És uma das razoes que me fez vir para cá.
Ainda gostas de mim?
Ainda tens o cordel azul atado na sapatilha?
Ainda guardas os bilhetes?
Depois do mundo que conheceste, continuas a achar-me especial?
Quando ouves a palavra amizade, o meu nome ainda é a primeira coisa de que te lembras?
Ainda guardas a madeixa de cabelo com o laço?
Fico feliz por não leres isto, no fundo são tudo perguntas retóricas.
Tenho medo, tanto medo de... passou tanto tempo.
Eu sei que deveria estar aí para me mostrares a tua vida, as tuas coisas, para comermos Häagen-Dazs, para me levares pelos sítios bonitos da selva mas isto tem-me embrulhado tão profusamente que o que me é mais caro tem ficado em hibernação.
Quando me lembro da primeira vez que nos vimos ainda me apetece chorar.
Seria completamente impossível acontecer tudo o que aconteceu uma segunda vez.
Eu jamais conseguiria abrir a alma como o fiz contigo.
Sempre houve uma inocência e uma elevação na nossa amizade que ainda hoje não consigo pôr em palavras.
Ainda hoje tudo isto permanece um mistério.
O essencial é invisível para os olhos.
Tenho saudades de estar abraçada contigo no chão do quarto, sinto falta da pertença que me trazias, sinto falta da verdade dos teus olhos.
Às vezes, tenho uma vontade que faz doer de fazer a mala e aparecer-te à porta.
Abraçar-te e não pensar em mais nada.
Agora, que recordo tudo, preciso dizer-te que me salvaste, salvaste-me muitas vezes de mim.
Estou tão orgulhosa de ti, tão orgulhosa, sempre soube que ias ser assim como és hoje, aliás, como sempre foste.
Lembras-te de mim com as pernas a tremer, as bochechas coradas e os olhos envergonhados?
É assim que eu quero que me lembres sempre, porque nesse dia eu descobri que há realmente coisas maiores que tudo, intemporais, eternas e verdadeiras.
Foi um dos dias mais importantes da minha vida.
Ensinaste-me a coisa mais importante do mundo.
Suukko