“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

11
Out 10

 I

 

  

Têm sido tempos difíceis e a forma como lido com a realidade não mudou.

A realidade não mudou e os tempos sempre foram difíceis.

Ando em círculos até aprender a sair.

Não há paciência para ninguém.

Todos me parecem fora do contexto e tenho usado demasiado a domino para não os ofender. Os que seguravam a corda deixaram-na demasiado tensa, por demasiados anos...

A corda sempre me salvou mas eu nunca quis ser salva.

Eu sempre soube que tudo iria tornar-se demasiado penoso.

Eu.

Sou ainda mais insurrecta e obtusa mais apática e desmemoriada.

Perdi o sentido. Na minha cabeça nada faz sentido.

  

II

 

 

Um dia destes, quando estava nas escadas à espera, vi uma pessoa dispersa.

Cabelos e barba ruiva, cheio de chuva.

Foi a primeira vez que vi um olhar assim.

Ele olhava em frente para algo que não existia, ele fumava o cigarro lentamente.

Ele sentou-se e encostou a cabeça ao vidro.

A desvontade das suas mãos,

Os olhos dele estavam tão longe e tão irreparáveis que cheguei a casa e os meus agitaram-se.

  

 

III

  

 

Não estou receosa pelas brechas que encontrei na corda, talvez o caminho se esteja a desanuviar. Talvez já falte pouco. De facto, apenas espio por brechas mais fundas e esclarecedoras. O meu cansaço, não é, senão, irreparável.

  

IV

 

Toda esta semana foi demasiado violácea para que eu conseguisse sair de dentro.

Tudo o que venho a sentir adensou-se e multiplicou-se por mil. O que faz sentido é tão frágil e está tão poucas vezes comigo que talvez seja pouco provável o regresso.

Hoje não sinto medo ou peso.

Está perto.

Tenho alguma pena e muita tristeza

publicado por Ligeia Noire às 18:20
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