“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

12
Jun 13

 

Às vezes sinto que basta um botãozito para me derrubar do cavalo, é como se toda a minha vontade fosse feita de esforço, como se a determinação se pautasse de crer nela a muito custo.

E como tudo isso não é natural, basta uma aragem para que o mundo venha abaixo deste lado.

É a segunda vez que o gajo, amigo da amiga, me aparece em sonhos e ignoro a importância disso porque é impraticável.

Existe este perigo sempre presente em mim de começar a pender para o lado de lá, de que viver dentro da minha cabeça é mais apelativo do que fora e, convenhamos de que é, mas finjo que acredito no contrário para manter a sanidade dos que me rodeiam e para manter o dinheiro de que preciso para viver, de resto, poderia nunca mais voltar aos dias das nove às cinco, aos dramas económicos, aos bandos de aves migratórias, às fugas de conversas sérias, aos exames médicos, aos sins e nãos, com ocasionais pois e realmentes (respostas minhas a conversas que não oiço) porque estou tão farta mas tão, tão farta que nos dias em que acordo a pender mais para o lado de lá sou um perigo público e mais valia que me pagassem para ficar na cama.

Gosto de cinema asiático, não o procuro deliberadamente, nem tenho grande conhecimento de realizadores ou ondas de géneros mas de vez em quando lá me encontro com um, ontem foi o Kairo, o que mais gostei nele foi a sensação de que a tristeza daquela gente era tamanha que não me cabia na cabeça que pudessem não acabar mortos.

Almas assim só podem encontrar paz na morte, nada aqui lhes vale de sossego, é como se vivessem em velo constante.

Há uma onda crescente de suicídios na juventude japonesa, o Mário de Sá-Carneiro diz que os suicidas são heróis e que cobardia é desperdiçar a vida sobrevivendo.

Há dias em que gostaria de ter a liberdade de o fazer mas as razões pelas quais não me permito a essa liberdade, não me põem na gaveta dos cobardes, nem dos heróis mas dos honestos, dos tem de ser, e em último reduto, dos mártires -na acepção do meu filme preferido-.

Há na partida que se faz por desesperança uma tremenda melancolia, uma pena imensa, um podia ser que… deve ser isso que sentem os que se imiscuem na roleta russa, pode sempre ser que a sorte esteja do nosso lado ou então viemos com o destino escrito e pendurado ao pescoço e esta senda não se inverte por bafejos sortudos.

 

publicado por Ligeia Noire às 14:05
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