Quando crescemos e ficámos por nossa conta, há muitos momentos cheios de muitas horas nos quais queríamos voltar a ser do tamanho das não-responsabilidades.
Voltar para conseguirmos caber no mundo.
Alterar o nosso formato, pequeno, corcunda e retorcido.
E olhamos para cima, e caem bocados velhos de nós.
Um dia vais ser alguma coisa.
Um dia vais poder erguer-te e ver-te sem retalhos.
Um dia?
Não há dias quando vivemos na queda.
Retalhada, a carne desce líquida e fica presa aos ossos esmigalhados, eu sou essa impureza disforme e indolente.
A dor é dormente de tão grande, e não consigo arranjar-lhe palavras.