha do lado.

Quantas vezes não vimos estes gajos a implicar com os técnicos de luz, de som, os fãs e até uns com os outros, já toda a gente conhece o feitio de merda e o egocentrismo dos artistas.

Mas ainda há por aí criancinhas que acham que eles têm de permanecer imutáveis, perfeitos e que lhes devem alguma coisa, eles dão-nos música, nós damos-lhe dinheiro: fim da linha.

Não preciso saber se ele fodeu x ou y, se gosta de morangos, se gosta de comédias românticas ou se ninguém os atura nos bastidores.

Claro que quando são artistas que guardas junto ao peito, o interesse acaba por resvalar para o lado de dentro, para a pessoa que se esconde nas letras e nos sons mas eles não te devem nada, se descobres coisas com as quais não concordas (especialmente ele, que fez o que fez até agora pela indústria musical, indústria musical, porcaria de contra-senso) o problema é teu.

Um jornalista perguntou há uns anos a opinião do Valo sobre esta cena dos músicos fazerem DVDs biográficos, ou mostrarem o seu dia-a-dia, acho que foi relativamente ao Some Kind Of Monster, ele disse que não era algo que fizesse mas que cada um sabe de si.

No entanto, ao fazerem isso estão a permitir que as pessoas entrem na intimidade deles e que seja desmistificado todo um imaginário que, invariavelmente, se vai criando à volta deles e daquilo que eles escrevem nas suas canções.

Não há mal nenhum nesse tipo de romantismos porque, mesmo que não passem de irrealidades, a probabilidade de convivermos com essas pessoas e descobrirmos que, afinal eles não têm nada de oculto ou de idealismo ou de ódio ao conformismo e que, na verdade, são uns preguiçosos, egocêntricos, bêbados e comedores de dinheiro e raparigas de peito arrebitado, é mínima.

A fantasia, aqui, justifica-se sempre, não quero saber o que fazem, nem como fazem, eu tenho, eu compus aquela imagem deles e pronto.

É quase como roubar um chupa-chupa a uma criança por prazer, maldade hã?

Acho que foi o Manson que contou ter sido levado ao concerto dos Kiss pelo pai quando era adolescente. Sendo ele um fanático pelo Gene Simmons estava mais do que extasiado, o que se desfez completamente quando o conheceu e percebeu que ele era um completo idiota.

Sim, já sei, quando a linha se desenrola no campo da música nunca mais me calo.

Homens inteligentes sabem quando é tempo de se camuflarem e minarem por dentro, tenho a certeza que o homem do teledisco da March Of The Pigs vestido de calças de vinil vermelhas e vontade de foder o mundo está ali dentro e sempre estará.

Aliás, eu sou das que gostou bastante do With Teeth e do Year Zero e das que ficou muito orgulhosa quando subiu ao palco com o Atticus para receber o Óscar, mesmo que essa merda seja o epíteto da máquina e não valha a ponta de um corno.


What?

You’d do the same thing in the circumstance, I'm sure you'll understand.


We do babe, moving on…


O Year Zero é deliciosamente dançável e curiosamente orgânico, no sentido carnal da cena, só o Trent consegue tirar da electrónica sangue suficiente para que esta transmita calor.

 

They're starting to open up the sky

They're starting to reach down through

And it feels like we're living in that split-second

Of a car crash

And time is slowing down

And if we only had a little more time

And this time

Is all there is

Do you remember the time we

And all the times we

And should have

And were going to

I know

And I know you remember

How we could justify it all

And we knew better

In our hearts we knew better

And we told ourselves it didn't matter

And we chose to continue

And none of that matters anymore

In the hour of our twilight

And soon it will be all said and done

And we will all be back together as one

If we will continue at all

 

Shame on us

Doomed from the start

May God have mercy

On our dirty little hearts

Shame on us

For all we've done

And all we ever were

Just zeros and ones

 

And you never get away

And you never get to take the easy way

And all of this is a consequence

Brought on by our own hand

If you believe in that sort of thing

And did you ever really find

When you closed your eyes

Any place that was still

And at peace

And I guess I just wanted to tell you

As the light starts to fade

That you are the reason

That I am not afraid

And I guess I just wanted to mention

As the heavens will fall

We will be together soon if we

Will be anything at all

 

Shame on us

Doomed from the start

May God have mercy

On our dirty little hearts

Shame on us

For all we've done

And all we ever were

Just zeros and ones


Zero-Sum escrita pelos N.I.N.




O álbum termina com esperança, há sempre uma réstia dela, uma verdade maior, uma rebelião, nem que seja na nossa cabeça.

Falar do Reznor é falar da gente que descobri por causa dele : Danny Lohner, o Finck, o Chris Vrenna, o Manson, o Manson, que não descobri por causa dele... na verdade, foi o oposto, mas do lado de um outro Manson, o irmão mais novo, o eterno Peter Pan.

De todo um grupo de gente criativa, que mudou a música e que nos abriu um guarda-chuva, guarda-chuva esse, que continua a proteger-nos até hoje, um guarda-chuva negro, opaco.


publicado por Ligeia Noire às 13:10

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