Ante Scriptum: Ó Poderosa Mãe de Deus e dos bichinhos terrestres, se estes gajos não me aparecessem por
Portugal jamais lhes poria os ouvidos em cima, falo dos nipónicos MONO… da terra das raparigas de
porcelana ainda só conheço os Boris mas acho que posso acrescentar estes à minha caixinha operária.
Já era tempo de escrever sobre ele, isto é sobre ele.
São coisas que me vêm à noite e ficam ali, a pairar.
Pairando.
Apenas à noite me permito pensar em tais insânias… nada de novo.
Intriga-me Supremo, intriga muita gente, ele.
E, na verdade, é como as musas e os estros, nunca são nossos.
Gosta de coisas que me passam sem ferir, não as contemplo como ele, não as entendo, não são expressas em língua que conheça.
E seivo por querer saber o que ali dentro anda e se caminha.
Não consigo confiar nele e confio.
Queria atravessá-lo para além do corpo, navegá-lo nos olhos e não os alcanço e isso anseia-me, frustra-me, irrita
me e, por fim, entristece-me.
Fico assustada de sequer pôr a hipótese de ter gostado dele – gostado- e não ter compreendido nada do que
estava a acontecer por ser demasiado eu e estar demasiado dentro.
E se ele me pudesse salvar?
E se eu me desatasse para ele – que flor escolherias?-
Seria tudo finalmente ou isto é apenas o desespero e o medo a incubarem o desejo de que ele me colha e
salve das vozes da barriga da Terra?
Esperemos que não, esperemos que seja uma dúvida natural, uma suposição mansinha de quem não conseguiu
adormecer, ainda.