Aqui estou eu, perdida, deixada ao relento para ser consumida.
Aqui estou eu, vazia, a desaparecer para poder viver.
A morrer, a contar, a conter, a ressacar.
A preencher-me de coisas para não transbordar.
São coisas, muitas coisas por queimar.
São sentimentos chacinados em ânsias de voltar.
São teimosias que se tornaram vícios.
Delícias em que me prendi e não larguei e não deixei de abusar.
São bloqueios dolorosos que impedem este sangue de me alimentar.
Por isso, abri o peito hoje de manhã e, fiquei assim, parada no tempo.
Olhei, tentei e voltei a fechar porque o seu conteúdo era impossível de renegar.