Esta frase plantou-se em mim, desde que ouvi a canção pela primeira vez.
Plantou-se para um dia crescer aqui e dar à luz uma revelação qualquer, uma percepção que me estivera vedada tal como o próximo nível de um qualquer jogo.
É preciso retirar as peças, as pedras, para chegar ao miolo, à seiva… porque vedado não significa inexistente.
É a violência novamente.
Há dias e noites (mais noites, na verdade) em que palavras ou mesmo frases cheias, me vêm ter às mãos.
São pequenas e ambíguas.
Conceitos ou obsessões que me descobrem e que preciso de escrever para mais tarde lhes descascar o sentido... o caminho que percorreram até aqui.
Perscrutar-lhes as pernas, rezando, para que tenham trazido rastos agarrados à carne.
Quatro e seis.
Que se partam contra as pedras de que sou feita.
Eu afiada, gume, lascas, primordial, casca para o mundo, fortaleza que resguarda.
Que resguarda o quê?
Que miolo é este que me leva ao desvario, à idade da decisão sem ter despido a escarpa, sem ter erguido castelo?
Será que serei o que albergo?
Como as palavras se podem confeccionar, dilatar, distorcer e emprenhar sem nunca as fazermos dar à luz.
É como se eu me fosse embrião, é como se nunca tivesse querido sair, como se nem sequer tivesse querido descer.
Eu quero para depois deixar de querer, para matar o vício.
Esta noite tive mais um pesadelo, não quero pôr-lhe palavras.
Não gosto do futuro, pranteio o passado e limito-me ao presente.
Hoje renego-te, ó mundano, como serpente do abismo.