“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

05
Set 11


Esta frase plantou-se em mim, desde que ouvi a canção pela primeira vez.

Plantou-se para um dia crescer aqui e dar à luz uma revelação qualquer, uma percepção que me estivera vedada tal como o próximo nível de um qualquer jogo.

É preciso retirar as peças, as pedras, para chegar ao miolo, à seiva… porque vedado não significa inexistente.

É a violência novamente.

Há dias e noites (mais noites, na verdade) em que palavras ou mesmo frases cheias, me vêm ter às mãos.

São pequenas e ambíguas.

Conceitos ou obsessões que me descobrem e que preciso de escrever para mais tarde lhes descascar o sentido... o caminho que percorreram até aqui.

Perscrutar-lhes as pernas, rezando, para que tenham trazido rastos agarrados à carne.

 

Quatro e seis.

 

Que se partam contra as pedras de que sou feita.

Eu afiada, gume, lascas, primordial, casca para o mundo, fortaleza que resguarda.

Que resguarda o quê?

Que miolo é este que me leva ao desvario, à idade da decisão sem ter despido a escarpa, sem ter erguido castelo?

Será que serei o que albergo?

Como as palavras se podem confeccionar, dilatar, distorcer e emprenhar sem nunca as fazermos dar à luz.

É como se eu me fosse embrião, é como se nunca tivesse querido sair, como se nem sequer tivesse querido descer.


Eu quero para depois deixar de querer, para matar o vício.


Esta noite tive mais um pesadelo, não quero pôr-lhe palavras.

Não gosto do futuro, pranteio o passado e limito-me ao presente.

Hoje renego-te, ó mundano, como serpente do abismo.

publicado por Ligeia Noire às 02:17
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