“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

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Out 10


Protegida por espinhos que não impedem o olhar mas que evitam o acesso.

As coisas que preciso dizer mas que não saem do peito.

As coisas que preciso dizer são tantas e tão densas, que talvez não caibam em palavras pequeninas e simples como as minhas.

Poucas vezes, aliás muito poucas vezes, o tempo permaneceu quieto e calado sem que eu me importasse.

Normalmente, não me permito a ouvir o seu silêncio. Mesmo quando não há música a minha cabeça prende-se como uma aranha e cospe, sem parar, bocados e trechos de paranóias fantasiosas ou de pesadelos inconscientes.

Quanto a ficar quieto, não me importaria mas já foge ao meu controlo.

O que será que pende das mãos do Supremo? O que estará cingido ao seu peito? O que estará no centro da esfera?

-Aquilo que as pessoas são, aquilo que mostram, aquilo que pensam ser e aquilo que pensamos delas-

das descrições mais perturbadoras e fiéis ao ser humano que li até hoje. Eu fico-me sempre pelo que penso. Sempre.

O mundo extenso que venho a criar cá dentro, desde que ganhei consciência de mim. O mundo perigoso de onde não consigo sair porque não quero, porque lhe pertenço, porque me evado do pecado à sua entrada...

porque cá fora tudo me deforma e me faz cair na sua direcção, é este mundo que me empurra para a cave. É lá que caio da viagem circular onde sou rato mirrado em ânsias de me tornar una.

Sabes Supremo, eu tenho a alma delapidada e em sangue e tenho saudades de me aninhar no teu colo. Gostava que estas palavras se adornassem de enoquiano e te chegassem, para que me albergasses no teu seio e me abraçasses como se abraça quem nos sabe. Eu já não consigo afastar os pensamentos, já não consigo manter os olhos abertos.

Eu sei que tu te traduzes em receptáculos. Eu sei que tu não és uno na tua imensidão mas aqueles que tornaram o tempo calado e silencioso foram-se embora na distância e já me esqueci dos seus abraços. Choro com isso mas nada mais há. Só lágrimas do que não cabe em palavras pequenas.

Quando o mundo de fora se agrava e me retalha, mais forte esta ânsia de te abraçar fica. A ânsia de abraçar aqueles que um dia pararam o tempo nos meus olhos.

Tu não viajaste deles para mais ninguém. Eu não quis abraçar mais ninguém. Se calhar, já nem neles permaneces, se calhar eles eram eu.

Sentadas no chão do quarto com a vida toda do lado de fora quieta e amansada.

Abraçados no limbo, de mãos dadas e de olhos descobertos.

As saudades que tenho, as saudades de ter a alma entendida e aninhada.

As saudades que tenho dos momentos em que o mundo de dentro cresceu e floresceu nos olhos dos que me vertiam.

publicado por Ligeia Noire às 16:18
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