Um filme de Andrei Zvyagintsev
A Rússia fascina-me como uma floresta escura no Inverno.
O povo russo, a forma como eles crescem, como encaram a vida, como vêem o mundo, como usam o afecto.
A Rússia que não conheço cria-se na minha cabeça das pequenas coisas que viajam no tempo.
Os filmes.
As bailarinas que se assemelham a garças.
A ginástica artística.
Tchaikovsky.
Rachmaninoff.
O que aprendi na escola: Bolchevismo, o exército vermelho, a perestroika, Lenine, Estaline.
A dinastia Romanov.
O Império de Czares e Czarinas, a Yekaterina, S. Petersburgo, a Catedral de S. Basílio que parece saída de um quadro do Dali.
O Kremlin, os edifícios de cúpulas e torres altas, as janelas arqueadas, os palácios, as abóbadas, as escadarias.
A tundra, a floresta boreal.
A Sibéria, cristalizada, cortante.
As Bétulas, a neve gélida e virginal.
A vodca a sério.
Os Vikings, o Báltico, os montes Urais, o Volga, os cogumelos.
As letras, Lev Tolstoy, Dostoievski, os upires e os vurdalakas do Aleksey Tolstoy.
O domínio da Finlândia.
Os ushanka, lindos e negros.
Nunca conheci nenhum russo, nunca fui à Rússia, não sei de onde vem este fascínio intemporal, mas o filme é cortante e avassalador como a beleza arcana do país branco.