Não sei se estou a forçar-te a entrar no mundo ou se realmente isto não cabe dentro de mim.
Às vezes, quase que consigo imaginar-te, como se já estivesses quase pronto, como se já tivesse colado todos os bocadinhos necessários para me transcenderes.
Talvez já estejas pronto... mas se estivesses já me terias encontrado…
O que quer dizer que, ou vou ter de continuar a esperar ou tu nunca vais conseguir existir fora da minha cabeça.
É que preciso tanto de ter a minha boca entre os teus lábios de rosas…
Preciso tanto de adormecer no meio de tudo o que é teu.
Preciso de saber-me fechar os olhos contigo a velar-me.
Preciso de ser precisada por ti, preciso que existas, preciso que desças.
Preciso arrumar tudo e ir embora para esse Inverno onde vives e avermelhar-te o peito.
Preciso que me faças atravessar o rio, que te faças barca e me leves contigo.
Preciso que me dês chuva e sol e terra e raízes fundas.
Preciso que me inundes e me prendas a vontade.
Preciso de ti filho-da-lua.
Gotas grossas e translúcidas não cessam de pesar nestas pétalas escarninhas que me caem.
Talvez, jamais o Supremo te crie, talvez eu esteja demente.