“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

28
Nov 13

 

E se eu escrevesse e se eu te contasse o que já sabes mas libertasse, assim, espaço no disco para erguer mais as costas? Não era isso que eu fazia, que eu sempre fiz?

Hoje lembrei-me da rapariga de cabelos de trigo encaracolados, a alta e esplêndida Bretã, está tanto frio que me custa escrever, está tanto frio que os meus duches gelados, estão ainda mais gelados.

Gosto deles, dos dois, amo o Cavaleiro-das-Terras-Brancas e tenho a minha alma espelhada e a cumplicidade de crianças que nunca cresceram com o do outro lado, com o gato cor-de-laranja.

Há uns tempos, pensei nunca conseguir espelhos onde banhar os olhos e agora isto... e agora isto que, às vezes, pesa que deveria ser leve mas há toda esta insustentabilidade...

No entanto, são eles que me mantém longe do abismo, não penso, não penso e se penso não salto.

Quanto a elas e a ela, em particular, já nem sei se quero ir, se posso ir, já não gosto dela e o gostar tanto que gostei, perdeu-se no tempo, é engraçado como isto circula aqui pela Terra, quando estava de mãos e peito abertos, insistiam em ir para outro lado, viver outras coisas, desconfiar do abraço, agora posso dizer com certeza de anos que não sinto absolutamente nada.

E sinto-me toda.

Acabaram-se elas, agora são eles.

publicado por Ligeia Noire às 14:18
etiquetas: ,

08
Nov 13

 

Sabes quando tu sabes que não mas mesmo assim dizes que sim?

Ora bem, lá vamos descendo as caleiras até à gruta pestilenta e, sem se saber porquê, deliciosa.

Há este projecto novo do Chino, ou melhor, projectos, Palms e †††, gosto mais deste último, tem canções simples e bonitas e apesar de me estarem a puxar as pálpebras continuo e prossigo neste continuar circular.

Deviam ser umas cinco ou seis horas da manhã porque me lembro de acordar e me lembro de me ter lembrado que tinha sonhado, acho que é essa a hora preferida do meu cérebro se deixar levar.

Sonhei com uma pequena cidade que pouco gosto e que parecia outra cidade na qual nunca estive, dentro de um autocarro que vinha de longe, estávamos nós, e havia muita coisa, eu estava no fundo à procura do meu guarda-chuva que não via em lado nenhum e só me apareciam roupas e mais roupas, rendas negras, desfeitas, atrapalhando tudo e tudo… estava ali uma das minhas, já não, melhores amigas, porque sim, nunca tive boa pontaria para as amizades, todas as que considerei confidentes estariam melhor do lado da linha vermelha, agora tenho amigos descomplicados e juntamo-nos para comida e bebida em dias de festa, não há mais dias de "ora senta-te aí e dá-me uma caneta que eu escrevo para ti umas linhas cheias de podridão, depois abraça-me e depois, ainda, haverá tempo para que te dê a chave e tranques tudo com a fechadura que comportamos nós".

Estava lá e eu também e havia coisas a acontecerem e não sei se era de dia ou de noite, era como se fosse tudo normal e eu como na vida do lado de cá, só queria encontrar o guarda-chuva, que acabei por achar, e vir embora.

Depois disso fiquei a olhar pro escuro e a pensar...

Agora é tudo maduro e crescido e nómada e torres de marfim ou então até queríamos ajudar e abrir o fecho para lhes vermos onde dói mas não há, de parte a parte, coragem, há só orgulho e lassidão e frases que terminam e acabam dentro de nós.

Estas canções feitas de cruzes estão a deixar-me mal, estão a querer que repense, que admita, que me volte na cama e feche os olhos mais e mais e eu não sei se dá, se volto, se sei voltar.

Deve haver esta imagem em muitos filmes, a da pessoa que se olha ao espelho e que sem falar nos transmite onde chegou…

Odeio que o tempo passe assim, odeio que chova assim sem tréguas, sem dias em que o sol fure as nuvens e eu possa, ao final da tarde, à hora do lusco-fusco, fugir por umas horas, sem destino, sentar-me, sabe Deus onde, e falar contigo Supremo, sem abrir a boca, pousar os olhos no laranja do sol a adormecer e apertar mais o casaco, mais os cordões, mais a trança, mais os braços.

Levantar-me, já sem saber onde estou, e desejar que não exista Mundo mas, depois, vem aquela estrela grande, lá ao fundo, que não sei de onde ou quando mas está ali e eu fico a olhar para ela e penso muitas coisas, como o facto de estar aqui e isso não ser muito importante, como o facto de o tempo passar assim, muito depressa, mas isso não fazer muita diferença.

Quero continuar a ouvir †††, quero continuar a sentir-me sozinha.

 

publicado por Ligeia Noire às 15:15
etiquetas: , ,

04
Nov 13

 

Kinda like a cloud, I was up way up in the sky and I was feeling some feelings you wouldn't believe

Sometimes, I don't believe them myself and I decided I was never coming down

Just then, a tiny little dot caught my eye it was just about too small to see

But I watched it way too long... it was pulling me down

I was up above it

Now I'm down in it


Well shut up so what? What the fuck does it matter now?

I was swimming in the haze now I crawl on the ground

And everything I never liked about you is kind of seeping into me

Try to laugh about it now but isn't it funny, how everything works out?

(I guess the joke's on me, she said).

 

I was up above it

Now I'm down in it

I used to be so big and strong

I used to know my right from wrong

I used to never be afraid

I used to be somebody

I used to have something inside

Now just this hole that's open wide

I used to want it all

I used to be somebody

 

I'll cross my heart, I'll hope to die but the needle's already in my eye

And all the fucking world's weight is on my back and I don't even know why...

What I used to think was me is just a fading memory

 

I looked him right in the eye and said goodbye

I was up above it

Now I'm down in it

(Rain, rain go away, come again some other day.)


Lyrics by Nine Inch Nails/Letra da autoria dos Nine Inch Nails


publicado por Ligeia Noire às 15:59
etiquetas:

03
Nov 13

 

Noite quase em claro com medo de que acontecesse alguma coisa como da outra vez, só tinha o outro amiguinho do outro lado para tentar fingir que nada se passava, não podia falar com o cavaleiro por vergonha, não quero que ele saiba destas coisas, não são coisas minhas, não são humilhações advogadas por mim, não podia falar com nenhuma delas porque não e pronto. Estava ali, aquele homem que toca bateria e escreve e fala coreano e é leal e desabafei com ele, enquanto esperava que o inferno subisse mas felizmente não aconteceu e os olhos agora pesam-me, gostava de sair deste medo, desta inquietude mas deixar para trás, inseguros, os que amo devolve-me ao poço.

Gostava de ser normal e ter uma vida normal.

Tenho o Elizium a rodar na aparelhagem, já sinto o cheiro da lareira acesa e penso que ele tem razão, comporto-me de igual forma quando vou para a cama, a sensação inigualável de ter algumas horas de solidão, de sono e de conforto pela frente…. É o mais próximo da morte.

Anteontem, enviei-lhe o presente, junto com ele uma caixinha, caixinha preta com floreados brancos na tampa. Enchi-a de rebuçados e vim com um sorriso tolo até casa.

Está a ser difícil chegar com a embarcação a este porto longínquo, a derradeira prova.

Quanto às outras coisas, tento fugir-lhes, falar-lhes mais alto, agarrar uma corda que de quando em vez me chega perto, de resto, de tampa fechada, continuo lá dentro, à espera de ser desembrulhada e, pode ser o Cavaleiro-das-Terras-Brancas a etiquetar-me o sabor.

 

publicado por Ligeia Noire às 12:35
música: "Elizium" dos Fields of the Nephilim
etiquetas: ,

mais sobre mim
Novembro 2013
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2

3
4
5
6
7
8
9

10
11
12
13
14
15
16

17
18
19
20
21
22
23

24
25
26
27
29
30


Fotos
pesquisar
 
arquivos
subscrever feeds