“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

24
Ago 12


Maybe I should cry for help

Maybe I should kill myself (…)

Maybe I’m a different breed

Maybe I'm not listening.

 

Estão a querer despontar, não sei se desta vez resulta, não sei se se sustentam fora da placenta…

Achas que tenho dormido bem?

Não sei, hoje acordei com pouca fome mas a dália fulva e a rosa cor-de-rosa não sabiam disso.

Não é que chova... queres que pinte para ti o que vejo da janela?

Não tenho nenhuma fonte luminosa que queira acender mas vejo as folhas grandes e recortadas e verdes de um plátano que segura, de mansinho, uma imensa folhagem labiríntica, também ela verde, de videiras.

Vejo cachos por apronçar e, lá ao fundo, vislumbres de carvalhos.

Acho que enrijeci desde ontem porque consegui depositar-me naquela gaveta entreaberta.

Lá não sinto nada mais que neutralidade.

Não tem muita tinta este quadro que te pinto, aliás, apenas grafite de um lápis de dorso preto e amarelo, é a cinza do cinzento.

Ando a escavar os Cocteau Twins, acho que não vão entrar para nenhuma gaveta comigo mas também não lha deixo impossível de abrir.

E vou falar do Aristocrata, pois sim, aquele que sorri como os sardões e da maçã do jardim do Éden que a rapariga que o servia à mesa, pura que só ela, lhe pedia sem pedir

Sem desmerecimento para o papel intrépido da moça, aqui, aliás, ela foi outra Eva, quase, mas este Adão já tinha nascido a conhecer o bem e o mal.

Não as vou conseguir organizar agora, as linhas que serão de lápis cinzento, não neste bocado de dia, não hoje.

Olha lá para cima, são os três estágios outra vez, alinhados de forma indecorosa por percepções mágicas.

Isto não são coisas novas, nunca são, aliás... mas também não são ideias arcaicas, são assim como o tempo, a gravidade e a glacial orbicular dos anéis de Saturno, naturais e existem porque sim.

Não gosto de falar daquelas coisas que estás p´ra aí a pensar, só queria poder entrar, estar e sair sem ter de abrir a boca.

E, como vês, mudo de assunto a cada linha delgada, não sou ambígua, sou de sabor a mantrastos.

Um jorro de desesperança que se transformou em qualquer coisa que, às vezes, é bem bonita.

Vamos ali, ao centro, buscar um bocadinho de sensações e desejos rodados a pálpebras fechadas:

E o cavalo era negro de azeviche, montado pelo Salvador.

Pronto, às vezes sou assim, uma boneca de querer, de manejar e aprontar para Domingos consagrados.

Apaga a vela por mim, enquanto, do lado de lá, substituo o cavalo de desejos donzelescos por caminhos opacos fustigados pelo vento do Norte, assim como o salvador pelo meu Frankenstein a quem concederias o sopro... para me fazeres as vontades.

Aquele… ai espera…. Mas esse cavalheiro é feito de Um e o meu é Legião.

publicado por Ligeia Noire às 20:20
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30
Jul 12


Put your arms around my neck

just like a pathetic lace of death
displays like a tarot deck
I am the card of the hanged man

and here I stand
with a flame on my hand
do you understand?

If there is hope for me
she is flirting with the breeze
on a peculiar choreography
with the dead arms of some old southern tree

silently, lips sealed against me
silently, want to walk with me?

And it makes you want to know
if in all the stories the
truth is really told

And it makes you want to reborn
and like a snake crawl every warm season
Into a different form

When you can still kill me,
when you can still cure me: cure me.

 


Put your lace around my face
just like a fairytale
through the blank of my closed eyes
you can foresee the rope within

And it makes you want to know
how deep have you truly flown

And it makes you want to ride
through the fake suicide of someone
already dead inside

Still you walk with me, silently

and it makes you want to disclaim
something you had really never learnt

and it makes you want to stay
forever tangled in the pale
arms of some hanged man

Here I stand.

 

To understand.
Violently.

 

I have you with me.

 

Letra de Moonspell/Lyrics by Moonspell


publicado por Ligeia Noire às 12:01
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26
Jun 12


We are damned and we are dead

all god's children to be sent

to our perfect place

in the sun and in the dirt

 

There's a windshield in my heart

we are bugs so smeared and scarred

and could you stop the meat from thinking

before I swallow all of it,

could you please?

 

Put me in the motorcade

put me in the death parade

dress me up and make me

dress me up and make me

your dying god 

 

angel with needles

poked through our eyes

and let the ugly light

of the world in

and we were no longer blind

and we were no longer blind

 

Put me in the motorcade

put me in the death parade

dress me up and make me

dress me up and make me

your dying god


Now we hold the "ugly head"

the Mary-whore is at the bed

They've cast the shadow of our perfect death

in the sun and in the dirt.


A place in the dirt by Marilyn Manson/A place in the dirt dos Marilyn Manson

publicado por Ligeia Noire às 02:04

30
Mai 11


Se bem que tu não tens caracóis mas os teus fios dourados podem ser os mesmos desta bela serenata de que tu tanto gostavas.

Não fiques triste, sabes que sou assim mas hoje é o teu dia, o dia de seres emulada neste espaço de devaneios lisos.

Rapariga de olho azul que tem medo de fantasmas, rapariga de cabelos vastos de trigo.

Rapariga que se assusta e se aborrece porque não sabe estar apaixonada.

Rapariga doce, rapariga que gosta de tunas, cigarros, martíni e azeitonas gordas.

Rapariga que um dia leu o meu caderno de capa preta.

Rapariga, rapariga, tantas estórias, tantas desavenças, tantos abraços, tantas cervejas e vinho do Porto no bar do senhor de barbas e cabelos longos.

Foi nesse sítio jazzistico que apareceu o homem de tranças, o homem de cabelos loiros e mente dispersa.

Vocês riam dele mas na verdade era ele quem se ria de nós.

Lembro-me, com saudade, de vos ver na sacada preparadas para o abalroar com os vasos da vizinha, só porque ele queria fazer-nos sopa à meia-noite.

Há melhor hora para sopa?

Lembro-me do chão de pedra atrás da capela, onde eu e a rapariga-que-tem-nome desafiamos a noite e tu, assustada, dizias ouvir barulhos e vozes.

Claro que eram pessoas, desviados da sociedade que fumavam haxixe e riam alto no apeadeiro.

Não eram mais que pessoas.

Lembras-te de como a noite estava bela?

Cheia de estrelas brancas... claro que não lembras, estavas assustada e querias voltar para o ninho.

A rapariga-que-tem-nome ficou zangada e disse muitas palavras pelo caminho.

Eu, confesso que estava extasiada e também gostava de ir mais longe, mas ficou para outro dia, dia esse que jamais se repetiu.

A capela que não tem boca ou poderia contar muitas estórias, continua lá, o apeadeiro está agora vazio, a rapariga-que-tem-nome está muito longe e tu... vendes sonhos.

Também tenho saudades e, depois de anos volvidos, acontece sempre o mesmo, o passado amacia-se e mistifica-se.

Agora temos todas, sendas diferentes, caminhos compridos e desiguais, talvez um dia a inocência volte.

Todos sabem que esta é a tua.

 

Um dia a areia branca teus pés irá tocar

E vais molhar teus cabelos na água azul do mar

Janelas e portas vão se abrir só para te ver chegar

E ao te sentires em casa sorrindo vais chorar

 

Debaixo dos caracóis dos teus cabelos

Uma história p’ra contar de um mundo tão distante

Debaixo dos caracóis dos teus cabelos um soluço e a vontade

De ficar mais um instante


As luzes e o colorido do que tu vês agora

Nas ruas por onde andas

Na casa onde moras

Tu olhas para tudo e nada te faz ficar contente

E pensas a toda a hora voltar p’ra tua gente

 

Debaixo dos caracóis dos teus cabelos

Uma história para contar de um mundo tão distante

Debaixo dos caracóis dos teus cabelos um soluço e a vontade

De ficar mais um instante 

 

Tu andas só pela tarde e o teu olhar tristonho

Deixa sangrar do peito, uma saudade e um sonho

A areia do mar espera que chegues num sorriso

Pisando a areia branca que é teu paraíso


Debaixo dos caracóis dos teus cabelos

Uma história para contar de um mundo tão distante

Debaixo dos caracóis dos teus cabelos um soluço e a vontade

De ficar mais um instante…


Debaixo dos caracóis dos teus cabelos, versão da Tuna Universitária de Aveiro ao vivo no FITUA 2002. Tema original de Roberto Carlos e Erasmo Carlos.


publicado por Ligeia Noire às 13:32
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13
Abr 11


Come into these arms again

And lay your body down 
The rhythm of this trembling heart
Is beating like a drum 

It beats for you - It bleeds for you
It knows not how it sounds
For it is the drum of drums
It is the song of songs...

Once I had the rarest rose
That ever deigned to bloom.
Cruel winter chilled the bud 
And stole my flower too soon.

Oh loneliness - oh hopelessness
To search the ends of time
For there is in all the world
No greater love than mine.

Love, oh love, oh love... 
Still falls the rain... (still falls the rain) 
Love, oh love, oh, love... 
Still falls the night... 
Love, oh love, oh love...
Be mine forever.... (be mine forever)
Love, oh love, oh love.... 

Let me be the only one 
To keep you from the cold 
Now the floor of heaven's lain
With stars of brightest gold 

They shine for you - they shine for you 
They burn for all to see 
Come into these arms again
And set this spirit free

 

Lyrics by Annie Lennox/Letra de Annie Lennox


Post Scriptum: Conde, Conde, Conde... tenho de te pôr em palavras. Não sei dizer mais nada por agora.

publicado por Ligeia Noire às 16:52
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23
Fev 11


A cesta de medronhos que abona os teus braços e o rio de sangue que corre nos teus cabelos.

Inumo as unhas nas tuas mãos e és o cálice de vinho que derramo na boca.

Ganho-te beijos e sabes como gosto de te toldar os sentidos.

E hoje queria ser violenta e deixar a doença entranhar-se-me na carne mas, eis que chegaste, condensada, e a beleza é o melhor pasto.

Não sejas cândida e tão de porcelana, hoje… desenlaça o viveiro e abre os olhos.

Vem comigo.

Os tempos da santíssima trindade terminaram mas schiuuuuuu isto é um segredo bem pequenino.

Desce as escadas, esta noite vamos aprimorar a decadência.

Vê-los ali?

São tão belos, são assim porque a perfeição lhes nasce da alma.

O chão atapetado de cimento frio e catalítico e eles dançam e dançam, cheios de anestesias diversas.

Os corpos, máquina perfeita, imagino o quão vermelhos estarão os seus corações, os ramos de capilares na pele rendada, os cabelos que tapam os rostos, o passado veio poisar no cenáculo e as oferendas banham-se em cristais de gelo.

Anda comigo, desce as escadas e vamos soltar os cabelos.

Fugir do mundo, hoje a lua abriu-se e os mortos jazem por ela.

Deixa-me encher-te o peito e as veias, deixa-me dar-te liberdade e fazer-te pairar sem embargo.

Hoje tomo conta de ti, hoje estás no altar do mundo e o cenáculo é a tua casa.

Só é possível encontrar e usar este caminho, se o teu corpo se coadunou com o abismo.

Olho-te dentro e estás pronta, estás livre e enquanto a liberdade se encarna de vontade, somos todos nossos e somos todos sozinhos, a celebrar a alienação.

Gosto de deixar estes anjos assim… trazê-los à flor da pele e narcotizar-lhes a realidade para que possam viver uma noite à luz da lua e florescer de braços nus para a música.

O encantamento maior, a delícia mais sublimada e opiácea.

Sorris muito, sorris por entre esse teu cabelo de medronhos e olhos tenros.

Fazes-me bem, inspiro-te completa e danço contigo.

Se é saudável?

Não, não é.

Provavelmente amanhã irás sentir o corpo a fermentar e o céu cinzento vai entrar-te todo de uma vez nos olhos.

As cadeiras onde te sentares e as salas onde tiveres de guardar o corpo irão parecer-te masmorras embebidas de olhos escancarados.

Linhas de gumes afiados irão nascer-te por todo o lado, as bolachas 100% especiais irão dar-te sarna e vontades de lhes escacar os dentes, um a um, irão nascer-te nos dedos... mas ficarás a repousar a seiva que te escorre das unhas e guardá-la-ás nos bolsos.

Não queres assustar os pacotes extra-saborosos que aguardam todos os dias pelo sol mas que se auto-agraciam com a noite, envenenando-a de tédio.

Todos os bichinhos correm da sombra para o sol.

E noites de destruição massiva não podem ser domesticadas e regularizadas.

Não assinas pela tua integridade, nem esperas repetição.

Acontece assim, como um sonho em que apareces nua e rosácea no meio da erva-molar orvalhada, da qual nunca acordas inteira.

Olho para ela e olho para todos e olho para mim e sinto o sangue com pressa de chegar à carótida e cava-me lanhos no peito e sinto-o distender-se imensamente.

As anestesias correm-nos de uma ponta a outra e sinto-me toda.

Dançamos em júbilo e derramamos jóias dos olhos e da boca.

Ela renasce nos meus braços e já não somos pessoas, somos lobos brancos e cinzentos e castanhos e negros e uivamos à deriva.

O mar estende as ondas enroladinhas e quebramos o suor na sua frieza de Inverno.

Damos as mãos e abraçamos os nossos corpos de matilha.

Sei que ao cruzares a hora das bruxas tudo se esvairá da tua memória.

Resta-te o cabelo de sangue e a cesta de medronhos, atravessa a ponte e corre para casa, dorme e prepara a domino para a selva.


publicado por Ligeia Noire às 21:57

08
Dez 09

 

Sentada na cama.

Perdi as horas lá fora e fixei-te com força, podia tentar.

Concebi que existias.

É só o que me apraz.

Amo-te.

Amo-te.

Amo-te.

E não percebo como estas palavras se sentaram na minha boca e fizeram um ninho espesso.

Estarei lívida?

Não existe ninguém.

Mas dói aqui dentro.

Dói muito.

Como se fosses feito de coisas vivas e me quisesses chamar sem barulho.

No entanto afiguro ouvir gritos e salmos desesperados e delapidados de graça.

E não posso fazer nada.

Não tenho os olhos que precisas para que te possa alcançar.

E preciso morrer, morrer, morrer.

Queres morrer comigo?

Dar-me a mão e partir comigo?

Talvez assim me saibas encontrar.

Eu permanecerei deitada, bem quietinha à tua espera.

Já nada me desarma aqui.

Respiro e imagino que existe o meu protector.

Porque hoje eu sou de vidro e todo o resto é neve.

Preciso que me adormeças, preciso que me feches as pálpebras e me apertes contra tudo o que fizer parte de ti.

Contigo posso ficar assim.

Contigo, que só existes na minha cabeça, posso imaginar que para lá deste chão não existe mais nada.

Sinto-me bêbada, sinto-me completamente anestesiada, assim como, se tivesse ópio até aos ossos.

Sinto isto a nadar cá dentro e só quero dizer que te amo.

Eu amo-te.

E no entanto não és.

Não existes.

Não te posso descrever porque às vezes és homem e outras vezes és mulher.

Às vezes tens bocadinhos de coisas que nem sequer sei.

Tinha-me esquecido disto.

Do sentir coisas desiguais.

É extremo porque não é por ti, por ele, por ela, por vivos ou mortos.

Não há altar para oferendas, se não houver a quem consagrar.

Se existisse, seria eu a oferecer-me às minhas mãos.

Não acordei assim.

Eu sei que não acordei assim.

Não sei o que se passa comigo, às vezes, sinto que expludo de nada.

Hoje, se explodisse, daria à luz um lírio branco.

publicado por Ligeia Noire às 00:11
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