“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

20
Jan 11


Desculpas e mais desculpas para me resguardar do dia.

Evasivas e mentiras para tapar todos estes buracos, grandes buracos, profundas crateras.

E, enquanto as lágrimas resvalam para a boca, apercebo-me que sou feita de solidões e desamparos de outras vidas.

A doença acresce-me e sinto-a nas veias, lateja e queima e rói e não dorme.

Sabes que é para mim e para ti Supremo, que escrevi, escrevo e porventura, escreverei.

Não há intuito estético, ornamental ou literário, isto é-me intrínseco, apaziguador, involuntário e controla-me a agonia.

Nada mudou realmente, nada chegou, nada se completou.

Lembro-me de terem dito que isto era uma maldição e agora compreendo o alcance da palavra e compreendo também a dimensão do negro que nunca me vai sair de dentro, vista eu o que vestir.

Sei que não saberia ser diferente, sei que nunca vou ser feliz.

Sei que nunca vou ser completa, sei que nunca chegará.

Sei que nunca ninguém navegará os meus olhos e sei que de nada adianta tê-los abertos.

Sei que estou cansada e sei que estou doente há alguns anos mas que da cura... nada sei.

Sei que sou pouco e em breve serei nada.

Sei que esta vida que me prescreveram, me inutiliza e abate.

Tenho o cansaço todos os dias injectado na minha jugular, como um vampiro raquítico.

Por tudo o que encontro perco sempre em dobro.

Por tudo o que sou e não soube fruir.

Sei de tudo isto desde pequena e tenho pena por mim, como se fosse um rato mirrado no fundo das escadas, sem força nas patas pequenas para subir.

Escaco-me constantemente, obrigo-me constantemente, procuro incessantemente e dói e dói e nunca parou de doer.

Lanceta-me o peito e arde nos olhos.

Já mendiguei cessação.

Iludi-me com atalhos infundados ou cerrados.

Usei e abusei de violência.

Já me guardei numa caixa

Já vivi para devaneios.

Mas lanceta-me o peito e arde nos olhos.

A resignação é custosa mas acho que já cresci o suficiente para a aceitar.

publicado por Ligeia Noire às 21:58
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